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Catedral de Sal de Zipaquirá, Colômbia: expectativas superadas!

No terceiro e último da série de posts sobre a viagem à Colômbia, conto um pouco sobre o passeio à pequena cidade de Zipaquirá, 50 Km ao norte de Bogotá. Lá fica a Catedral de Sal (mapa, site oficial), primera maravilla de Colombia, projetada dentro de uma mina de sal, a 190 metros de profundidade. No início tivemos dúvidas se valia a pena nos aventurarmos fora de Bogotá, mas as dúvidas se dissiparam logo que chegamos — foi uma experiência única!

Não é uma visita para claustrofóbicos. Necessariamente com guia, entra-se na parte desativada da mina por um túnel, com um sutil declive. Ao longo de 386 metros e com 13 metros de altura estão dispostas as 14 estações da Via Crucis, a representação do caminho feito por Jesus Cristo desde seu julgamento, passando pela crucificação, até a sepultura. Cada estação fica junto a um dos enormes socavões abertos na montanha para extrair sal.

Tudo ao redor, por incrível que pareça, é sal. Para tirar a dúvida, basta lamber a parede. Não confirmarei se o fiz ou não. Tampouco negarei.

Seguem algumas fotos das impressionantes estações da Via Crucis:

Iēsus Nazarēnus, Rēx Iūdaeōrum = Jesus Nazareno, Rei dos Judeus

Essa do gurizinho contemplando a cruz vazada é minha preferida 🙂

A última estação da Via Crucis é a do túmulo vazio!

Ao fim das estações da Via Crucis chega-se ao Coro, do alto da nave central da Catedral.

Vista do Coro

Nave central, vista do Coro

Em homenagem aos mineiros, algumas ferramentas de trabalho em exibição

As escadas, com ar de labirinto, representam caminhos pelos quais os cristãos deveriam passar, como penitência, para ter acesso à Catedral.

Nave Central tem 80 metros de comprimento e 10 metros de largura. Nela foram talhadas quatro grandes colunas (sem função estrutural) que representam os quatro Evangelhos. De lá também se vê a imensa cruz do altar, que, embora não pareça, é vazada; uma bela ilusão de ótica! No centro da Nave Central há o medalhão da criação, feito em homenagem à obra de Michelangelo na Capela Sistina.

Presépio

O medalhão da criação

A imponente cruz vazada no altar da Nave Central

Da frente da Nave Central, olhando para o Coro

Na Nave da Ressurreição há uma escultura de pietà, que representa o fim da vida terrena de Jesus Cristo

Na saída da Catedral, um impressionante espelho d’água!

Escultura talhada na pedra de sal por artistas locais

Luz no fim do túnel na saída da mina

Luz no fim do túnel na saída da mina

No Parque de la Sal, há outras atrações além da Catedral, como um teatro subterrâneo (em mais um dos socavões!) onde se pode assistir a um vídeo sobre a formação da montanha de sal, um museu de mineração e geologia, além de muitas lojas de souvenirs (obviamente).

Depois da visita e no caminho de volta para Bogotá, passamos pelo centro de Zipaquirá, que também é muito simpático, especialmente pela arquitetura em estilo colonial espanhol.

Estação do trem turístico de Zipaquirá — é possível ir de trem de Bogotá a Zipaquirá!

Praça Central de Zipaquirá

Prefeitura de Zipaquirá

A Catedral – não de sal! – de Zipaquirá, com fachada em pedra, construída entre 1760 e 1870

Casario em estilo colonial espanhol no entorno da praça central de Zipaquirá

Primeiro dia em Bratislava, Eslováquia

Da Expedição 2015 só faltou contar de quando fugimos de Budapeste e fomos de trem a Bratislava, passar dois dias na capital da Eslov… Para. Pensa. Eslovênia? Eslováquia.

Keleti Pályaudvar, bela estação de trem de Budapeste, de onde partimos

Desbravando Bratislava (Desbravatislavando?)

Na caminhada da Estação Central de Bratislava (Bratislava hlavná stanica, mapa) até o hotel, passamos pelo Palácio Grasalkovičov (mapa). Construído em 1760 em estilo Rococó ou Barroco Tardio para o Conde Grasalkovičov, um nobre húngaro, hoje é o palácio presidencial (Prezidentský Palác) da Eslováquia, servindo como residência oficial do Presidente da República. Em frente ao palácio fica a praça Hodžovo námestie, com a fonte Terra – Planeta de Paz.

