Neste post a Expedição 2015 atravessa o Danúbio para mudar de ares e mostrar um pouco de Buda, especialmente o bairro Víziváros (“cidade da água”), o distrito do Castelo de Buda e o morro Gellért. É possível ver todos esses lugares ao longo de um dia de caminhada intensa. Porém, para ir com calma a outras atrações de visitação mais demorada (por exemplo, a Galeria Nacional Húngara, que fica dentro do Castelo de Buda), um dia certamente não é suficiente.
Víziváros
Chegamos a Buda de metrô (linha M2), descendo na estação da praça Batthyány tér. Dali vale a pena descer às margens do Danúbio para ter a melhor vista geral do Parlamento Húngaro, que fica diretamente à frente, do outro lado do rio (a foto ficou no post sobre o Parlamento). Na Batthyány tér, chamam a atenção o Mercado construído entre 1900 e 1902 – hoje ocupado por um supermercado, um banco e outras lojas – e a Igreja de Santa Ana, um lindo monumento barroco, construído por padres jesuítas entre 1740 e 1762.
O Mercado da Batthyány tér
Torres da Igreja de Santa Ana
Seguindo ao sul pela Fő utca, a rua principal do Víziváros, logo se chega aos fundos da Igreja Calvinista, construída de 1893 a 1896. Foi a primeira igreja reformada em Buda. Chamam a atenção sua torre de 62 metros de altura, a mais alta do lado Buda, e os desenhos multicoloridos dos telhados, feitos de cerâmica Zsolnay. (Outros exemplares do uso dessa cerâmica virão… neste post e em outros!) Nos fundos da igreja, perto da Fő utca, fica uma estátua de Samu Pecz, o arquiteto da Igreja Calvinista – e também de outros importantes prédios de Budapeste, como o Grande Mercado da Fővám Square
Igreja Calvinista de Buda
Estátua de Samu Pecz
No encontro da Fő utca com a Lánchíd (Ponte de Correntes), fica a entrada imponente do túnel de 350 metros que corta o Morro do Castelo; foi construído entre 1853 e 1857, pelo engenheiro Adam Clark, que também construiu a Ponte de Correntes. A praça à frente do túnel é o centro oficial de Budapeste, a partir de onde são calculadas as distâncias rodoviárias.
A entrada do túnel
Distrito do Castelo de Buda
É possível ir a pé ou de ônibus até o alto do morro do Castelo de Buda, mas há também um meio mais turístico e cênico: o funicular (Budavári Sikló). A partir da praça Adam Clark (bem ao lado da entrada do túnel), o funicular percorre uma distância de 95 metros para subir os 51 metros de altura do morro. Foi inaugurado em 1870, mas foi destruído durante a Segunda Guerra; só foi reinaugurado em 1986.
A subida é rápida; o trem percorre 1.5 metro por segundo. Mais demorada é a espera na fila de quem não comprou ingresso antecipado! Enquanto se espera, pode-se ver no muro de contenção à esquerda uma pintura do brasão do Reino da Hungria pintada em 1880.

Esperando na fila do funicular

Brasão do Reino da Hungria
À medida que o funicular sobe, vai surgindo a bela vista que se tem do lado Peste, com destaque à Ponte de Correntes, ao Palácio Gresham (é o edifício Art Nouveau que fica bem de frente para a ponte; hoje abriga um hotel Four Seasons) e, um pouco mais ao fundo, a Basílica. E se subindo de funicular a vista já é linda, do alto do morro fica ainda melhor…
Peste, vista do funicular
Parlamento da Hungria, visto do alto do Morro do Castelo de Buda
Detalhe do Palácio Gresham, em Peste, visto de Buda
Visão panorâmica de Peste; à esquerda, o Parlamento; ao centro, a Ponte de Correntes
Dando as costas à bela vista de Peste, à direita se vê a fachada do Palácio Sándor (Sándor Palota), edifício neoclássico construído em 1806. Serviu originalmente como residência oficial do primeiro ministro até a Segunda Guerra, quando foi muito danificado. Hoje, restaurado, é a residência oficial do Presidente da Hungria (nas guaritas, guardas presidenciais à postos).
À esquerda há um portão ornamental, com escadarias que levam ao pátio do Palácio Real. Para nossa sorte, ali estava acontecendo uma festival de música e dança, com delícias húngaras à venda: sucos, geleias, pastéis, doces, marzipan…
Fachada do Palácio Sándor

O portão ornamental
O pátio do Palácio Real

Delícias húngaras!

Chás e diversos tipos de marzipan
No Palácio Real funcionam o Museu de História de Budapeste, a Galeria Nacional Húngara e a Biblioteca Nacional Széchenyi – atrações que não chegamos a visitar… é preciso mais tempo! Apenas caminhamos pela parte externa, desbravando os pátios do Palácio Real.
Fachada do Palácio Real, na entrada da Galeria Nacional Húngara, com destaque à cúpula neoclássica
Um dos destaques do pátio ocidental do Palácio Real é a Fonte Mátyás. Foi construída em 1904 e representa o Rei Mátyás Corvinus (bem no alto) em uma caçada, durante a qual se apaixonou por Szép Ilonka, também retratada na fonte.

