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Dia (intenso) em Buda

Neste post a Expedição 2015 atravessa o Danúbio para mudar de ares e mostrar um pouco de Buda, especialmente o bairro Víziváros (“cidade da água”), o distrito do Castelo de Buda e o morro Gellért. É possível ver todos esses lugares ao longo de um dia de caminhada intensa. Porém, para ir com calma a outras atrações de visitação mais demorada (por exemplo, a Galeria Nacional Húngara, que fica dentro do Castelo de Buda), um dia certamente não é suficiente.

Víziváros

Chegamos a Buda de metrô (linha M2), descendo na estação da praça Batthyány tér. Dali vale a pena descer às margens do Danúbio para ter a melhor vista geral do Parlamento Húngaro, que fica diretamente à frente, do outro lado do rio (a foto ficou no post sobre o Parlamento). Na Batthyány tér, chamam a atenção o Mercado construído entre 1900 e 1902 – hoje ocupado por um supermercado, um banco e outras lojas – e a Igreja de Santa Ana, um lindo monumento barroco, construído por padres jesuítas entre 1740 e 1762.

O Mercado da Batthyány tér

Torres da Igreja de Santa Ana

Seguindo ao sul pela Fő utca, a rua principal do Víziváros, logo se chega aos fundos da Igreja Calvinista, construída de 1893 a 1896. Foi a primeira igreja reformada em Buda. Chamam a atenção sua torre de 62 metros de altura, a mais alta do lado Buda, e os desenhos multicoloridos dos telhados, feitos de cerâmica Zsolnay. (Outros exemplares do uso dessa cerâmica virão… neste post e em outros!) Nos fundos da igreja, perto da Fő utca, fica uma estátua de Samu Pecz, o arquiteto da Igreja Calvinista – e também de outros importantes prédios de Budapeste, como o Grande Mercado da Fővám Square

Igreja Calvinista de Buda

Estátua de Samu Pecz

No encontro da Fő utca com a Lánchíd (Ponte de Correntes), fica a entrada imponente do túnel de 350 metros que corta o Morro do Castelo; foi construído entre 1853 e 1857, pelo engenheiro Adam Clark, que também construiu a Ponte de Correntes. A praça à frente do túnel é o centro oficial de Budapeste, a partir de onde são calculadas as distâncias rodoviárias.

A entrada do túnel

Distrito do Castelo de Buda

É possível ir a pé ou de ônibus até o alto do morro do Castelo de Buda, mas há também um meio mais turístico e cênico: o funicular (Budavári Sikló). A partir da praça Adam Clark (bem ao lado da entrada do túnel), o funicular percorre uma distância de 95 metros para subir os 51 metros de altura do morro. Foi inaugurado em 1870, mas foi destruído durante a Segunda Guerra; só foi reinaugurado em 1986.

A subida é rápida; o trem percorre 1.5 metro por segundo. Mais demorada é a espera na fila de quem não comprou ingresso antecipado! Enquanto se espera, pode-se ver no muro de contenção à esquerda uma pintura do brasão do Reino da Hungria pintada em 1880.

Esperando na fila do funicular

Brasão do Reino da Hungria

À medida que o funicular sobe, vai surgindo a bela vista que se tem do lado Peste, com destaque à Ponte de Correntes, ao Palácio Gresham (é o edifício Art Nouveau que fica bem de frente para a ponte; hoje abriga um hotel Four Seasons) e, um pouco mais ao fundo, a Basílica. E se subindo de funicular a vista já é linda, do alto do morro fica ainda melhor…

Peste, vista do funicular

Parlamento da Hungria, visto do alto do Morro do Castelo de Buda

Detalhe do Palácio Gresham, em Peste, visto de Buda

Visão panorâmica de Peste; à esquerda, o Parlamento; ao centro, a Ponte de Correntes

Dando as costas à bela vista de Peste, à direita se vê a fachada do Palácio Sándor (Sándor Palota), edifício neoclássico construído em 1806. Serviu originalmente como residência oficial do primeiro ministro até a Segunda Guerra, quando foi muito danificado. Hoje, restaurado, é a residência oficial do Presidente da Hungria (nas guaritas, guardas presidenciais à postos).

À esquerda há um portão ornamental, com escadarias que levam ao pátio do Palácio Real. Para nossa sorte, ali estava acontecendo uma festival de música e dança, com delícias húngaras à venda: sucos, geleias, pastéis, doces, marzipan…

Fachada do Palácio Sándor

O portão ornamental

O pátio do Palácio Real

Delícias húngaras!

Chás e diversos tipos de marzipan

No Palácio Real funcionam o Museu de História de Budapeste, a Galeria Nacional Húngara e a Biblioteca Nacional Széchenyi – atrações que não chegamos a visitar… é preciso mais tempo! Apenas caminhamos pela parte externa, desbravando os pátios do Palácio Real.