Devidamente instalados no hotel, saímos por uma caminhada de reconhecimento dos arredores, descobrindo as ruelas estreitas da antiga Bratislava e encontrando verdades eternas pelo caminho, até chegar à Praça Principal (Hlavné námestie, mapa).

Uma das verdades eternas encontradas em Bratislava: “A vida é cheia de perguntas – Cupcakes são a resposta”

Igreja de Santa Clara (Kostol Klarisiek) e o Castelo (Hrad) ao fundo

Já na Praça Principal, a Antiga Prefeitura (Stará radnica), um complexo de edifícios construído a partir do século XIV

Na praça principal, o edifício do Banco Húngaro e Palácio Palugyay Palace, além da Fonte Roland (ou Fonte Maximiliano), de 1572

Estátuas de Bratislava

Na Praça Principal começamos a observar as estátuas espalhadas pelas ruas. São muitas estátuas – e todas bastante originais e curiosas! A primeira que vimos foi a estátua do Soldado do Exército Napoleônico, esculpida em bronze por Juraj Melis. A estátua lembra a invasão de Bratislava pelas tropas de Napoleão no início do século XIX. O chapéu é típico.

Do jeito que está parado, parece que o soldado está permanentemente bisbilhotando a conversa de quem sentar no banco… ou está apenas descansando e contemplando a vista dali. Na dúvida, a Lu foi conferir essa perspectiva.

Outra estátua muito famosa é a de Cumil, um operário dentro de um bueiro, com a cabeça e os braços para fora, olhando para a rua. Foi instalada em 1997 e é tida como a mais famosa estátua de Bratislava (aliás, difícil tirar uma foto ali em que não tenha alguém na volta, ou tirando foto ou esperando na fila para posar junto à estátua). Não é pra menos: Cumil é mesmo muito simpático! A estátua fica na esquinas das ruas Panská e Rybárska brána (mapa).

Ainda outra é a do Schöne Náci, em homenagem a Ignác Lamár. Esse gentleman ganhou fama por andar pelas ruas do centro de Bratislava no início do século XX, bem-vestido (embora com roupas velhas), cumprimentando as moças com sua cartola e oferecendo-lhes flores.

Ainda nos deparamos com outra estátua famosa… mas no dia seguinte.

Passeio de Prešporáčik

A partir da Praça Principal saímos para o Old Town Tour, um passeio pelo centro antigo no Prešporáčik, um pitoresco veículo conversível que é exclusivo de Bratislava. É o único tour motorizado que se pode fazer pelas ruas do centro antigo – ideal para o dia de chuvisco.

O Prešporáčik

Pelo centro de Bratislava, no Prešporáčik

Um dos meus prédios preferidos, perto da Catedral

Ruínas nas ruas estreitas do centro antigo

Ao fundo, o portão de São Miguel (Michalská bran), o único preservado entre os portões da fortificação medieval. Foi construído em 1300 e reformado em estilo Barroco em 1758.

Para o almoço, escolhemos um restaurante com vista privilegiada, bem em frente ao prédio histórico do Teatro Nacional Eslovaco (Slovenské národné divadlo, mapa, site oficial), inaugurado em 1886, em estilo Neo-Renascentista. (O prédio novo, inaugurado em 2007, fica aqui.)

Bratislavský hrad – o Castelo de Bratislava

Após o almoço, retomamos a segunda parte do tour: uma volta maior pela cidade (inclusive fora do centro antigo), com subida ao Castelo de Bratislava (Bratislavský hradmapa, site).

No século XV, o castelo foi construído em estilo Gótico e reconstruído no século XVI em estilo Renascentista. Por causa da da ocupação otomana do território atual da Hungria (1541–1699), Bratislava (também conhecida em alemão como Pressburg) tornou-se a capital do que restou do Reino Húngaro sob o poder dos Habsburgo. Por isso, de 1552 a 1784, foi no Castelo de Pressburg que permaneceram a coroa e as joias reais da Hungria.

A partir de 1740, para que a realeza tivesse uma residência tanto na Áustria tanto na Hungria, a rainha Maria Teresa da Áustria converteu o Castelo de Pressburg de fortaleza de defesa em residência real, em estilo Rococó.

Depois disso, em 1766, Alberto de Saxe-Teschen – Governador do Reino da Hungria designado pela senhora sua sogra, a rainha Maria Teresa! – e sua esposa Maria Cristina passaram a residir no castelo, expondo nele as muitas obras de arte que colecionavam.

