Por amor, acidente ou álcool, ou alguma combinação dos anteriores, somos concebidos. Nove meses depois, estoura uma rolha, e a vida começa a ser despejada.
No começo, o líquido flui aos berros e prantos. Aos poucos, para uns de nós, os berros e prantos silenciam; para outros, aumentam; para ainda outros, tornam-se risos ou até gargalhadas.
Construímos relacionamentos com familiares, amigos, colegas, pessoas dos mais diversos círculos. Construímos também esperanças, conhecimento, carreira, patrimônio.
À medida que a vida flui, produzimos, consumimos, descartamos. Cuidamos de nós mesmos de forma excessiva, equilibrada, ou insuficiente. Buscamos bem-estar, prazeres e entretenimento.
Encontramos namorados, companheiros, esposos. Ou não. Por amor, acidente ou álcool, ou alguma combinação dos anteriores, causamos o estouro de outras rolhas. Ou não.
Destruímos relacionamentos com familiares, amigos, colegas, pessoas dos mais diversos círculos. Destruímos também esperanças, conhecimento, carreira, patrimônio.
O volume despejado vai diminuindo até que a garrafa se esvazie. Do relevante, fica apenas nossa memória, para ser julgada, justa ou injustamente, por outras garrafas que também se esvaziam.