Cá estou de novo, postando retroativamente. Não dá. Não consigo evitar. Essa história de “momentos inesquecíveis” infelizmente não funciona bem assim pra mim. Tenho memória fraca – e, como já disse em alguma outra oportunidade aí pelo blog, admitindo ser verdade o que minha irmã Lu disse uma vez –, o Blog do Guri meio que funciona como uma extensão da minha memória. É praticamente um diário online (ou, ultimamente, um quinzenário online!). Preciso escrever e fazer uma seleção adequada de fotos pra um dia voltar aqui e poder relembrar os eventos e as imagens que a minha mente conturbada (e prejudicada pelo bombardeio tecnológico da minha geração… haha) um dia vai acabar esquecendo.
Desta vez – talvez mais do que nunca! – as novidades são muitas. Portanto, advertência preliminar: o post vai ser longo. Muito. Mas, pra quem se importa com o que tem acontecido comigo nesta aventura nova-iorquina, eu garanto que vai valer a pena ler até o fim. Pra quem não se importa, melhor nem começar. (Bah, será que isso ficou grosseiro demais? Só quero poupar o tempo do leitor desinteressado.)
Nesses posts retroativos eu procuro evitar as listas cronológicas de eventos, mas, mais uma vez, aqui vai ser difícil evitar essa forma de organização. E não é por preguiça de fazer uma síntese decente, não: é que tanta coisa aconteceu! Cada dia destas últimas semanas foi cheio de atividades e coisas boas pra lembrar pro resto da vida. Paro pra pensar e não consigo listar um só momento que eu gostaria de esquecer, o que é bastante surpreendente – ainda mais pra alguém normalmente tão negativo como eu… Será que mudei um pouquinho? Pode ser, mas isso é discussão pra outro post (talvez ainda mais gigantesco que este – e eu nem comecei ainda e o negócio já tá tomando volume…). Vamos ao trabalho.
(Só pra manter meu estilo parentético e metadiscursivo, vejam só o que “9 anos compactos” de estudos jurídicos (especialmente o último aqui, no estilo norte-americano) fizeram comigo: preparei um esboço – tipo sumário – do post, dia por dia, com tudo o que aconteceu e sobre o que quero escrever aqui. Bah, acho que o estudo do Direito só agravou minhas neuroses.)
9 de maio
A última vez que escrevi foi na madrugada do dia 9 de maio, domingo, Dia das Mães! Assim que acordei, fui buscar um arranjo comestível que minha irmã encomendou para minha mãe (Dia das Mães, já disse) e me fui pro meu novo quarto em Roosevelt Island. Aluguei o quarto já a partir do início do mês de maio e, como fiquei até o dia 16 nos dormitórios da universidade, meus pais ficaram no meu novo apartamento durante os sete primeiros dias deles aqui em Nova Iorque (de 9 a 16). Uma boa economia de contas de hotel, podem acreditar!
Assim que pousaram no JFK, foram direto pra lá, onde eu os esperava com o arranjo comestível e uma ideia fixa: íamos ao culto. E pronto. Coitadinhos… preciso dizer que fiquei com um pouco de pena. Afinal, essa viagem do Brasil até aqui é cansativa. Com o trecho de avião e as esperas nos aeroportos e as 8 ou 9 horas de voo, a odisseia dura praticamente um dia inteiro. (Essa frase foi difícil de escrever, hein: o processador de texto insiste em pôr acento em “voo” e “odisseia”!) Acontece que eu vinha dizendo havia semanas para os meus amigos na igreja que meus pais chegariam no dia 9 e que eles iriam comigo ao culto. A pena pela viagem cansativa dos meus pais foi menor que a vontade de colocar em contato dois mundos até então completamente desconexos: meus pais, de um lado, e meus amigos da igreja, de outro!
Foi um contato explosivo. Pra começar, meus pais não falam inglês, e ninguém na minha igreja fala alemão ou português. Minha primeira tarefa, portanto, foi traduzir todo o culto – umas 10 ou 12 páginas de palavras-chave da mensagem principal do culto no caderninho de anotações da minha mãe. (O Pastor Steve, que deu a mensagem aquele diz, disse depois, “ah, então era isso que estavas fazendo… achei que estavas fazendo dever de casa durante o culto” – disse brincando, claro.) Depois, muitas apresentações e momentos ligeiramente incômodos, mas ainda assim divertidos – quando, por exemplo, eu tinha que traduzir alguns elogios que meus amigos queriam fazer a meu respeito para os meus pais. Fui um tradutor fiel, mesmo traduzindo em causa própria!
A diversão continuou quando saímos para almoçar no DoJo, um dos meus restaurantes preferidos de domingo – por causa da comida vegetariana e do preço razoável e principalmente das lembranças de almoços pós-culto. Meus pais, quatro amigos – Lydia, Kyle, Misako e Ryan – e eu. Fora a Misako, que se virou em espanhol com meus pais e em inglês com os demais, estava eu de tradutor simultâneo entre os anglófonos e os brazuca-lusófonos. O melhor, indubitavelmente melhor, foi quando o Kyle teve a brilhante ideia de sugerir um tópico para meus pais: histórias embaraçosas da minha infância. Todos acharam ótima a ideia, claro. E eu, “sim, né, e vocês querem que eu traduza isso?”
Mas não teve volta. A mãe e o pai contaram – e eu traduzi – de quando eu, ainda bebê, não parava de chorar e por isso ficava sem respirar (numa progressão de vermelho a roxo), até que o pai descobriu que me pôr no carro e dirigir pela cidade era o melhor remédio. Contaram de quando me perdi num evento da igreja, aos 4 ou 5 anos de idade, e por um tempo depois disso não queria mais ir ao culto infantil por causa do trauma. Contaram de quando, aos 7 ou 8 anos de idade, uma enfermeira de um consultório pediátrico não conseguia achar minha veia no braço para um exame de sangue e acabou tirando sangue de uma veia do meu pescoço (claro que ela teve que quase que me amarrar pra conseguir fazer isso!) – e um tempo depois, indo com o pai para uma agência bancária que ficava no mesmo prédio do consultório, eu estanquei o pé no meio do caminho e disse, “pensando bem, acho que não quero ir contigo ao banco, pai”. No fim das contas estava eu lá – “ah, lembram daquela vez…” –, lembrando meus pais de mais histórias bobas que eles podiam contar sobre mim.
Deu pra perceber que todos se comunicaram muito bem e se divertiram bastante juntos; um pouco às minhas custas, mas não me importei, mesmo! Quando saímos do restaurante e cada um foi para o seu lado, meus pais me diziam o quanto gostaram de conhecer meus amigos e de confirmar o meu bom gosto para amizades – e meus amigos me mandavam torpedos dizendo o quanto tinham gostado de conhecer meus pais e de indiretamente me conhecer ainda melhor através deles.
Almoçados e divertidos, meus pais e eu fomos do Village para Roosevelt Island, devorar – sobremesa! – o arranjo comestível (!) e instalar meus pais propriamente no quarto.

