Começamos o segundo dia com o plano de visitar o Palácio do Primado (Primaciálny palác, mapa). Hoje sede da Prefeitura de Bratislava, esse palácio neoclássico foi construído no final do século XVIII (concluído em 1781) para ser a residência do Arcebispo József Batthyány. No pátio interno do palácio está a Fonte de São Jorge (Fontana Sv. Juraja), esculpida em arenito no século XVII e originalmente instalada nos jardins do Palácio Grassalkovich.
Mas nosso plano foi interrompido por uma invasão napoleônica.
Palácio do Primado (Primaciálny palác)
Fonte de São Jorge (Fontana Sv. Juraja)
Quando menos esperávamos, começaram a surgir – vindos da Praça Principal para a frente do Palácio do Primado – soldados com vestimentas de época, marchando por aí e dando tiros de festim para o alto. Demorou um tanto até entendermos que era parte da encenação das batalhas de 1809 entre o exército napoleônico e o exército húngaro (sim, húngaro, mesmo: lembrando que na época Bratislava – ou Pressburg – fazia parte do território húngaro). Napoleão sitiou Bratislava por quase um mês. Bem que tentou conquistá-la, mas fracassou: foi sua primeira derrota. Essa encenação se repete a cada ano na cidade, para comemorar esse momento histórico.
Depois da encenação, foi engraçado ver as ruas da cidade tomadas pelos soldados – como nesta foto, em frente ao nosso café favorito, o Schokocafe Maximilian.
Uma vez que expulsamos o exército napoleônico, fomos almoçar no Restaurante UFO, no alto da polêmica Ponte SNP (Most Slovenského národného povstania, mapa).
Essa ponte estaiada sobre o Danúbio foi construída em 1972, como uma demonstração das virtudes da engenharia comunista. A polêmica ficou por conta da parte significativa da cidade antiga de Bratislava que foi demolida para criar a rampa de acesso à ponte. Entre essa parte destruída estava praticamente todo o bairro judeu, inclusive uma importante sinagoga. A ponte também passa perigosamente da Catedral de São Martin: o tremor causado pelo tráfico pesado e intenso na rampa de acesso tem causado danos estruturais à igreja.
No alto do pilar único de 84,6 metros de altura da ponte fica o restaurante onde fomos almoçar, o UFO, em uma estrutura em formato de disco voador (daí o nome!). Meu ex-colega de NYU – Matus, meu único amigo eslovaco! – e sua família vieram nos encontrar para almoçar conosco. O UFO oferece belas vistas sobre o Danúbio e o centro antigo de Bratislava; pela que a chuva e a névoa não colaboraram muito!
Centro antigo de Bratislava, com destaque à Catedral de São Martin
Castelo de Bratislava
Nossa janela no UFO, com vista privilegiada!

Meu elegante prato no UFO
No caminho da saída do restaurante, a Lu encontrou (eu era capaz de nem ter visto…) a famosa estátua Paparazzo. Ela costumava ficar na esquina das ruas Radničná e Laurinská (onde havia um restaurante chamado Paparazzi, hoje permanentemente fechado), discretamente tirando fotos dos transeuntes! Essa estátua é uma das preferidas dos turistas e está praticamente em todos os guias de viagens e blogs sobre Bratislava que tínhamos lido. Tínhamos procurado bastante por ela na véspera – foi uma surpresa encontrá-la no UFO!
Aí está o Paparazzo, agora no bar do UFO
E aí está a Lu, fotografada a partir da esquina onde a estátua do Paparazzo costumava ficar, no centro de Bratislava
Entre o almoço, a busca das malas no hotel e o horário do trem, sobrou pouco tempo. Caminhamos do centro – passando pela Filarmônica Eslovaca (Slovenská filharmónia, mapa, site oficial) e pelo Museu Nacional Eslovaco (Slovenské národné múzeum, mapa, site oficial) – até o Danúbio para um passeio à beira do rio… abaixo de chuva.

Filarmônica Eslovaca (Slovenská filharmónia)

Museu Nacional Eslovaco (Slovenské národné múzeum)
Acabamos no shopping center Eurovea (mapa), onde encontramos mais estátuas interessantes, inclusive uma das minhas preferidas: a delicada estátua de uma equilibrista na corda-bamba, parte de uma instalação maior, com outras personagens circenses.

Entrada do Eurovea

A estátua da equilibrista e seus colegas de circo, sob diferentes ângulos
Em Bratislava vimos muitos prédios com símbolos e resquícios do comunismo, como este abandonado e vandalizado, com estátuas de trabalhadores da indústria e da agricultura.
A última agradável surpresa de Bratislava foi encontrarmos a Igreja de Santa Isabel (Kostol svätej Alžbety, mapa), também conhecida como a Igreja Azul. Foi construída em estilo Secessão (o Art Nouveau húngaro) nos anos 1907 e 1908. Já tínhamos visto projetos e fotos dessa igreja em Budapeste quando visitamos o Museu de Artes Aplicadas, onde havia uma exposição sobre a obra do arquiteto Ödön Lechner, que também projetou o próprio palácio do museu.