Meu fevereiro na Alemanha foi bastante intensivo em trabalho, tempo com a família e viagens.
Na primeira quinzena, trabalhei num artigo sobre direito e política internacionais do investimento estrangeiro. Esse artigo precisa ainda receber os comentários e a aprovação dos meus orientadores – meu professor na NYU e minha supervisora no IISD – e então ser entregue ao Institute for International Law and Justice da NYU, do qual recebi bolsa para o estágio em Genebra. Terminada a primeira versão do artigo, comecei a trabalhar como consultor em dois projetos do IISD.
Essas atividades principais, desenvolvidas em dias de semana ao longo do mês, foram permeadas por momentos em família – com meus pais, irmã, cunha e os sobrinhos gêmeos Isabel e Felipe, nascidos em julho de 2010. As sessões de “babação do dindo Guri” foram numerosas e deliciosas. Os gêmeos retribuiram a atenção aprendendo em minha homenagem sua primeira palavra, um diminutivo do meu apelido: Gu.
Além disso, em alguns passeios de meio-turno e em todos os fins de semana de fevereiro viajei bastante pela Alemanha para resolver assuntos burocráticos e visitar amigos aqui, lá e acolá. Alguns amigos eu não via desde 2008, quando fiz o estágio no Secretariado das Nações Unidas para o Clima, em Bonn. Mas antes de contar sobre os passeios… dois acontecimentos inusitados.
* Inusitado I *
Na tarde do dia 14/02, estava eu trabalhando na sala da casa da minha irmã em Untershausen quando tive a experiência de meu primeiro terremoto! Foi um tremor de 4,4 graus na escala Richter, seguido de dois tremores secundários (algum tempo depois). Não houve danos, felizmente – foi só um susto emocionante!
* * Inusitado número II * *
Na noite de 15/02. estava eu de banho tomado, de pijama, sentado na sala do apartamento dos meus pais em Isselbach, trabalhando enquanto esperava por eles. Tocou a campainha. Achei que eram meus pais, mas era uma enfermeira, que não apenas chegou, mas chegou chegando: quando vi ela estava no meio da sala. Tinha vindo com urgência para atender minha esposa (?) doente.
No meu alemão limitado, tive que explicar a ela que só podia ser um engano e que ela tinha o endereço errado. Ela foi embora pedindo desculpas e eu fiquei por aí – para cuidar da minha esposa (!), o que eu só consegui fazer quando parei de rir, uns 15 minutos mais tarde.
Contei o acontecido num curto update no facebook e recebi vários comentários dando continuidade à história – minha irmã Lu desejando melhoras à cunhada; a amiga Jen fingindo ser minha esposa e reclamando de eu ter mandado a enfermeira embora; a amiga Évelyn sugerindo que eu levasse a minha esposa para um passeio de recuperação na Bavária… No dia seguinte, postei no facebook fotos da viagem com minha esposa ao Castelo de Neuschwanstein, na Bavária – mas resolvi parar, porque a coisa estava ficando fora de controle.
* * * Passeios * * *
Agora sim, aos passeios! A agenda foi intensa, então o relato vai ser resumido, com algumas fotos, só para dar um gostinho. Outras fotos selecionadas estão no meu álbum Deutschland Februar 2011.
Diez (02/02): Visitei com meus pais o Schloss Oranienstein, um castelo barroco construído pela princesa holandesa Albertine Agnes.

Schloss Oranienstein
Frankfurt (03-05/02): Fui ao Consulado Americano para fazer um reconhecimento de firma (burocracias para o NY bar!) e aproveitei para visitar um casal de amigos uruguayos – Magui e Diego.

Remando a Frankfurt

Almoço (Flammkuchen) com Magui
Heidelberg (06/02): Com meus pais, fui a um concerto da orquestra e do coro da Universidade de Heidelberg, em comemoração aos 625 anos da universidade: uma sinfonia de Schubert e uma missa de Bruckner.

Concerto na Stadthalle Heidelberg
Bonn (11/02): Recordando os bons tempos do meu estágio no Secretariado das Nações Unidas para a Mudança do Clima, fui a Bonn. Passeei pelo centro antigo, comprei coisinhas para meus sobrinhos na Bouvier (minha livraria preferida na cidade!), comprei também umas partituras de flauta para mim… e terminei com um almoço num restaurante grego, com Maria e Elsa, que trabalham no secretariado.