Mamis e papis na cozinha do apartamento em Roosevelt Island

Atacando o arranjo comestível
10 de maio
Na segunda-feira, mesmo com meus pais na City, tive que deixá-los um pouco de lado para trabalhar na minha última prova take-home – Investment Disputes in International Law. Durante a manhã, procurei refúgio na biblioteca para preparar a prova; à tarde, um intervalinho de almoço de 3,5 horas (!) com meus pais e os amigos Danielle e Conrado no “Vegetariano” (Vegetarian’s Paradise). À tarde, fiz um plano de passeio para meus pais – uma caminhada pela Broadway sentido downtown – e segui trabalhando na prova o resto do dia…
11 de maio
… Até que, às 3h da madrugada, digitei as palavras mágicas “End of Exam” na minha prova de Investment Disputes e fui dormir. Acordei cedinho, porque pouco antes das 9h meus pais já estavam no D’Ag para irmos juntos a um café-da-manhã de formatura (Commencement Breakfast) oferecido pelo departamento de estudantes e pesquisadores estrangeiros da NYU, só para esses estudantes e seus convidados. Fomos uns dos primeiros a chegar lá, por volta das 9h. O dia estava maravilhoso e o evento foi no décimo andar do Kimmel Center (um centro de convivência e eventos da NYU), que tem uma vista particularmente especial do Washington Square Park e da cidade em geral. Foi uma das refeições mais decentes que a NYU já ofereceu (!): um café-da-manhã americano completinho, com frutas, ovos mexidos, cereais, café (óbvio), diversos tipos de sucos, pães, croissants e outros artigos de padaria… Além disso, claro, a vantagem de estarmos entre os primeiros: sentamos numa mesa com vista para o parque e pertinho do quarteto de jazz – ah, New York…

