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Caminhada pela Andrássy até o Parque da Cidade

A Avenida Andrássy (Andrássy út) está para Budapeste assim como a Champs-Élysées está para Paris: é a mais cara e elegante avenida da capital húngara.

A avenida de 2,5 Km foi construída entre 1872 e 1885, ligando o centro ao Parque da Cidade, para as comemorações do milênio da Hungria, em 1896. Ao longo da Andrássy foi surgindo um conjunto de palácios ecléticos de inspiração Neo-Renascentista, construídos por importantes arquitetos para receber residências e estabelecimentos comerciais da alta sociedade da época.

Na parte mais próxima ao Danúbio, ficam cafés, teatros e butiques de luxo; na parte mais próxima ao Parque dos Heróis (Hősök tere) e ao Parque da Cidade (Városliget), ficam belas residências e embaixadas. Ao longo da Andrássy ficam a Ópera e também a Praça Liszt (Liszt Ferenc tér), que será objeto de outro post especial.

Quando ficou pronta, a Andrássy foi considerada uma obra-prima de planejamento urbano, e até o transporte coletivo era proibido. Por isso em 1893 se começou a construir sob a avenida a primeira linha de trens subterrâneos da europa continental: o Metrô do Milênio. Foi inaugurado em 1896, por Franz Joseph e Sissi, e continua em uso; é a linha M1 ou amarela.

A UNESCO reconheceu a Andrássy como um símbolo do desenvolvimento de Budapeste como uma metrópole moderna, transformando a estrutura urbana de Peste. Em 2002, a avenida foi inscrita como Patrimônio Mundial, juntamente com o Distrito do Castelo de Buda, as margens do Danúbio, o Parlamento e as ruínas da cidade romana de Aquincum, inscritos em 1987.

O nome da avenida foi uma homenagem ao Conde Gyula Andrássy, estadista húngaro que no século XIX foi Primeiro Ministro da Hungria e Ministro das Relações Exteriores do Império Austro-Húngaro. É uma figura histórica tão importante para os húngaros que ganhou uma estátua equestre num local privilegiado: ao lado do Parlamento da Hungria.

Estátua equestre de Gyula Andrássy e, ao fundo, o lado sul do Parlamento

Bem no início da Andrássy está o Palácio Foncière, construído em 1882 para a subsidiária de uma seguradora belga. Hoje a estátua de Hermes continua lá, mas atrás dele havia uma cúpula, destruída durante a Segunda Guerra.

Parte superior do Palácio Foncière

Chamam a atenção no lado sul da avenida as estátuas na entrada de dois prédios: na loja do Empório Armani, dois guris; na loja da Gucci, duas gurias.

Os guris de Armani

As gurias de Gucci

No lado norte fica o Museu da Casa do Terror (Terror Háza Múzeum) (mapa e site oficial), com exposições e memoriais sobre as ocupações nazista e soviética.

Prédio do Museu da Casa do Terror

Também no lado norte fica o edifício da Universidade Húngara de Belas Artes (mapa e site oficial). A fachada superior está coberta de decoração em sgrafitto.

Detalhe da fachada da Universidade de Belas Artes

A Andrássy culmina na Praça dos Heróis (Hősök tere), que se vê de longe. O monumento também foi construído para comemorar o milênio da Hungria. Nos semi-círculos das laterais há estátuas de líderes húngaros, com estátuas equestres dos símbolos de guerra e paz, trabalho e bem-estar, conhecimento e glória. No alto da coluna coríntia de 36 metros de altura há uma estátua do Arcanjo Gabriel, que segura com a mão direita a coroa de Santo Estêvão e, com a esquerda, uma cruz dobrada. No centro da praça há o Monumento ao Soldado Desconhecido.

A Praça dos Heróis

No lado sul da Praça dos Heróis, fica o Palácio das Artes (Műcsarnok) (mapa e site oficial), com exposições de arte e design. No lado norte, fica ao Museu de Belas Artes (Szépművészeti Múzeum) (mapa e site oficial).

O Palácio das Artes

No Parque da Cidade, atrás da Praça dos Heróis, do Palácio das Artes e do rinque de patinação, fica o Castelo Vajdahunyad (mapa e site oficial). Parece mais antigo, mas foi construído em 1896 para as comemorações do milênio da Hungria. Originalmente era uma construção temporária, de madeira e papelão, apenas para as festividades, mas foi reconstruído em tijolo e pedra no início do século XX. As diferentes partes do castelo relembram os diferentes estilos que marcam a evolução arquitetônica da Hungria: Românico, Gótico, Renascentista e Barroco.

Entrada do castelo

Detalhes medievais góticos do castelo

Mais detalhes góticos

Réplica de Jaki Kapolna, a Capela de Jak, em estilo Românico, já com traços góticos; é a parte do castelo com o estilo mais antigo, dos séculos XI a XIII

O palácio com os estilos mais recentes (séculos XVI a XVIII) representa uma mescla dos estilos Renascentista e Barroco

Também no Parque da Cidade ficam as termas de Széchenyi.

Edifício Neo-Barroco das termas de Széchenyi

Esses são só alguns exemplos dos muitos lugares para ver e visitar ao longo da Andrássy. Uma caminhada pelos seus 2,5 Km é imperdível para quem visita Budapeste. Aqui e ali há caminhadas sugeridas para turistas, com informações interessantes.