Fachada do Palácio Real, na entrada da Galeria Nacional Húngara, com destaque à cúpula neoclássica

Um dos destaques do pátio ocidental do Palácio Real é a Fonte Mátyás. Foi construída em 1904 e representa o Rei Mátyás Corvinus (bem no alto) em uma caçada, durante a qual se apaixonou por Szép Ilonka, também retratada na fonte.

Fonte Mátyás

Detalhe da Fonte Mátyás

Portão dos Leões, que leva a um pátio interno do palácio

No pátio interno

Saindo da área do Palácio Real rumo à parte histórica da cidade de Buda, ao lado do Palácio Sándor fica o Teatro da Corte de Buda (Várszínház), o primeiro teatro de Budapeste. O prédio foi construído como igreja e monastério carmelitas em 1763, mas convertido em teatro em 1787. Na parede, uma lembrança de que Beethoven deu um concerto ali em 7 de maio de 1800.

Ao longo da Uri urca ficam, lado a lado, casa que outrora pertenceram a aristocratas. Em muitas delas há um portão central que leva a um amplo pátio interno.

O grande destaque do centro histórico de Buda é, sem dúvida, a Igreja de Mátyás. Embora dedicada à Nossa Senhora, a igreja é conhecida pelo nome do Rei Mátyás Corvinus.

A igreja passou por diversas fases arquitetônicas. Foi originalmente construída em estilo românico no século X, pelo Rei Santo Estêvão, fundador da Hungria. Não há resquícios arqueológicos dessa construção original, destruída pelos mongóis em 1241. Foi reconstruída entre os séculos XIII e XV em estilo gótico tardio. Quando convertida em mesquita pelos turcos,  em 1541, perdeu muitos dos detalhes. No final do século XVII tentou-se reconstrui-la em estilo barroco. Mas foi no final do século XIX que a igreja ganhou o atual estilo neo-gótico, por obra do arquiteto Frigyes Schulek. Muito danificada durante a Segunda Guerra, foi restaurada de 1950 a 1970 e de 2006 a 2013.

A igreja abriga o Museu de Arte Eclesiástica, com muitas relíquias.

Igreja Mátyás

Detalhes das coloridas cerâmicas Zsolnay nos telhados da igreja

Portal principal da igreja

Interior da Igreja Mátyás

Interior da Igreja Mátyás

Vitrais do século XIX, de Frigyes Schulek, Bertalan Székely e Károly Lotz

Interior da Igreja Mátyás

Nave principal da Igreja Mátyás

Tumba do Rei Béla III e Anne de Châtillon

Se a Basílica tem a destra mumificada de Santo Estêvão, a Igreja Mátyás tem o pé direito mumificado de São János

Estátua da Imperatriz Sissi no interior da Igreja Mátyás

Também obra do arquiteto Frigyes Schulek (que restaurou a Igreja Mátyás ao estilo atual no final do século XIX) é o Bastião dos Pescadores (Halászbástya), um terraço (para fins estéticos, não de defesa) em estilo neo-românico e neo-gótico construído em 1895. Em frente ao bastião fica uma estátua equestre do Rei Santo Estêvão. Do bastião também se têm ótimas vistas de Peste, especialmente do Parlamento – com a Igreja Calvinista “atrapalhando” a vista.

Bastião dos Pescadores

Parlamento da Hungria (com a torre da Igreja Calvinista na frente!)

Réplica de um baixo relevo do século XV do Rei Mátyás

Torre barroca da Igreja de Santa Maria Madalena

A última atração sobre a qual comento da cidade antiga de Buda é imperdível Hospital na Rocha (Sziklakórház). Abaixo do morro do Castelo de Buda há um sistema natural de 10 Km de cavernas, formadas depois da era glacial. Desde a Idade Média, essas cavernas vinham sendo usadas pelos residentes (por exemplo, como excelentes adegas naturais). Porém, com a eclosão da Segunda Guerra, o governo resolveu dar-lhes nova utilização. Interligou as cavernas existentes e construiu um hospital de emergência para ataques aéreos, que funcionou de 1939 a 1945. Depois disso, até 1948, o local funcionou para a produção de vacinas. Em 1956, voltou a ser hospital, em meio à revolução que ocorria em Budapeste. De 1958 a 1962 foi ampliado e reconstruído no espírito da Guerra Fria, para funcionar como hospital e… bunker nuclear! O site oficial conta mais sobre a história do Hospital na Rocha.

Dentro dos corredores (de certa forma macabros) do hospital nas cavernas, há mobília e instrumentos cirúrgicos da época, bonecos de cera em reconstruções de cenas comuns do hospital, uma sirene de bunker que os visitantes podem ativar… e mais umas surpresas.