Tudo ia muito bem para o Castelo de Pressburg, até que…

Em 1781 foi extinto o posto de Governador do Reino da Hungria. Alfredo foi para a Bélgica e levou consigo parte da coleção de arte; outra parte foi para a Viena (hoje, a Galeria Albertina). As joias da coroa húngara também foram para Viena. Um seminário funcionou no castelo por um tempo, mas logo os interiores rococó deram lugar a instalações militares. Em 1809 as tropas de Napoleão bombardearam o Castelo – e a cidade, também. E em 1811 sofreu um grande incêndio, por descuido dos soldados que o ocupavam.

Assim o castelo ficou em ruínas… até 1953. Outra grande reforma começou em 2008.

Os resquícios das janelas góticas estão entre meus detalhes preferidos!

Catedral de São Martin

Visitamos em seguida a Catedral de São Martin (Dóm sv. Martina, mapa). Foi originalmente construída em estilo Românico no século XIII, mas a catedral gótica hoje existente foi construída de 1311 a 1452. A torre tem 85 metros de altura – e no alto fica uma réplica da Coroa de Santo Estêvão (aquela que hoje está no Parlamento da Hungria), folhada com 8 Kg de ouro. A réplica  tem 1 metro de diâmetro e pesa 150 Kg!

A Catedral de São Martin – mal dá pra ver a coroa dourada de um metro de diâmetro no alto da torre!

Altar da Catedral de São Martin

Chama a atenção, no altar da catedral, a escultura equestre de São Martin, em estilo Barroco, instalada em 1744, obra do escultor Georg Rafael Donner. Ela mostra São Martin em trajes típicos húngaros, oferecendo parte de seu manto a um mendigo.

Em função da ocupação otomana de Budapeste, as coroações de onze reis e rainhas da Hungria, além de oito de seus consortes, aconteceram na Catedral de São Martin, entre 1563 e 1830. A lista dos reis e rainhas ali coroados está pintada no altar, em latim.

Na frente da Catedral de São Martin e em diversas ruas da cidade de Bratislava está indicado nas ruas, com pequenos “selos” metálicos presos às pedras do calçamento, o caminho por onde passava o cortejo das coroações. Ainda hoje se encenam, nas ruas de Bratislava, as festas de coroação.

Fim de tarde e ballet no Teatro Nacional

Para encerrar o primeiro dia, mais uma caminhada e um café no elegante Schokocafe Maximilian (mapa) antes do ballet La Bayadère, a que assistimos no prédio histórico do Teatro Nacional Eslovaco (Slovenské národné divadlo, mapa, site oficial).

Vitrine de uma padaria, com bonecos em movimento

Café musical pré-ballet no Schokocafe Maximilian

Dentro do prédio histórico do Teatro Nacional Eslovaco

Dentro do prédio histórico do Teatro Nacional Eslovaco

Após o ballet, vista noturna da Praça Principal (Hlavné námestie)

 

Sábado em Berna

Quando escrevi sobre a semana em Genebra, escondi o jogo sobre a atividade de sábado, porque ela mereceu um post todo seu, com muitas fotos! Na companhia do amigo Atul, finalmente fui conhecer Berna. Depois de morar em Genebra por quatro meses e passar algumas vezes pela Suíça, nunca tinha visitado a capital do país! Não vou dizer que um dia seja suficiente, mas já dá pra ver bastante. Berna é uma cidade pequena, perfeita para caminhar.

O passeio começou pela viagem de trem de Genebra até lá, sábado de manhã não-tão-cedinho (porque ninguém e de ferro). Apesar da neblina, as montanhas e o lago nos brindaram com algumas vistas lindas, como esta – perto de Lausanne, pouco antes do trem se afastar do lago:

Ao chegarmos à estação de trem de Berna, a Valériane – colega minha e do Atul dos tempos de NYU – já nos esperava para nos abraçar na plataforma. Isso é que é hospitalidade! Fomos caminhando (e colocando as conversas de quase cinco anos em dia) rumo ao Rio Aare. Dali se vê o lado sul da Bundeshaus, o Palácio Federal da Suíça, onde funciona o parlamento:

O restaurante para o qual a Valériane nos convidou, à margem do rio, é o Schwellenmätteli (tenta pronunciar que é divertido!). Lá nossa anfitriã não conseguia parar de rir (de alegria, ela disse, mas provavelmente também um pouco de vergonha alheia) das minhas extravagâncias suíças. Rivella é um refrigerante à base de soro de leite; está para os suíços mais ou menos o que o guaraná está para os brasileiros nostálgicos no exterior. Depois do almoço… café? Claro que não: Ovomaltine, também tipicamente suíço. Tudo isso, pontualmente, conforme meu relógio Swiss made.