Washington Square Park + NYC skyline
À tarde, fiz o mesmo que na véspera: um plano de passeios para meus pais; desta vez, uma caminhada pelos parques próximos ao campus da NYU (Washington Square Park, Union Square, Gramercy Park, Madison Square Park) e terminando no Empire State Building. Enquanto isso, revisei e enviei definitiva e irreversivelmente (ótimo que seja irreversível, porque do contrário eu nunca terminaria de revisar e trevisar) minha prova de Investment Disputes. Pronto, menos um item na lista! Só ficou faltando, então, o meu “terço de paper” (trabalho em trio) para Climate Change Policy, que resolvi terminar na semana seguinte, depois das cerimônias de formatura. (Sim, porque aqui a gente se forma e depois ainda pode ter trabalhos, provas… vai entender.)
A estratégia funcionou perfeitamente, porque meus pais voltaram da caminhada às 16:30, quando eu já tinha conseguido terminar a prova, para podermos ir juntos ao Grad Alley da NYU. É uma espécie de carnaval ou festival de rua que a NYU oferece em homenagem aos formandos de toda a universidade, com músicas, jogos, malabaristas, além de banquinhas de lanches, sorvete, algodão doce, passeios de carruagem pelo Village – tudo com acesso liberado e gratuito para o formando e dois convidados.

Grad Alley


O dia foi longo e puxado. Meus pais, depois do Grad Alley, voltaram para Roosevelt Island. Eu voltei ao meu dormitório para, acreditem, passar (com steamer ou vaporizador) a toga de formatura para o dia seguinte. Palavra de honra: concluir o mestrado foi fichinha perto dessa tarefa.
12 de maio
Dia dos Commencement Exercises: a grandiosa cerimônia de formatura de toda a universidade no estádio dos Yankees, no Bronx. Fomos todos premiados pela meteorologia: uma chuva murrinha e temperatura em torno de 8 graus Celsius. Uma semana antes (5/5), estava comemorando meu aniversário com um piquenique primaveril no Central Park; de uma hora pra outra, parece que fomos transportados ao auge do outono pelotense! Azar do Valdemar: Commencement acontece faça chuva ou faça sol.
Acordei cedinho, vesti a toga e encontrei meus pais e a Misako na frente do prédio dos dormitórios. Fomos de metrô até o Bronx; mais ou menos meia hora no D. Lá, logo nos dividimos: meus pais e a Misako entraram por um portão e eu, por outro. Eles conseguiram entrar logo, mas eu tive que esperar, junto com vários outros formandos, numa fila bastante grande. Milhares de formandos. Só pra lembrar, a NYU é a maior universidade particular dos EUA, com 40.000 alunos. Formandos esperados na cerimônia: uns 5.000.
Agora, falando em acontecimentos aleatórios, o melhor do ano até agora – e posso dizer com segurança –, aconteceu na fila para entrar no Yankee Stadium. Estava ali, naquela murrinha frígida, de toga de doutor (os cursos jurídicos aqui se formam com a toga de doutorado) e guarda-chuva, sentindo as pontas dos pés gelarem dentro do sapato… e tão sozinho quanto é possível estar sozinho no meio de uma multidão. Como fui pra lá com meus pais e minha amiga, no fim das contas não fiquei na companhia de nenhum colega; acabaria encontrando-os só lá dentro, porque nossos lugares estavam, claro, reservados em uma mesma área do estádio.
Nisso se aproximou de mim alguém que eu não conhecia até então. Estava vestido também de toga de doutorado. E me disse (em inglês, claro), “vamos ver, chutando… és da Faculdade de Direito? Posso esperar na fila contigo?” E eu, “sou, sim; claro, entra aí!” (A fila, detalhe, não era do tipo que outras pessoas se importariam com “furos” – todos acabariam entrando, invariavelmente, assim que abrissem os portões. Então, sem problemas.)
Fomos conversando. Apresentou-se como Lev (um nome que não me era de todo estranho). Também da Faculdade de Direito. Também do mestrado. Também estudante estrangeiro. Também do programa de International Legal Studies… que não é tão grande assim; umas 100 pessoas, talvez. Peraí – como é que não nos conhecíamos? Descobrimos que fizemos umas três ou quatro disciplinas juntos (inclusive a de Investment Disputes, essa da prova que tinha terminado na véspera) – e nunca sequer nos vimos em aula ou nos corredores, nem trocamos uma palavra. Depois de nove meses de mestrado, fomos nos conhecer por pura coincidência no dia da formatura! Aproveitando a vantagem de estar (como narrador) umas semanas adiante, posso dizer: um dos meus melhores amigos aqui.
Vencida a fila, a cerimônia! Ficamos – o Lev e eu – na parte bem da frente da área reservada aos formandos da Faculdade de Direito, o que nos garantiu uma vista praticamente livre da cerimônia (não fosse pelo guarda que estava à minha esquerda… um pouco irritante, mas ok). Dali vimos “a banda passar” (com direito a tambores e gaitas de foles), mas também passaram professores das várias faculdades, estudantes carregando as insígnias das respectivas faculdades, convidados de honra (inclusive o nosso orador convidado, Alec Baldwin, ex-aluno de Teatro da NYU). A banda e o glee club da NYU interpretaram New York, New York (vídeo meu!) bem ali na frente… foi de arrepiar, no melhor sentido possível.