Quando eu disse que é imperdível, eu quis dizer que é imperdível, ok?

Entrada do Hospital na Rocha (dentro não é permitida a fotografia)

Morro Gellért

Como se a caminhada pela cidade antiga de Buda não tivesse sido suficiente, seguimos para um passeio mais esportivo: subir os 140 metros do Morro Gellért, para contemplar as mais amplas vistas de Budapeste.

Começamos a subida bem perto da Ponte Isabel (Erzsébet hid), pertinho dos banhos termais Rudas. A primeira parada para descanso (e foto) foi junto à estátua de São Gellért, que abençoa a cidade, levantando uma cruz.

Por fim, seguimos ao alto do morro, onde fica o Monumento à Libertação (Szabadság Szobor). A estátua de bronze tem 14 metros de altura e fica no alto de um pedestal de 26 metros. Foi erguida em 1947 para relembrar a liberação soviética da Hungria durante a Segunda Guerra. Por causa da sua posição privilegiada, pode ser vista de muitas partes da cidade; o formato sugestivo fez com que se tornasse conhecida como o “abridor de garrafa”.

Ponte Isabel (Erzsébet hid) e Peste, ao fundo

À esquerda, o Castelo de Buda; à direita, ao fundo, vê-se a cúpula do Parlamento, em Peste

Estátua de São Gellért

O Monumento à Libertação

Monumento à Libertação, do alto do pedestal

Uma das estátuas laterais representa a luta contra o mal

Vista panorâmica de Budapeste, do alto do Morro Gellért

Superzoom sobre a Basílica de Santo Estêvão (96 m) a Budapest Eye (roda gigante de 65 m de altura)

Caminhada pela Andrássy até o Parque da Cidade

A Avenida Andrássy (Andrássy út) está para Budapeste assim como a Champs-Élysées está para Paris: é a mais cara e elegante avenida da capital húngara.

A avenida de 2,5 Km foi construída entre 1872 e 1885, ligando o centro ao Parque da Cidade, para as comemorações do milênio da Hungria, em 1896. Ao longo da Andrássy foi surgindo um conjunto de palácios ecléticos de inspiração Neo-Renascentista, construídos por importantes arquitetos para receber residências e estabelecimentos comerciais da alta sociedade da época.

Na parte mais próxima ao Danúbio, ficam cafés, teatros e butiques de luxo; na parte mais próxima ao Parque dos Heróis (Hősök tere) e ao Parque da Cidade (Városliget), ficam belas residências e embaixadas. Ao longo da Andrássy ficam a Ópera e também a Praça Liszt (Liszt Ferenc tér), que será objeto de outro post especial.

Quando ficou pronta, a Andrássy foi considerada uma obra-prima de planejamento urbano, e até o transporte coletivo era proibido. Por isso em 1893 se começou a construir sob a avenida a primeira linha de trens subterrâneos da europa continental: o Metrô do Milênio. Foi inaugurado em 1896, por Franz Joseph e Sissi, e continua em uso; é a linha M1 ou amarela.

A UNESCO reconheceu a Andrássy como um símbolo do desenvolvimento de Budapeste como uma metrópole moderna, transformando a estrutura urbana de Peste. Em 2002, a avenida foi inscrita como Patrimônio Mundial, juntamente com o Distrito do Castelo de Buda, as margens do Danúbio, o Parlamento e as ruínas da cidade romana de Aquincum, inscritos em 1987.

O nome da avenida foi uma homenagem ao Conde Gyula Andrássy, estadista húngaro que no século XIX foi Primeiro Ministro da Hungria e Ministro das Relações Exteriores do Império Austro-Húngaro. É uma figura histórica tão importante para os húngaros que ganhou uma estátua equestre num local privilegiado: ao lado do Parlamento da Hungria.

Estátua equestre de Gyula Andrássy e, ao fundo, o lado sul do Parlamento

Bem no início da Andrássy está o Palácio Foncière, construído em 1882 para a subsidiária de uma seguradora belga. Hoje a estátua de Hermes continua lá, mas atrás dele havia uma cúpula, destruída durante a Segunda Guerra.

Parte superior do Palácio Foncière

Chamam a atenção no lado sul da avenida as estátuas na entrada de dois prédios: na loja do Empório Armani, dois guris; na loja da Gucci, duas gurias.

Os guris de Armani

As gurias de Gucci

No lado norte fica o Museu da Casa do Terror (Terror Háza Múzeum) (mapa e site oficial), com exposições e memoriais sobre as ocupações nazista e soviética.

Prédio do Museu da Casa do Terror

Também no lado norte fica o edifício da Universidade Húngara de Belas Artes (mapa e site oficial). A fachada superior está coberta de decoração em sgrafitto.