Beethovenstadt Bonn
Colônia (Köln) (11-12/02): Ainda na sexta-feira 11 à noite, encontrei-me com a Barbara, ex-colega de estágio no secretariado, e fomos a Colônia, onde ela mora. Depois da janta chegou o Tobias, namorado dela, e ficamos os três colocando os papos em dia por hoooras. No fim da noite, antes de pegar o trem de volta pra casa, fui para a outra margem do Reno para tirar fotos noturnas da cidade.

Catedral (Dom) e Hohenzollernbrücke

Cologne – vista da cidade antiga
Braunfels (17/02): Meus pais e eu passamos a manhã em Braunfels, onde há um grande número de casas em estilo enxaimel (em alemão, Fachwerk). Também fizemos uma visita guiada ao castelo, que, tal como Oranienstein, também pertence à nobreza holandesa.

Enxaimel em Braunfels

Schloss Braunfels
Colônia (Köln) revisitada (18/02): Fui de novo a Colônia para passar o dia com o amigo Lev, ex-colega da NYU. Entre outros passeios, subimos ao alto de uma das torres da catedral (157 m)! (Só pra lembrar: escadas, ok – na Idade Média não faziam torres com elevador.) Trata-se da maior catedral gótica do norte da Europa (a segunda maior é York Minster, que visitei em 2007). As torres são as segundas mais altas torres de igreja em todo o mundo, perdendo apenas para a da Catedral de Ulm (161 m), que eu subi com meu cunhado em 2001… antes que a era da fotografia digital começasse pra nós!
Depois do passeio com o Lev, encontrei Barbara e Tobias de novo para irmos juntos a um tradicional show de carnaval chamado Immisitzung. As piadas culturais e o pesadíssimo sotaque kölsch (ou seja, da região de Colônia) atrapalharam minha compreensão, mas no contexto até que entendi bastante! O tema da festa é a diversidade cultural de Colônia e, por isso, os convidados são incentivados a fantasiar-se de acordo. Por sugestão da Barbara, fui como teuto-brasileiro – mas não digo mais nada sobre minha fantasia. Fotos no álbum online.

Vista de Colônia do alto da catedral

Com o Lev na frente da catedral
Düsseldorf (19/02): Ir dormir às 3:30 da manhã depois da Immisitzung (!) não me impediu de acordar às 7:30 para pegar um trem a Düsseldorf, onde visitei o amigo Jens, que conheci na Argentina em 2008. Muita conversa para pôr em dia, claro, e muitos passeios pela bela cidade, que visitei pela primeira vez! Além de visitarmos um centro cultural japonês (Düsseldorf tem a maior colônia japonesa na Alemanha), fizemos uma caminhada sugerida pelo centro da cidade, procurando pistas para resolver uma charada… foi bem divertido!

Com o Jens no jardim japonês EKO-Haus (templo budista ao fundo)

Wallstraße – ou, como foi na semana da fusão das bolsas alemã e nova-iorquina, o título alternativo da foto é: “Dois nova-iorquinos observam o novo nome de Wall Street, em frente ao seu Starbucks preferido.”

Casa com relógio e sinos na Marktstraße
Koblenz (24/02): Para comemorar o aniversário da minha mãe, fomos comer sushi no nosso restaurante preferido aqui da área, em Koblenz.

Görresplatz, Koblenz
Descontando as idas e vindas entre Isselbach (onde moram meus pais) e Untershausen (onde moram irmã, cunha e sobrinhos), essas – ufa! – foram minhas superviagens pela Alemanha em fevereiro.
Para ter uma ideia aproximada da distância percorrida, coloquei os itinerários todos no Google Maps – de Isselbach a cada um dos destinos e de volta a Isselbach, somando… 1.226 km!
Ver ampliação
Claro que eu não podia terminar o post sem fazer menção ao meu meio de transporte mais usado (e preferido): InterCity Express (ICE) o trem de alta velocidade (até 300 km/h) da Deutsche Bahn, rede ferroviária alemã. Na volta de Düsseldorf, pouco depois que a tela do trem chegou a marcar 274 km/h, registrei na foto:

Voltando pra casa de ICE a 266 km/h!
Curtir isso:
Curtir Carregando...