Yankee Stadium, NYU Commencement 2010

Lev e Guri

NYU Law!

Alec Baldwin

Terminada a cerimônia, metrô de volta para o Village. Recebi muitos cumprimentos andando pela rua – a sensação de andar pela cidade de toga tem o seu componente “mico”, mas também é uma experiência divertida e, por que não, de certo orgulho. Afinal, entrar na NYU não foi mole, sair dela também não: comemoração e “mico” conquistados e merecidos. Fomos almoçar na Otto Enoteca, um restaurante de que gosto muito (e que tem o endereço mais memorável da City, na minha opinião: 1 5th Ave – não tem como competir). Lá encontramos Sue e Tom, os pais do meu cunhado James, que vieram do norte do estado de Nova Iorque, se bem que não para a formatura em si, mas para comemorá-la comigo e com meus pais. Queríamos fazer passeios à tarde, mas o chuvisco e o tempo curto da Sue e do Tom na cidade acabaram forçando uma simplificação. Fomos à Biblioteca Pública e à Grand Central, de onde eles já pegaram o trem de volta pra casa.

Empire State visto da Biblioteca Pública
13 de maio
O dia intercerimônias (entre o Commencement de toda a NYU e a Convocation da Faculdade de Direito) foi o de maior rendimento, eu acho. Meus pais chegaram lá pelo meio da manhã ao meu prédio, de onde saímos e pegamos um metrô até City Hall. Dali, atravessamos a ponte do Brooklyn a pé e fomos até o passeio do rio (promenade) em Brooklyn Heights, de onde se tem uma vista muito bonita de Manhattan, especialmente do Distrito Financeiro.

Brooklyn Bridge

Brooklyn Heights Promenade
Enquanto caminhávamos no passeio do rio, o Ryan me mandou uma mensagem para combinar definitivamente o que já vínhamos alinhavando desde o domingo: uma visita “com desconto da casa” ao Radio City Music Hall, onde ele trabalha como guia turístico. Então meus pais e eu voltamos rápido ao Village para almoçar e, de lá, fomos ao Rockefeller Center, para fazer uma excelente visita guiada (não só porque o guia é um grande amigo… hehe).
Excelente e VIP. Seguindo a orientação do Ryan, cheguei lá e me identifiquei como amigo dele. A moça – colega de trabalho dele – nos chamou pra dentro, onde ele estava e começou a falar que a visita começaria em seguida – e eu, traduzindo sempre, claro. Então eu disse, “tá, mas peraí, onde compramos os ingressos?” E ele, “I think you’re good.” E eu, “Ryan, falando sério, onde compramos os ingressos?” E ele, rindo, de novo, “Uhm… I think you’re ok.” Ou seja: o “desconto da casa” era uma visita grátis, o que eu realmente nem suspeitava.
O Radio City é uma casa de espetáculos e, em si mesmo, um espetáculo. As fotos dão uma pista de quão majestoso é o teatro. Ver os bastidores, conhecer pessoalmente uma rockette, saber dos detalhes da história e da construção do teatro (e da alta tecnologia por trás do seu palco móvel) – tudo muito impressionante.

Radio City

Saindo dali e vendo aquele dia de céu azul espetacular (o extremo oposto do dia anterior), percebemos que era necessário aproveitar o tempo e a visibilidade para subir ao Top of the Rock, o observatório que fica no 70º andar do prédio mais alto do Rockefeller Center (que aparece na série 30 Rock, sabe?). Eu já tinha subido (em 2006) no Empire State. O Top of the Rock, porém, é uma experiência bem diferente e que vale a pena: de lá se veem o Empire State, o Chrysler, o Central Park… É “turístico”, sim, naquele sentido um pouco depreciativo. Mesmo assim, é de tirar o fôlego.