Detalhe da fachada da Universidade de Belas Artes

A Andrássy culmina na Praça dos Heróis (Hősök tere), que se vê de longe. O monumento também foi construído para comemorar o milênio da Hungria. Nos semi-círculos das laterais há estátuas de líderes húngaros, com estátuas equestres dos símbolos de guerra e paz, trabalho e bem-estar, conhecimento e glória. No alto da coluna coríntia de 36 metros de altura há uma estátua do Arcanjo Gabriel, que segura com a mão direita a coroa de Santo Estêvão e, com a esquerda, uma cruz dobrada. No centro da praça há o Monumento ao Soldado Desconhecido.

A Praça dos Heróis

No lado sul da Praça dos Heróis, fica o Palácio das Artes (Műcsarnok) (mapa e site oficial), com exposições de arte e design. No lado norte, fica ao Museu de Belas Artes (Szépművészeti Múzeum) (mapa e site oficial).

O Palácio das Artes

No Parque da Cidade, atrás da Praça dos Heróis, do Palácio das Artes e do rinque de patinação, fica o Castelo Vajdahunyad (mapa e site oficial). Parece mais antigo, mas foi construído em 1896 para as comemorações do milênio da Hungria. Originalmente era uma construção temporária, de madeira e papelão, apenas para as festividades, mas foi reconstruído em tijolo e pedra no início do século XX. As diferentes partes do castelo relembram os diferentes estilos que marcam a evolução arquitetônica da Hungria: Românico, Gótico, Renascentista e Barroco.

Entrada do castelo

Detalhes medievais góticos do castelo

Mais detalhes góticos

Réplica de Jaki Kapolna, a Capela de Jak, em estilo Românico, já com traços góticos; é a parte do castelo com o estilo mais antigo, dos séculos XI a XIII

O palácio com os estilos mais recentes (séculos XVI a XVIII) representa uma mescla dos estilos Renascentista e Barroco

Também no Parque da Cidade ficam as termas de Széchenyi.

Edifício Neo-Barroco das termas de Széchenyi

Esses são só alguns exemplos dos muitos lugares para ver e visitar ao longo da Andrássy. Uma caminhada pelos seus 2,5 Km é imperdível para quem visita Budapeste. Aqui e ali há caminhadas sugeridas para turistas, com informações interessantes.

Caminhada única em Limburg

Como comentei num dos últimos textos, em 2013 passei a Páscoa com a família na Alemanha. Antes que chegue a Páscoa de 2014 (faltam dois meses!), vou contar da última.

Não foram férias, propriamente. Férias, no meu caso, costumam ser aquele tempo que eu reservo, não para descansar, mas para me cansar ainda mais, fazendo caminhadas de 20 quilômetros por dia (como em Montevidéu) ou turismo intensivo (como na Índia).

O diferente da Páscoa na Alemanha foi que eu descansei. Fiquei em casa com meus pais, minha irmã, meu cunhado e, principalmente, meus sobrinhos (de então quase três anos; hoje, quase quatro). Brincamos de Lego e de carrinho e de boneca e de avião e de tanta coisa mais que nem me lembro — a imaginação deles está sempre a mil.

Houve um dia — um só dia, em duas semanas — em que não resisti ao turista inquieto que há em mim e fui caminhar pela cidade e fazer algumas fotos. Limburg an der Lahn é uma cidade pequena (cerca de 33.000 habitantes) e bastante antiga (as primeiras menções a ela datam do ano 800), às margens do rio Lahn. No centro antigo, a presença das construções em enxaimel é marcante.

Kornmarkt, ou Mercado de Cereais

Mais casas em enxaimel

Dizeres em letras góticas: “Esta casa está nas mãos de Deus…”

Alte Lahnbrücke, ou Antiga Ponte do Lahn, construída em 1306; por aqui passava a Via Publica, uma estrada que, na Idade Média, ligava importantes cidades, como Bruxelas (Bélgica), Colônia (Alemanha), Frankfurt (Alemanha) e Praga (Boêmia, República Tcheca) 

Parte interna do Limburger Schloss, o castelo de Limburg

A Catedral de São Jorge (Sankt-Georgs-Dom ou Georgsdom) fica bem no alto de uma rocha às margens do rio Lahn e domina a vista da cidade; foi inaugurada em 1235

Nave central da Catedral

Calçadão no centro da cidade, com destaque à Prefeitura (Rathaus), construída em 1899

Findi 13–14 de novembro

Sábado dia 13 acordei decidido a passear, mas sem a mínima ideia de que passeio fazer. Tinha que ser “outdoors”, pra aproveitar o lindo dia. “Quem sabe o teleférico que sobe ate o Salève, a montanha que fica ‘atrás de casa, ali na França’?” Entrei no site do teleférico e, para meu alívio e ao mesmo tempo para minha maior urgência ainda em sair de casa, vi que era o último findi de funcionamento do teleférico, antes de fechar durante o inverno!


