Como os textos dos últimos dias foram bem densos, hoje vou pegar mais leve. Ao escrever o texto de ontem, sobre e contra a não conjunção “e/ou”, passei rapidamente por Machado de Assis, para tratar não de “e/ou”, mas de ambiguidade:
A ambiguidade, quando intencional, pode ser linda. É recurso literário. Afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho com Escobar? Não há como saber. Ainda bem.
Se não sabes a que livro faço referência, visita este link e só volta a ler este post depois de ler todo o texto do link. Aliás, só volta a fazer qualquer outra coisa depois de ler todo o texto do link. Por favor.
Quem já leu Dom Casmurro ou outras obras de Machado de Assis está dispensado de clicar no link acima e pode continuar lendo este post (eu deixo), porque já foi convidado a conhecer a beleza da ambiguidade na Literatura e sabe o que eu quero dizer.
Li uma entrevista muito interessante com o professor Berthold Zilly, que fez uma versão em alemão de Memorial de Aires. Ele falou sobre o estilo de Machado de Assis e as dificuldades que impõem ao trabalho do tradutor:
A ambiguidade, a falta de definição […,] é um princípio tanto da visão do mundo como da visão do homem, bem como do estilo, do manejo das palavras e da construção da sintaxe de Machado de Assis. Uma certa falta consciente de definição e clareza. Tudo é um pouco dúbio e vago. Também em termos morais. É difícil saber o que é bom e mau, real e ficção e qual o sentido exato das palavras e frases. […] Traduzir é sempre complicado, e Machado de Assis em especial.
Recomendo a leitura do texto integral da entrevista.
E, claro, também recomendo a leitura de Machado de Assis.