Na Livraria Cultura, vi vários aspectos alusivos ao ano da França no Brasil, como ilhas com filmes e livros franceses e cartazes de propaganda. Num deles li a seguinte pergunta provocativa: “O que há de comum entre a Champs-Elisées e a Avenida Paulista?“. Me deixou pensando – acho que essa era a ideia!
Já tinha tentado comparar a Avenida Paulista com a Nueve de Julio de Buenos Aires, sei lá, por causa da largura, do trânsito – mas, por alguma razão, a comparação me pareceu um pouco estranha. A comparação com a Champs-Elisées também não me pareceu perfeita. Na comparação com a Nueve de Julio, talvez falte na Paulista um Obelisco (o daqui está “deslocado” no Parque do Ibirapuera!). Na comparação com a Champs-Elisées, talvez falte na Paulista um Arco do Triunfo ou um ar menos metropolitano e mais europeicamente chique – cafés, boutiques, cinemas. Talvez a Paulista com as mansões de outrora tivesse mais a ver com a Champs-Elisées (de sempre).
Caminhando de volta pra casa, passei por um cara tocando flauta-doce no meio da calçada. Primeiro, achei sofisticadíssimo; algo bastante europeu, diga-se de passagem. Depois me alegrei com a coincidência – sendo eu também um flautista-doce (quase aposentado por invalidez). Por fim, fiquei surpreso com uma coincidência ainda maior: ele tocava o refrão de Chuvas de bênçãos, uma melodia bastante conhecida, que no hinário luterano tem a seguinte letra:
Chuvas de bênçãos, chuvas de bênçãos dos céus!
Gotas benditas já temos; chuvas pedimos a Deus.
E o povo seguia caminhando, indiferente. Claro que ninguém deu bola. Eu achei legal e comecei a assobiar. Claro que ninguém deu bola.