Guri no Salève


Genève vista do alto do Salève


Destaque para o Jet d’Eau


Os Alpes


Descendo de teleférico


Le Salève

Depois de descer da montanha, dei uma caminhada por Troinex. Em particular, visitei o centro (um microcentro), onde tem o salão comunitário, a mairie (prefeitura), a praça da prefeitura e… não muito mais que isso. Mas é bonitinho – Troinex, c’est joli.


Troinex-Mairie


Troinex-Mairie


Ali eu moro! Ao fundo, o Salève

No domingo encontrei Noriko e Valériane, duas amigas do mestrado. Nós três fomos colegas na aula de Solução de Controversias na Organização Mundial do Comércio, passamos no bar exam de Nova Iorque e estamos trabalhando na Suíça!


Em frente ao relógio florido


Em frente ao Jet d’Eau

Por fim, para matar tempo antes de irmos ao culto, a Noriko e eu fomos à orla do lago para tirar fotos noturnas, coisa que fazia tempo eu queria fazer. (Quem acompanha o blog ou o picasaweb do Guri sabe que tenho uma quedinha por fotografia noturna de longa exposição…)


Jet d’Eau iluminado


Geneva skyline! 😛


Rolex, Patek Philippe, Cathédrale Saint-Pierre

Outra história daquelas

Daquelas tipo esta.

Um assunto sobre o qual não comentei muito (ou pelo menos não de forma sistemática) aqui no blog foi o bar exam – o exame de ordem do estado de Nova Iorque. No post aquele das 4.000 palavras eu comentei que, depois da minha formatura no mestrado, em meados de maio, tive miniférias e logo comecei o curso preparatório para o exame, no barbri. No início de junho, contei um pouco sobre a minha árdua rotina de preparação, que não mudou muito até o fim de julho, exceto no período em que fui para San Antonio visitar mana e cunha.

Quem acompanhou o blog na época vai se lembrar (e quem não acompanhou vai ficar sabendo agora): os meses de barbri, junho e julho, foram de posts curtos e poucos. Em geral, postei só pra compartilhar alguns de meus olhares fotográficos para a cidade de Nova Iorque, às vezes combinados com momentos esparsos de inspiração literária aleatória e incontrolável. Até que em agosto finalmente voltei à postância normal, mesmo antes de fazer a última prova relacionada ao bar exam – a de responsabilidade profissional.

Vale lembrar meu posicionamento oficial sobre a prova:

[…] não tenho nenhuma base para saber como fui – e nem quero ficar pensando a respeito, porque os resultados só saem daqui a alguns meses (nem estarei mais em Nova Iorque quando saírem). O que posso dizer de consciência limpa é que fiz o meu melhor considerando as circunstâncias. E seja o que Deus quiser [e digo isso da forma mais sincera possível – nada de “força de expressão”].

E então eu parei de pensar nisso. Aproveitei muito bem aproveitados meus últimos dois meses morando em Nova Iorque, e depois vim pra Genebra. Muitas transições. A vida aqui é bem diferente da vida lá. Outros projetos, outras coisas pra me manter ocupado. A ideia era mesmo nem ter muitas esperanças, e deixei isso bem claro para todos com quem falei sobre esse assunto. Claro que muitos amigos seguiram insistindo que tinham certeza de que eu tinha passado… o que, embora não seja mal-intencionado, não ajuda muito; só me coloca ainda mais na responsa, na necessidade (autoimposta) de sempre mostrar bons resultados e de corresponder às expectativas do mundo ao meu redor.

Como já expliquei no meu posicionamento oficial, fiz o meu melhor na prova. Passar seria ótimo, mas não passar não seria o fim do mundo – talvez apenas um sinal de que Papai do Céu não quisesse que eu fosse um big-shot New York lawyer (difícil traduzir isso!). Cheguei a dizer isso pra alguns amigos aqui e ali.

Aliás, saindo do escritório ao final do expediente na minha primeira sexta-feira de trabalho no IISD aqui em Genebra, a Jocelyn, uma colega de trabalho, perguntou sobre a prova da ordem (eu já tinha comentado que tinha feito a prova). Então eu expliquei essa minha postura – nas palavras que usei no parágrafo anterior, mesmo. Pra minha total surpresa, ela respondeu, “bom, se já colocaste essa questão diante do Senhor, talvez Ele possa mesmo responder dessa forma.” E foi assim que, na minha primeira interação com alguém do trabalho fora do ambiente de trabalho, ainda novo na cidade e sem igreja e sem amigos, descobri uma colega de trabalho cristã, e aparentemente a única do escritório. Coincidência?