A Valériane não pôde continuar conosco à tarde, então seguimos Atul e eu para o turismo intensivo! Seguimos caminhando à beira do Aare até o Parque dos Ursos, símbolo da cidade.

Um urso pousou para foto, mas não parecia muito feliz :/

Visto o Parque dos Ursos, fomos ao Altes Tramdepot, o antigo terminal de bondes. Ali há um centro de informações turísticas, onde assistimos a um vídeo sobre Berna – história e atrações. Há também um restaurante (muito bom, segundo a dica da minha irmã).

Além disso, é um lugar estratégico para começar a visita à Cidade Antiga de Berna – inscrita na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO em 1983. Dali, é só atravessar a ponte (Nydeggbrücke) sobre o Rio Aare para chegar à rua principal (Gerechtigkeitsgasse) da Cidade Antiga.

Na Gerechtigkeitsgasse (assim como em muitas outras ruas da Cidade Antiga), as calçadas ficam ao abrigo dos prédios que, lado a lado, formam um longo corredor de galerias. No centro da rua há diversas fontes, muitas com esculturas e outras formas decorativas.

Sobre a Nydeggbrücke

As galerias de Berna

Uma das fontes na Gerechtigkeitsgasse

Uma parada ao longo da Gerechtigkeitsgasse fizemos na Einstein-Haus, a casa onde o genial matemático, físico e músico (opa? sim! e tantas outras coisas mais…) Albert Einstein morou de 1902 a 1909. Nesse período, ele publicou 32 trabalhos científicos. Em 1905, conhecido como o annus mirabilis (ano maravilhoso) no campo da Física, aos 26 aninhos (!) ele publicou quatro artigos, dois dos quais estão entre seus mais importantes trabalhos: a Teoria Especial da Relatividade e a descoberta do efeito fotoelétrico, que rendeu a ele o Prêmio Nobel em Física em 1921. Como o próprio Einstein reconheceu, “aqueles foram bons tempos, os anos em Berna”.

De longe já se vê que a Gerechtigkeitsgasse leva à torre Zytglogge, outro símbolo de Berna. Foi construída no início do século XIII e no século XV ganhou um relógio astronômico.

Zytglogge

Zytglogge – detalhe do relógio astronômico

Desviando para uma rua lateral, fomos ver Berner Münster, a catedral de Berna, construída de 1421 a 1893 em estilo gótico tardio.

Berner Münster

Detalhe da porta principal da catedral

É possível subir por escadas a torre de 100,6 metros de altura…

E eu, obviamente, não resisti ao desafio!

Vale a pena, um pouco pelo exercício físico e bastante pelas vistas que se tem da cidade – a oeste:

A leste:

E, ao sul, os Alpes Bernenses:

Detalhe de uma sacada, vista da catedral

Do alto se vê bem o corredor de galerias nas calçadas

Destaque para a rua principal, a torre Zytglogge e, mais ao fundo, a Torre da Prisão

Berner Münster, vista da praça da catedral, à beira do rio Aare

Pouco antes de começar a escurecer, passeamos por volta da Bundeshaus. Do parque que fica no lado sul, com um terraço debruçado sobre o rio, uma bela vista para os Alpes Bernenses:

Fachada sul do Bundeshaus

Em busca de um restaurante para jantar, mais algumas descobertas arquitetônicas interessantes…

Uma caminhada tranquila pelas ruas igualmente tranquilas… (porque às 18h tudo na Suíça fecha e as pessoas começam a se recolher em suas casas!)

Deu tempo até de uma rápida viagem ao passado:

Para não perder o gosto pelas fotos noturnas, a fachada norte da Bundeshaus:

Curia Confoederationis Helveticae – a fachada norte da Bundeshaus

Antes de voltar a Genebra, nada mais suíço que jantar fondue, com vinho da casa. Para o Atul, foi o primeiro; para mim, sei lá, o enésimo – mas sempre gosto! A foto foi para a Valériane, que, mesmo sem poder vir jantar conosco, pelo menos poderia se divertir com nossas turistices. 😀