Já comentei por aqui que participo de projeto de assistência no centro social do bairro onde moro. Duas colegas e eu compomos o trio de atendimento das terças-feiras.
Ontem finalmente reunimos os requisitos faltantes para propor duas das ações que até agora caíram em nossas mãos. Uma delas é a de separação judicial consensual de um casal que está separado de fato há alguns meses. “Todas as formalidades estão prontas; agora só precisamos das suas assinaturas”, disse, dirigindo-me aos dois, que estavam diante de mim. Mas engoli em seco: “Isto é, se é isso mesmo que vocês querem – não existe a possibilidade de reconciliação?”. Ambos responderam: “Não, tá tudo certo assim”.
A outra ação era de divórcio direto. O casamento, forçado, não dera certo. Tanto ele quanto ela já viviam com outros companheiros e famílias há quarenta anos (!). A pergunta, diante da situação, era até ridícula, mas não pude evitá-la: é isso mesmo que vocês querem? Dois sorrisos dizendo “é óbvio”, duas assinaturas, duas pessoas a menos na sala.
Não pude fugir ao desconforto que senti. Deus não apenas reprova (Mateus 5:32, 1 Coríntios 7:10-11) , mas francamente odeia o divórcio (Malaquias 2:16a). É óbvio que acabaria afogado em angústias se me culpasse por tomar parte nisso. Afinal, no projeto, esses são casos dos mais freqüentes.
Só fiz o que me solicitaram; separar-se ou divorciar-se é uma faculdade que a lei confere às pessoas casadas, em determinados casos. Poderia muito bem me esquivar assim. Mas a lei que me governa, o meu “estatuto pessoal”, é a Lei, que é muito superior a isso que por aqui na Terra se convencionou chamar de lei.
Enfim, estou disposto a fazer de boa-vontade o que me solicitam. Mas, nesses casos, faço contrariado. E não vou deixar de perguntar: é isso mesmo que vocês querem? não existe possibilidade de reconciliação?
Nossa, parece que gosto mesmo de pontos de interrogação nos títulos dos posts! Está na hora de dormir…
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Reconheço que deve ser uma situação estranha a de “oficializar” (ou qualquer termo acadêmico apropriado) um divórcio, mas a “Lei” está baseada no livre arbítrio, permitindo que cada um pratique as ações que desejar, independentemente de papéis assinados ou não. Portanto, concordo contigo: pode-se ficar contrariado, mas não é preciso sentir culpa.
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Acho que a solução está por aí, mesmo, meu amigo. Na verdade, refletindo bem sobre o assunto, a oficialização (palavra que me parece apropriada) de um divórcio ou de uma separação, sendo que a separação já ocorre de fato, não é motivo para ficar encanado ou sentir culpa. Agora, que é incômodo, é…
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bah.. q situação!! :~~
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