Até que chegou novembro e comecei a pensar, “o resultado do exame de ordem deve sair em breve.” Semana passada comecei a olhar o site… todos os dias, na esperança de encontrar a lista de aprovados. Mas nada. Chegou um e-mail do barbri, dizendo que os resultados só sairiam a partir da semana que vem. E me determinei, “pronto, não adianta ficar olhando o site freneticamente; o negócio é ter paciência.”

É interessante como determinar-se não significa absolutamente nada. Semana passada, um dia sonhei que tinha olhado a lista e meu nome estava lá. Outro dia, também semana passada, sonhei que tinha olhado a lista e meu nome não estava lá. Sim: na semana passada, sonhei duas vezes com a lista dos aprovados. Por mais que não quisesse me importar com o resultado (“passar seria ótimo, mas não passar não seria o fim do mundo”), a simples determinação de não me importar com o resultado era um sinal de que já estava me importando.

Foi bem isso que me disse a Jocelyn no intervalo de almoço de sexta-feira. Eu tinha contado a ela que a história do bar exam vinha me atormentando… e que eu não queria mais me importar. Mais, ela enfatizou bastante o que eu já sabia: tinha apenas que deixar de lado essa preocupação e confiar em Deus. Pronto. Claro que eu já sabia disso. Mas é tão difícil pôr em prática… Os amigos cristãos  às vezes ajudam simplesmente nisso – lembrando o que já sabemos sobre Deus, mas que às vezes é difícil de aplicar no dia-a-dia. Ótimo. Mais uma vez, eu disse a Deus, “tá contigo… quero paz; não quero mais pensar nesse exame.”

Sábado acordei superdisposto e fui passear. Peguei um bonde até o Palais de Nations (sede das Nações Unidas aqui), de onde caminhei até o Jardim Botânico. De lá, caminhei na Pérola do Lago (um parque) e atravessei de barco até o outro lado do lago, em Genève Plage. Voltei pra casa, fiz um almocinho básico, e à tarde fui até a Piscine de Pervenches, em Carouge: fui nadar, o que não fazia desde abril, quando ainda tinha acesso ao centro esportivo da NYU. Comprei um passe para toda a temporada; pretendo ir regularmente! Cãimbras à parte (normal, depois de tanto tempo!), a primeira vez foi ótima. Eu amo natação. Ria sozinho no vestiário, me preparando pra entrar na piscina. “Não acredito – eu vou nadar!” Haha… Espero que ninguém tenha notado minha felicidade boba. Voltei pra casa a pé. O dia foi lindo – chegou a fazer 19 graus! E em nenhum momento do dia pensei no exame.


Jardim Botânico de Genebra


Jardim Botânico


Pérola do Lago, parque em Genebra.
Não parece a Pérola da Lagoa, São Lourenço do Sul? 😉


Ainda na Pérola do Lago


Cisne no Lago de Genebra


Mont Blanc


Jato d’Água


Jato d’Água e o Salève


Catedral e Jato d’Água


Jato d’Água e cisnes


Jato d’Água e arco-íris

Finalmente vim para o computador colocar os e-mails em dia. Também estava determinado a telefonar para alguns amigos de Nova Iorque (telefonemas pelo Google Voice para os EUA são de graça até o fim do ano – fica aqui a dica!). Então vi que tinha um e-mail do comitê de examinadores da ordem dos advogados de Nova Iorque na minha caixa de entrada. Não podia ser. Eu tinha olhado pela última vez o site da ordem na sexta-feira à noite e o resultado não tinha saído; no sábado é que não teria sido publicado! Mas tinha a diferença de horário… será? Não podia ser. Mas aí entrei no facebook e vi várias atualizações dos meus amigos, anunciando que tinham passado… Não podia ser. Mas era: tinha saído o resultado do exame de ordem.

Aí, o que se faz? Entra-se na caixa de entrada e abre-se o e-mail do comitê de examinadores, certo? Não. Surta-se primeiro. Catei minha prima Carol no Google Talk. “Carol, acontece o seguinte…”, e expliquei a história, acrescentando, “não quero abrir o e-mail. Tô com medo.” Acho que se não fosse a Carol me ordenar que abrisse o e-mail imediatamente (hahaha!), até agora estaria aqui, esperando… sei lá exatamente pelo quê. E então eu abri o e-mail. Diz assim:

The New York State Board of Law Examiners congratulates you on passing the New York State bar examination held on July 27-28, 2010.