Sábado em Berna

Quando escrevi sobre a semana em Genebra, escondi o jogo sobre a atividade de sábado, porque ela mereceu um post todo seu, com muitas fotos! Na companhia do amigo Atul, finalmente fui conhecer Berna. Depois de morar em Genebra por quatro meses e passar algumas vezes pela Suíça, nunca tinha visitado a capital do país! Não vou dizer que um dia seja suficiente, mas já dá pra ver bastante. Berna é uma cidade pequena, perfeita para caminhar.

O passeio começou pela viagem de trem de Genebra até lá, sábado de manhã não-tão-cedinho (porque ninguém e de ferro). Apesar da neblina, as montanhas e o lago nos brindaram com algumas vistas lindas, como esta – perto de Lausanne, pouco antes do trem se afastar do lago:

Ao chegarmos à estação de trem de Berna, a Valériane – colega minha e do Atul dos tempos de NYU – já nos esperava para nos abraçar na plataforma. Isso é que é hospitalidade! Fomos caminhando (e colocando as conversas de quase cinco anos em dia) rumo ao Rio Aare. Dali se vê o lado sul da Bundeshaus, o Palácio Federal da Suíça, onde funciona o parlamento:

O restaurante para o qual a Valériane nos convidou, à margem do rio, é o Schwellenmätteli (tenta pronunciar que é divertido!). Lá nossa anfitriã não conseguia parar de rir (de alegria, ela disse, mas provavelmente também um pouco de vergonha alheia) das minhas extravagâncias suíças. Rivella é um refrigerante à base de soro de leite; está para os suíços mais ou menos o que o guaraná está para os brasileiros nostálgicos no exterior. Depois do almoço… café? Claro que não: Ovomaltine, também tipicamente suíço. Tudo isso, pontualmente, conforme meu relógio Swiss made.

A Valériane não pôde continuar conosco à tarde, então seguimos Atul e eu para o turismo intensivo! Seguimos caminhando à beira do Aare até o Parque dos Ursos, símbolo da cidade.

Um urso pousou para foto, mas não parecia muito feliz :/

Visto o Parque dos Ursos, fomos ao Altes Tramdepot, o antigo terminal de bondes. Ali há um centro de informações turísticas, onde assistimos a um vídeo sobre Berna – história e atrações. Há também um restaurante (muito bom, segundo a dica da minha irmã).

Além disso, é um lugar estratégico para começar a visita à Cidade Antiga de Berna – inscrita na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO em 1983. Dali, é só atravessar a ponte (Nydeggbrücke) sobre o Rio Aare para chegar à rua principal (Gerechtigkeitsgasse) da Cidade Antiga.

Na Gerechtigkeitsgasse (assim como em muitas outras ruas da Cidade Antiga), as calçadas ficam ao abrigo dos prédios que, lado a lado, formam um longo corredor de galerias. No centro da rua há diversas fontes, muitas com esculturas e outras formas decorativas.

Sobre a Nydeggbrücke

As galerias de Berna

Uma das fontes na Gerechtigkeitsgasse

Uma parada ao longo da Gerechtigkeitsgasse fizemos na Einstein-Haus, a casa onde o genial matemático, físico e músico (opa? sim! e tantas outras coisas mais…) Albert Einstein morou de 1902 a 1909. Nesse período, ele publicou 32 trabalhos científicos. Em 1905, conhecido como o annus mirabilis (ano maravilhoso) no campo da Física, aos 26 aninhos (!) ele publicou quatro artigos, dois dos quais estão entre seus mais importantes trabalhos: a Teoria Especial da Relatividade e a descoberta do efeito fotoelétrico, que rendeu a ele o Prêmio Nobel em Física em 1921. Como o próprio Einstein reconheceu, “aqueles foram bons tempos, os anos em Berna”.

De longe já se vê que a Gerechtigkeitsgasse leva à torre Zytglogge, outro símbolo de Berna. Foi construída no início do século XIII e no século XV ganhou um relógio astronômico.

Zytglogge

Zytglogge – detalhe do relógio astronômico

Desviando para uma rua lateral, fomos ver Berner Münster, a catedral de Berna, construída de 1421 a 1893 em estilo gótico tardio.

Berner Münster

Detalhe da porta principal da catedral

É possível subir por escadas a torre de 100,6 metros de altura…

E eu, obviamente, não resisti ao desafio!

Vale a pena, um pouco pelo exercício físico e bastante pelas vistas que se tem da cidade – a oeste:

A leste:

E, ao sul, os Alpes Bernenses:

Detalhe de uma sacada, vista da catedral

Do alto se vê bem o corredor de galerias nas calçadas

Destaque para a rua principal, a torre Zytglogge e, mais ao fundo, a Torre da Prisão

Berner Münster, vista da praça da catedral, à beira do rio Aare

Pouco antes de começar a escurecer, passeamos por volta da Bundeshaus. Do parque que fica no lado sul, com um terraço debruçado sobre o rio, uma bela vista para os Alpes Bernenses:

Fachada sul do Bundeshaus

Em busca de um restaurante para jantar, mais algumas descobertas arquitetônicas interessantes…

Uma caminhada tranquila pelas ruas igualmente tranquilas… (porque às 18h tudo na Suíça fecha e as pessoas começam a se recolher em suas casas!)

Deu tempo até de uma rápida viagem ao passado:

Para não perder o gosto pelas fotos noturnas, a fachada norte da Bundeshaus:

Curia Confoederationis Helveticae – a fachada norte da Bundeshaus

Antes de voltar a Genebra, nada mais suíço que jantar fondue, com vinho da casa. Para o Atul, foi o primeiro; para mim, sei lá, o enésimo – mas sempre gosto! A foto foi para a Valériane, que, mesmo sem poder vir jantar conosco, pelo menos poderia se divertir com nossas turistices. 😀