Fonte Mátyás

Detalhe da Fonte Mátyás
Portão dos Leões, que leva a um pátio interno do palácio

No pátio interno
Saindo da área do Palácio Real rumo à parte histórica da cidade de Buda, ao lado do Palácio Sándor fica o Teatro da Corte de Buda (Várszínház), o primeiro teatro de Budapeste. O prédio foi construído como igreja e monastério carmelitas em 1763, mas convertido em teatro em 1787. Na parede, uma lembrança de que Beethoven deu um concerto ali em 7 de maio de 1800.
Ao longo da Uri urca ficam, lado a lado, casa que outrora pertenceram a aristocratas. Em muitas delas há um portão central que leva a um amplo pátio interno.
O grande destaque do centro histórico de Buda é, sem dúvida, a Igreja de Mátyás. Embora dedicada à Nossa Senhora, a igreja é conhecida pelo nome do Rei Mátyás Corvinus.
A igreja passou por diversas fases arquitetônicas. Foi originalmente construída em estilo românico no século X, pelo Rei Santo Estêvão, fundador da Hungria. Não há resquícios arqueológicos dessa construção original, destruída pelos mongóis em 1241. Foi reconstruída entre os séculos XIII e XV em estilo gótico tardio. Quando convertida em mesquita pelos turcos, em 1541, perdeu muitos dos detalhes. No final do século XVII tentou-se reconstrui-la em estilo barroco. Mas foi no final do século XIX que a igreja ganhou o atual estilo neo-gótico, por obra do arquiteto Frigyes Schulek. Muito danificada durante a Segunda Guerra, foi restaurada de 1950 a 1970 e de 2006 a 2013.
A igreja abriga o Museu de Arte Eclesiástica, com muitas relíquias.
Igreja Mátyás

Detalhes das coloridas cerâmicas Zsolnay nos telhados da igreja

Portal principal da igreja
Interior da Igreja Mátyás
Interior da Igreja Mátyás

Vitrais do século XIX, de Frigyes Schulek, Bertalan Székely e Károly Lotz
Interior da Igreja Mátyás
Nave principal da Igreja Mátyás
Tumba do Rei Béla III e Anne de Châtillon
Se a Basílica tem a destra mumificada de Santo Estêvão, a Igreja Mátyás tem o pé direito mumificado de São János
Estátua da Imperatriz Sissi no interior da Igreja Mátyás
Também obra do arquiteto Frigyes Schulek (que restaurou a Igreja Mátyás ao estilo atual no final do século XIX) é o Bastião dos Pescadores (Halászbástya), um terraço (para fins estéticos, não de defesa) em estilo neo-românico e neo-gótico construído em 1895. Em frente ao bastião fica uma estátua equestre do Rei Santo Estêvão. Do bastião também se têm ótimas vistas de Peste, especialmente do Parlamento – com a Igreja Calvinista “atrapalhando” a vista.
Bastião dos Pescadores
Parlamento da Hungria (com a torre da Igreja Calvinista na frente!)

Réplica de um baixo relevo do século XV do Rei Mátyás
Torre barroca da Igreja de Santa Maria Madalena
A última atração sobre a qual comento da cidade antiga de Buda é imperdível Hospital na Rocha (Sziklakórház). Abaixo do morro do Castelo de Buda há um sistema natural de 10 Km de cavernas, formadas depois da era glacial. Desde a Idade Média, essas cavernas vinham sendo usadas pelos residentes (por exemplo, como excelentes adegas naturais). Porém, com a eclosão da Segunda Guerra, o governo resolveu dar-lhes nova utilização. Interligou as cavernas existentes e construiu um hospital de emergência para ataques aéreos, que funcionou de 1939 a 1945. Depois disso, até 1948, o local funcionou para a produção de vacinas. Em 1956, voltou a ser hospital, em meio à revolução que ocorria em Budapeste. De 1958 a 1962 foi ampliado e reconstruído no espírito da Guerra Fria, para funcionar como hospital e… bunker nuclear! O site oficial conta mais sobre a história do Hospital na Rocha.
Dentro dos corredores (de certa forma macabros) do hospital nas cavernas, há mobília e instrumentos cirúrgicos da época, bonecos de cera em reconstruções de cenas comuns do hospital, uma sirene de bunker que os visitantes podem ativar… e mais umas surpresas.
Quando eu disse que é imperdível, eu quis dizer que é imperdível, ok?
Entrada do Hospital na Rocha (dentro não é permitida a fotografia)
Morro Gellért
Como se a caminhada pela cidade antiga de Buda não tivesse sido suficiente, seguimos para um passeio mais esportivo: subir os 140 metros do Morro Gellért, para contemplar as mais amplas vistas de Budapeste.
Começamos a subida bem perto da Ponte Isabel (Erzsébet hid), pertinho dos banhos termais Rudas. A primeira parada para descanso (e foto) foi junto à estátua de São Gellért, que abençoa a cidade, levantando uma cruz.
Por fim, seguimos ao alto do morro, onde fica o Monumento à Libertação (Szabadság Szobor). A estátua de bronze tem 14 metros de altura e fica no alto de um pedestal de 26 metros. Foi erguida em 1947 para relembrar a liberação soviética da Hungria durante a Segunda Guerra. Por causa da sua posição privilegiada, pode ser vista de muitas partes da cidade; o formato sugestivo fez com que se tornasse conhecida como o “abridor de garrafa”.

Ponte Isabel (Erzsébet hid) e Peste, ao fundo
À esquerda, o Castelo de Buda; à direita, ao fundo, vê-se a cúpula do Parlamento, em Peste
Estátua de São Gellért
O Monumento à Libertação
Monumento à Libertação, do alto do pedestal

Uma das estátuas laterais representa a luta contra o mal

Vista panorâmica de Budapeste, do alto do Morro Gellért
Superzoom sobre a Basílica de Santo Estêvão (96 m) a Budapest Eye (roda gigante de 65 m de altura)