Foi da Leroy Merlin um dos materiais publicitários que recebi na minha caixa de correio na primeira semana da minha campanha individual contra publicidade indesejada. Ao visitar o site e a fan page da loja no Facebook, vi que há uma ênfase forte na sustentabilidade.
Fiquei intrigado. Como conciliar o enfoque na sustentabilidade (que pressupõe a redução do desperdício e da geração de resíduos) com a panfletagem (uma estratégia de marketing baseada na distribuição de papéis, com inevitáveis desperdício e geração de resíduos)?
Fiquei tão intrigado que tive de perguntar, num comentário a um post com a hashtag #sustentabilidade na fan page da loja no Facebook:
Olá! Observo que um dos enfoques da Leroy Merlin é a sustentabilidade. Em minha caixa de correio, tenho um adesivo que indica claramente: “Não desejo receber material publicitário.” Mesmo assim, contra minha vontade expressa, recebi um folheto impresso da Leroy Merlin. Independentemente do desrespeito à minha vontade como consumidor, gostaria que alguém me explicasse como a Leroy Merlin concilia o enfoque na sustentabilidade com a panfletagem.
Claro que eu não esperava resposta. Mas ela veio:
Olá, Martin. Pedimos desculpas pelo ocorrido. Iremos encaminhar seu relato aos responsáveis para que o ocorrido não se repita. Por gentileza, informe via mensagem privada um telefone de contato para que possamos prestar-lhe os devidos esclarecimentos.
Como eu contava até com a possibilidade de minha mensagem ser apagada da fan page, receber uma resposta tão cordial e tão bem-escrita foi uma agradável surpresa. Já na primeira frase: Olá, vírgula do vocativo, Martin. A emoção fez meu coração bater mais rápido.
Sim, eu me encanto com escritos bem-escritos, mas não a ponto de me fazer perder atenção ao conteúdo. Se eu não estou disposto a receber material publicitário na minha caixa de correio, tampouco quero voluntariar meu precioso número de telefone a uma loja.
Depois de uma saudação e de uma breve referência às trocas anteriores de mensagens, respondi o seguinte, por mensagem privada:
Gostaria de agradecer seu retorno cordial e rápido. Não costumo enviar meu número de telefone para contatos dessa natureza, mas gostaria muito de receber por escrito, em resposta a esta mensagem, os esclarecimentos solicitados.
Não quero que me telefonem para me persuadir da possibilidade de conciliar sustentabilidade com panfletagem. Prefiro memoriais a sustentação oral. Veio a resposta:
Certo, Martin. Por favor, informe um e-mail de contato para que possamos lhe enviar os devidos esclarecimentos.
Primeiro, pede meu telefone; depois, meu e-mail. Eu quero esclarecimentos sobre como a loja pretende conciliar sustentabilidade com panfletagem, mas não quero ser incluído em um cadastro e vir a receber mais publicidade indesejada – que, afinal, foi o problema que deu início a toda essa história! Respondi:
Olá! Preferiria que os esclarecimentos fossem por mensagem, aqui mesmo no Facebook. A intenção de obter minhas informações de contato (telefone ou e-mail) me dá a impressão de que a Leroy Merlin quer não apenas prestar os esclarecimentos solicitados, mas também incluir meu nome em um cadastro – o que eu não desejo que ocorra, deixo claro desde já. De qualquer forma, posso, sim, oferecer um e-mail de contato, desde que não seja usado para fins de cadastro: […]+leroymerlin[arroba]gmail.com. Muito obrigado! Fico no aguardo.
No gmail, se meu endereço é fulaninho[arroba]gmail.com, recebo qualquer e-mail enviado para fulaninho+qualquercoisa[arroba]gmail.com, porque o gmail simplesmente ignora a expressão “+qualquercoisa” e encaminha a mensagem a fulaninho[arroba]gmail.com.
Assim, se a Leroy Merlin usar o endereço que lhe dei (com o +leroymerlin), e se eu passar a receber e-mails de terceiros endereçados a esse mesmo endereço, terei fortes indícios de que a Leroy Merlin terá cadastrado meu e-mail (contra a minha vontade) e, pior ainda, vendido a terceiros esse cadastro.
Mas isso, claro, é excesso de zelo meu, simplesmente porque sei que há empresários que fazem isso. Não afirmo que a Leroy Merlin o faça. Aliás, espero que não o faça. E, na resposta, pareceu demonstrar que realmente não fará:
Olá, Martin. Solicitamos o seu contato apenas para esclarecimentos referente ao ocorrido, de qualquer forma, agradecemos pelas informações prestadas e em breve lhe contataremos.
Respondi, enfim, ontem:
Nesse caso, ótimo! Estou ansioso por receber o contato. Obrigado!
Meu atendimento pelo responsável pela fan page da loja foi educado e profissional, mesmo diante das minha evidente desconfiança. Recebi um pedido de desculpa pelo ocorrido e duas promessas: a de que não ocorrerá novamente e a de que me serão enviados por e-mail os esclarecimentos que solicitei. Estou mesmo ansioso por recebê-los!
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