É histórica a fama de Budapeste por seus banhos termais. Há mais de 2000 anos, os romanos já haviam construído vários; vestígios de 14 foram encontrados até hoje. Durante a ocupação otomana da Hungria (1541–1699), a tradição foi reforçada com a abertura de dezenas de banhos turcos (hamam), alguns em funcionamento até hoje, quase 500 anos depois.
Hoje há em Budapeste 123 fontes e poços de águas termais, com temperaturas que variam entre 21 e 78 graus Celsius. E também há infraestrutura para quem quiser aproveitar essas águas, seja diversão, seja pelas propriedades medicinais. A empresa de spas de Budapeste (excelente site oficial) administra sete banhos termais e cinco praias.
Durante a Expedição 2015, visitamos três dos banhos termais (Széchenyi, Gellért e Rudas), que são o assunto deste post. Também visitamos uma das praias (Palatinus), que ficará para mais adiante, quando contar do passa-dia na Ilha Margaret (Margit-sziget).
Széchenyi
Um dos favoritos é o imperdível Széchenyi (site e mapa), um dos maiores spas termais da Europa. Situado no Parque da Cidade, é um dos banhos termais históricos de Budapeste: foi construído em 1913 e é o mais antigo de Peste. Há 3 grandes piscinas externas: uma de 50 metros para natação (26 a 28 graus), outra com correnteza (30 a 34 graus) e ainda outra piscina termal (38 graus). Na parte interna há 15 piscinas menores, com diferentes temperaturas, e mais 3 na parte interna reservada para fisioterapia. Também há saunas e câmaras de vapor. O site oficial descreve todas as piscinas e apresenta a planta-baixa. Vale conferir também as fotos.
Uma das portas laterais de Széchenyi, evidenciando o estilo Neo-Barroco
A piscina com correnteza, parte da piscina para natação e vista geral do edifício onde ficam as piscinas internas
Gellért
O Gellért fica em Buda, às margens do Danúbio e aos pés do morro Gellért; pra quem chega de Peste, fica ao lado esquerdo da Ponte de Liberdade (Szabadság híd). Bem em frente ao Gellért fica a Igreja na Rocha (Sziklatemplom), que é muito interessante – vale combinar as visitas! Começo por algumas fotos e relatos do Sziklatemplom.
De Buda: estátua do Rei Santo Estêvão; em segundo plano, a Ponte da Liberdade e o Danúbio; ao fundo, Peste
O Szikatemplum fica literalmente dentro do morro Gellért, em um sistema de cavernas formado por fontes termais (as mesmas que abastecem as termas de Gellért). A caverna pertence à Ordem Paulina da Hungria, que construiu a igreja em 1926 e continuou a expansão dentro da caverna ao longo dos anos 1930. Nesse período também construiu um monastério adjacente.
Depois de ter servido como hospital militar para os nazistas durante a Segunda Guerra, a igreja voltou a funcionar por seis anos, até ser tomada e destruída pela polícia secreta comunista em 1951, com o objetivo de enfraquecer a Igreja Católica. Em 1960, o Estado Húngaro lacrou a caverna com um impressionante muro de concreto de dois metros de largura. Somente em 1989, após a queda do regime comunista, o templo voltou aos monges e reabriu em 1991.
Entrada do Sziklatemplom
Resquício do muro de concreto que lacrava o templo
Interior da “nave principal” do Sziklatemplom
Vitral de Maria, Patrona da Hungria
Painéis de madeira talhada no monasterio adjacente à igreja
Painéis de madeira talhada no monasterio adjacente à igreja
Agora, sim, ao Gellért (site e mapa), outro dos banhos termais históricos de Budapeste. Foi inaugurado em 1918, em estilo Secessão – Art Nouveau. A parte interna tem 8 piscinas: 5 térmicas (entre 35 e 40 graus), 2 de imersão (19 graus) e uma de natação (26 graus). A parte externa tem mais 2: uma térmica (36 graus) e uma de ondas (26 graus). Também há saunas e câmaras de vapor de diferentes temperaturas. Mais detalhes e planta-baixa no site oficial, onde também vale conferir a galeria de fotos.
Piscina interna para natação
Vista geral da parte externa; piscina de ondas em primeiro plano
Piscina de ondas em funcionamento
Direto do túnel do tempo: como tomar banho sem estragar o penteado?
Um dos belos espaços internos do Gellért
Rudas
O Rudas (site e mapa) é um dos banhos turcos de Budapeste. Também fica em Buda, às margens do Danúbio e aos pés do morro Gellért. A parte mais antiga foi construída no século XVI, durante a ocupação otomana: uma piscina octogonal sob uma cúpula de 10 metros de diâmetro, sustentada por oito pilares. Originalmente, somente homens podiam entrar nessa área. É um ambiente escuro, mas a cúpula tem furos com vitrais coloridos que permitem a passagem de um pouco de luz solar. O site oficial tem belas fotos.
No total, há seis piscinas termais (com temperaturas de 16, 28, 30, 33, 36 e 42 graus), uma piscina de natação (29 graus) e cinco piscinas na parte mais moderna do complexo.
Vista do restaurante do Rudas
Todos os prédios da foto pertencem ao complexo das termas de Rudas: bem à esquerda (onde se vê uma cúpula aramada), fica a parte nova do complexo, com a piscina ao ar livre; nos prédios do meio, o restaurante, o spa e as piscinas internas; bem à direita, a parte mais antiga, com a cúpula do banho turco do século XVI.
Complexo Rudas, às margens do Danúbio e aos pés do morro Gellért