Passei. No e-mail, o comitê me dá os parabéns. Só tenho a agradecer a Deus por tudo… pelo meu intelecto, sim, mas principalmente pela capacitação e pela paz de espírito que Ele me concedeu, desde o tempo de barbri, passando pelos os dias de prova, até a publicação do resultado (apesar do momento “low” da última semana). Também sou muito grato a minha família e aos meus amigos (no Brasil e em Nova Iorque), por torcer e orar por mim, e especialmente por me aturar (ou aturar minha ausência) durante os meses estressantes de estudos. O que essa aprovação significa em termos práticos eu ainda não sei; isso também está nas mãos de Deus. A única certeza, por enquanto, é que uma porta segue aberta. 🙂

Dois dias em Boston

Dias 15 e 16 de setembro (e lá vou eu de novo, tentar colocar o blog do Guri em dia!), passei dois dias em Boston, Charlestown e Cambridge. Muito satisfeito com meu passeio na Filadélfia, resolvi comprar um guia turístico da mesma coleção, o Boston Day by Day, da Frommer’s. Fiquei hospedado na casa da prima do cunha James, em Malden, pouco ao norte de Boston.

Boston é uma cidade de muitos encantos, desde o clima mais agradável (o outono estava longe de Nova Iorque, mas em Boston já fazia 10 graus Celsius de manhã cedo) até a arquitetura antiga e as calçadas de tijolos vermelhos. Resumindo os melhores momentos do passeio:

  1. O observatório da Prudential Tower, que é o segundo edifício mais alto de Boston e do estado de Massachusetts, oferece vistas espetaculares da cidade, a 50 andares de altura;
  2. O passeio de DUKW (ou “duck” = pato), um veículo anfíbio da Segunda Guerra adaptado para turistas, pelas ruas de Boston e pelo Charles River;
  3. A caminhada de Back Bay (bairro onde fica a Prudential Tower), que antes fazia parte do leito do Charles River, até o Boston Common, passando pelo Public Garden (parques);
  4. Seguir o Freedom Trail (Rota da Liberdade), que passa por diversos marcos históricos de Boston e Charlestown;
  5. No segundo dia, a visita guiada pelo campus da Universidade Harvard, em Cambridge. Dica: a visita é grátis e guiada por estudantes do Harvard College, que contam sobre a história da universidade e a vida no campus;
  6. A caminhada pelo Back Bay Fens (ou The Fens), um parque projetado por Frederick Law Olmsted, mesmo criador do Central Park e do Prospect Park de Nova Iorque. Dica: vale a pena passar pelo jardim de rosas de The Fens;
  7. A caminhada ladeiras acima e abaixo em Beacon Hill, bairro de classe alta, com construções antigas de tijolos vermelhos.

A escultura “Quest Eternal”, de Donald De Lue, me fez lembrar direto do Rocket Thrower, do mesmo escultor, no Flushing Meadows-Corona Park. Em segundo plano, o Prudential Tower.

Boston vista do alto dos 50 andares do Prudential Tower

Copley Square, onde ficam a Biblioteca Pública e a Trinity Church

Church of Christ Scientist e Symphony Hall

Back Bey Fens

Campus do MIT, em Cambridge, do lado de lá do Charles River

Marlborough Street, uma rua residencial tranquila em Back Bay

Public Garden

Public Garden

Cheers, o bar que inspirou a série de TV de mesmo nome

Boston Common

Freedom Trail: Massachusetts State House

Freedom Trail: Old State House

Freedom Trail: Faneuil Hall

Freedom Trail: USS Constitution, em Charlestown

Boston skyline, vista de dentro do USS Constitution

Detalhe do USS Constitution

Freedom Trail: Monumento Bunker Hill, em Charlestown

Boston City Hall

Entardecer em Boston; vista de Cambridge

Dia 2: chegada no campus de Harvard, em Cambridge

Harvard Memorial Hall

Interior do Memorial Hall

Em frente ao Langell Hall, Faculdade de Direito de Harvard

Arquitetura típica da Brattle Street, em Cambridge

Outra casa em Brattle Street, Cambridge

Vista do Charles River em Cambridge

Museu de Belas Artes

Jardim de rosas nos Back Bay Fens

Louisburg Square, em Beacon Hill, bairro de classe alta

East River à noite

Hoje caminhei do Empire State até o East River pela 34th St, e depois ao longo do rio até o Battery Park pelo East River Greenway.

Manhattan Bridge

Manhattan Bridge

FDR Drive e Manhattan Bridge

Brooklyn Bridge (Manhattan Bridge ao fundo)

Queensboro Bridge e Manhattan skyline; vista de Roosevelt Island

Manhattan, Williamsburg, Ground Zero

As longas caminhadas por Nova Iorque estão fazendo sucesso! Da última delas, ontem, além de mim e do Naoki também participaram os amigos Kyle e Ryan. Saímos de Chinatown, atravessando a Manhattan Bridge até o Brooklyn, e voltando para Manhattan pela Williamsburg Bridge (umas 5 milhas = 8 Km). De lá ainda seguimos, Naoki e eu apenas, para o Battery Park, para fotografar o Tribute in Light, as luzes memoriais do 11 de setembro.