Visa norte (Central Park)

Vista nordeste: midtown, Upper East Side, Queens

Vista noroeste: midtown, Upper West Side

Vista sul

Vista sudeste
Eram 6h da tarde, mas o dia ainda estava longe de terminar! Depois do Top of the Rock, tomamos o Path até a Penn Station de Newark (New Jersey) para buscar a maninha Lu, recém chegada das longínquas terras texanas! Meia hora pra ir, meia hora pra voltar. Na volta, paramos no meio do trajeto do Path para tirar fotos noturnas de Manhattan desde Jersey… uma linda noite. Jantamos – sushi! – no Ritz Asia… e aí, sim, fechamos o dia. Desta vez, a Lu fez o trabalho de passar a toga… 😛

Manhattan vista de New Jersey

World Financial Center
14 de maio
A cerimônia de Convocation da Faculdade de Direito foi no teatro do Madison Square Garden, em cima da Penn Station, bem mais perto de casa. Começou com a reunião de todos os formandos, muitas fotos, um lanche nos bastidores do teatro. A entrada foi segundo a ordem das especializações, não alfabética. Acho que a cerimônia em si foi ainda mais emocionante e significativa que a de Commencement: cada formando foi chamado ao palco (embora de forma muito rápida) para a formalidade do… bem… encapuzamento? Haha… Aqui o que se faz é colocar uma espécie de capuz ou capa sobre os ombros e ao redor do pescoço; o capelo (chapéu de formatura) se usa todo o tempo. E a oradora convidada foi Valerie Jarrett, uma conselheira do Presidente Obama.
Fotos de toga (mais “mico” e mais orgulho), recepção na Faculdade de Direito (um pouco frustrante… melhor nem comentar), almoço no Quantum Leap – e em seguida fomos a uma exposição de fotografia em que a minha amiga Misako expôs uma das suas. Por fim, a “janta oficial” de formatura foi no Gustorganics – um restaurante próximo de casa (6th Ave com 14th St, a dez quadras da NYU), argentino, de gerente brasileiro, com comida 100% orgânica, inclusive com certificação do “ministério da agricultura” dos EUA. A música de fundo foi electrotango quase toda a noite. Sobremesa: alfajores. No achado desse restaurante, falando sério, eu me superei.

Formando e familiares presentes 😉

No Washington Square Park

Janta de formatura
15 de maio
Dia de mudança! A Lu e eu acordamos cedinho, empacotamos duas malas com meus pertences e fomos da NYU até Roosevelt Island. Voltamos para a NYU, enchemos mais duas malas (e cacarecos acessórios), carregamos tudo num táxi e fomos até Roosevelt Island. Nossa praticidade e eficiência foram embasbacantes. À tarde já estávamos fazendo caminhadas turísticas no Distrito Financeiro.

Woolworth Building

Financial District
16 de maio
A Lu acordou cedão (tipo 6h da madrugada, quase um desaforo) pra ir ao aeroporto – e eu, claro, acordei pra tomar café da manhã com ela e me despedir dela. Fiz a última mala com os resquícios de coisas que tinham ficado no dormitório, fiz o check-out (¡hasta la vista, D’Ag!), fui a Roosevelt Island e voltei para o Village a tempo do culto. Minha mudança estava completa, só faltava… fazer a mudança dos meus pais para o hotel no Upper West Side. Enfim, um dia de muitas, muitas mudanças! Durante à noite, saí com meus pais para um passeio turístico imprescindível: Times Square.

Times Square
17 a 19 de maio (Roosevelt Islander)
Formado, casa nova, colchão novo… e o bendito paper por terminar, por isso fiquei mais isolado na segunda-feira e na terça-feira, enquanto meus pais passeavam no Upper West Side. Segunda-feira à noite, porém, fui com eles a um recital de jovens músicas na sala de recitais do Carnegie Hall. Terça-feira enfim terminei minha parte no artigo, ainda em tempo de ir ao hotel e me despedir dos meus pais… Eles passaram dez dias bastante intensivos aqui em Nova Iorque, é verdade, e curtiram muito. Fiquei satisfeito com a satisfação deles! 🙂 Na quarta-feira 19 revisei e entreguei o paper. Pronto! Sem mais pendências com a NYU. (A partir de agora, posts com o marcador “NYU” não serão tão frequentes!)