Arco da Manhattan Bridge

Brooklyn Bridge, vista da Manhattan Bridge

FDR drive e o skyline do Financial District;
vista da Manhattan Bridge

Uma das torres da Manhattan Bridge

Casa com carrinho bizarro no Brookyln

Eu também amo queijo!

Manhattan vista do Brookyln;
entrando na Williamsburg Bridge

Mais Manhattan skyline

Ground Zero; World Financial Center ao fundo

Ground Zero; luzes das Torres Gêmeas

Onde as luzes terminam

À esquerda, o 1 World Trade Center (anteriormente Freedom Tower; felizmente abandonaram esse nome!), ainda em construção. Será o prédio mais alto das Américas, com 1362 pés de altura (a mesma que tinha a torre gêmea sul). A altura total, com a agulha, é simbólica: 1776 pés = 541 metros (1776 foi o ano da independência dos Estados Unidos). Ao fundo, o prédio com com luzes rosa e verde é o Woolworth Building, um dos mais antigos arranha-céus de Nova Iorque (241 m); foi o mais alto do mundo de 1913, quando a construção foi concluída, até 1930, quando o Chrysler ficou pronto. A câmera caiu no meio da longa exposição (!), mas acabei gostando do efeito de movimento.

Onde as luzes começam: um estacionamento em Battery Park City! Subimos até lá. Não tinha pote de ouro. Tinha um evento particular, do qual fomos gentilmente expulsos.

The Sphere, escultura de Fritz Koenig que ficava entre as torres gêmeas. Sobreviveu (embora não intacta) ao 11 de setembro e está agora no Battery Park. Cada uma das bandeiras em torno do monumento, expostas ali apenas durante a semana do 11 de setembro, tem os nomes das vítimas dos ataques terroristas.

Labor Day 2010

Segunda-feira, feriado do Dia do Trabalho aqui, meu amigo Naoki e eu fizemos mais uma longa caminhada por Nova Iorque. Saindo de Midtown East, atravessamos a ponte Queensboro até Long Island City. De lá, fomos ao Parque Corona-Flushing Meadows, que recebeu duas Expos e foi a primeira sede das Nações Unidas antes da construção do complexo atual em Midtown. O destino final foi Main Street, Flushing, onde fica a segunda maior Chinatown de Nova Iorque. A distância total percorrida (com ziguezagues) foi de umas 10 milhas (16 Km). Na volta, fomos de metrô a Astoria, para visitar uma amiga que se mudou para lá há poucas semanas.

Vista da Queensboro Bridge: Roosevelt Island à esquerda do East River;
Long Island City, Queens, à direita

Calvary Cemetery… enorme!

The Unisphere (altura de 12 andares e 300 toneladas de aço),
no Flushing Meadows-Corona Park

Ruínas do New York State Pavilion,
construído para a Expo de 1964-1965

Rocket Thrower

Jardins perto do U.S. Open

Main Street, Flushing, e um dos caminhões de sorvete
que nos perseguiram com sua musiquinha enervante

Em Astoria: Hell Gate Bridge (novo nome: Martin Bridge) no primeiro plano;
Triboro Bridge ao fundo

De Roosevelt Island ao Prospect Park

Sexta-feira fiz mais uma longa caminhada por Nova Iorque, passando por três boroughs. Distância total percorrida: cerca de 16 Km (10 milhas). O trajeto que eu fiz foi mais ou menos este. O ponto de partida foi Main Street, Roosevelt Island (minha rua!). Atravessei a Ponte Roosevelt Island, entrando assim no em Long Island City, Queens.

Eu moro num desses prédios marrons feiosos 🙂

Caminhei por algumas áreas bem industriais de Long Island City, o que não foi lá tão cênico. O que valeu a pena, mesmo, foi passar pelo Queensbridge Park e pelo Gantry Plaza State Park.

Sede das Nações Unidas e o Chrysler, vista do Gantry Plaza

Atravessei a Ponte Pulaski (do Queens para o Brooklyn). O primeiro bairro é Greenpoint, tradicionalmente polonês; depois vem Williamsburg, onde hoje há muitos artistas. A parte sul de Williamsburg é um reduto judeu ortodoxo. Vi muitas pessoas com vestimentas tradicionais judaicas, além de muitas placas em hebraico.

Vista para Manhattan da Ponte Pulaski

Ônibus escolar em Williamsburg

Sinagoga em Williamsburg

Na parte final da caminhada, passei por Clinton Hill e Prospect Heights para chegar ao destino final: Prospect Park.


Casas em Prospect Heights, Brooklyn

Arco dos Soldados e Marinheiros

Entrada principal do Prospect Park

Prospect Park

Baseball no Prospect Park

Prédios na Prospect Park West, Park Slope, Brooklyn