Manhattan vista de Roosevelt Island
20 a 24 de maio (microférias)
Quinta-feira 20 oficialmente começaram minhas microférias. Na sexta 21 fiz a volta toda em Roosevelt Island, reconhecendo o meu novo território (fotos, muitas fotos). No sábado 22 fiz faxina (haha) e à noite saí para jantar com o novo amigo Lev: caminhamos desde o campus da NYU (W 4th), onde ele ainda mora, até Hell’s Kitchen (W 50th), passando pelo Highline, um espaço muito interessante que eu ainda não conhecia – uma linha ferroviária transformada em área de lazer. (Achei genial.) Infelizmente não tirei fotos, porque estávamos famintos e eu não queria interromper a caminhada… 😛

Queensborough Bridge

Lighthouse (farol no norte de Roosevelt Island)


The Octagon: antes, o “asilo de lunáticos”

Queensborough Bridge, U.N. Headquarters

Queensborough Bridge, lado Queens

Ruínas do hospital de varíola (ponta sul da ilha)

Nações Unidas

Chrysler Building
No domingo 23 após o culto, estava mais disposto do que nunca a aproveitar as microférias. Fiquei um bom tempo com amigos da igreja no Washington Square Park – lagarteando, em bom gauchês –, bloguei no Starbucks da Astor Place (desde então estou escrevendo este post interminável) e concluí o domingo em uma pizzaria argentina buenísima no Upper East Side. Segunda 24 segui blogando (estabeleci uma parceria de blogagem com meu amigo Kyle, haha) noutro ambiente até então desconhecido – East Harlem Café, no bairro de mesmo nome.
25 a 27 de maio (barbri)
E acabaram-se as microférias. Terça-feira dia 25, às 14h, estava eu em plena Times Square para minha primeira teleaula (4h, com dois intervalos de 10 minutos) de barbri, o curso preparatório para o “exame de ordem” do estado de Nova Iorque. No segundo dia de aulas (26) já transgredi: não fui pra Times Square (onde estou matriculado). Em vez disso, fui pra biblioteca da NYU e fiz a teleaula de lá, à tarde. Terceiro dia (27) transgredi mais ainda: descobri que eles colocam as aulas no ar de véspera, o que me permite fazê-las já no turno da manhã, o que é infinitamente melhor. Portanto, fiz a aula de manhã. Observação: transgrido, mas faço as aulas. Três dias de aula, trinta páginas de anotações para revisar no findi-feriadão (por causa do Memorial Day – sexta a segunda).
Pra quem deveria estar estudando loucamente sem parar, sem querer tenho uma intensa vida social (o que não é, digamos, necessariamente ruim). Uma loucura isso, mas cada dia desta semana alguém me convidou pra jantar, e foram sempre convites irrecusáveis: segunda, aniversário; terça, sushi bom e barato (haha); quarta, encontro da igreja marcado há semanas num restaurante coreano… Até parece que sou popular.
Quinta (27, hoje – ou seja, o post está terminando!) foi a superação: tendo mui disciplinadamente assistido à teleaula de manhã, à tarde eu… fui à praia! Primeira vez que vou à praia desde que cheguei a Nova Iorque em agosto (portanto, verão) do ano passado. Fomos (Kyle, Ryan e eu) até Coney Island, uma região que ficou famosa no século XX por seus resorts e parques de diversões (hoje, um pouco decadentes, digamos). O passeio foi parte da “semana de despedida” do Ryan, que vai embora de Nova Iorque segunda-feira que vem.

Coney Island

Ryan congelando

Ryan e Kyle

O Atlântico…

Coney Island Boardwalk

Kyle, Ryan, Guri
Posfácio
Quatro mil palavras – o post acabou com o mesmo tamanho que a última prova que escrevi no mestrado (embora as provas do mestrado eu não ilustrasse com fotografias). Será que consegui escrever o post mais longo da história da humanidade, ou ainda não? Todos os que chegarem até aqui, por favor, deixem um comentário. No mínimo responderei pessoalmente para agradecer pela fidelidade, paciência, tolerância…
Enfim, eu precisava atualizar o blog com os acontecimentos das últimas semanas. A partir de agora, com a intensificação dos estudos (sim, eu já estudei bastante na vida, mas aparentemente o que é bastante nem sempre basta) e a desintensificação das atividades dignas de postagem, a tendência é que as postagens vão acabar sendo mais esparsas (mais ainda!), porque a minha vida vai se tornar menos interessante (menos ainda!). Mesmo assim, acho que ainda não é o momento de sepultar o blog do Guri. Vou segurar firme por enquanto – e quem sabe até aprender a postar com regularidade, para no futuro conseguir evitar o absurdo de publicar posts de 4.000 palavras…
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