25/01/2006, 17:18. Muito frio. Depois de oito horas de viagem desde Newport News, Virginia, chego de trem a New York City.
Na ingenuidade dos meus 20 aninhos (e olha que eu nem era tão abobado assim), embarquei num táxi falcatrua (“gipsy taxicab”) que me cobrou da Penn Station até o hotel (menos de 3 milhas) uns 50 dólares, o que normalmente se cobraria do aeroporto JFK até o mesmo hotel (21 milhas).
Com viagem planejadinha e econômica (se eu tivesse dinheiro a defenestrar, por que teria viajado oito horas num trem?!), aquilo estragou a chegada.
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07/08/2009, 23:40. Muito calor. Depois de oito horas de viagem desde Frankfurt, Alemanha, chego de avião a New York City.
Semelhanças? Algumas. Diferenças? Muitas. Com um pouco mais de experiência (e a dica da minha irmã Lu), peguei o SuperShuttle do JFK até Greenwich Village (umas 20 milhas), onde fica o campus da NYU (e, por consequência, D’Agostino Hall, o edifício de apartamentos estudantis onde vou morar pelos próximos 9-10 meses). Quanto? 26 dólares.
Do ponto de vista da economia, muito bom: resgatei meu crédito de 2006. Do ponto de vista da praticidade: nem tão bom assim. O shuttle parou em uns cinco hotéis para deixar passageiros antes de chegar a Greenwich Village. Foi praticamente um passeio turístico noturno por Manhattan; até por Times Square passamos. Plena madrugada de sexta-feira para sábado, um baita trânsito. Mas tudo bem. No meu caso particular, praticidade
Entrando em D’Agostino Hall, o porteiro olhou pra mim e disse, “let me guess… Martin?”. Uau, New York me dando as boas vindas, indicando que estava ansiosa pela minha chegada. Claro que o porteiro tinha que saber que eu estaria chegando naquele momento, mas vamos dizer que New York estava ansiosa pela minha chegada que é mais bonito.
Porém nada bonito foi o quilombo que eu tive que fazer para nas malas encontrar toalhas e roupa de cama, visando a meu tão merecido banho e a meu tão sonhado soninho. O quarto, que já é pequeno, ficou intransitável. Hoje consegui pôr tudo em ordem, até porque preciso das malas prontas pra me mudar de novo na segunda-feira (é que o quarto em que estou atualmente é provisório; o definitivo só será liberado na segunda-feira, dia 10). Quando fui dormir eram 3:30.
O soninho, que era sonhado porque não tinha conseguido pregar o olho no voo, acabou sendo involuntariamente curto. Eu até podia dormir até as 9:20 hora local, mas às 8h acordei e não me aguentei mais na cama. (I want to wake up in a city that doesn’t sleep…)
Atravessei o Washington Square Park e fui pela 5th Ave até a 23rd St, onde busquei o laptop e a impressora que eu tinha encomendado, e voltei pela 6th Ave pra casa. (“Casa”!). Fiz várias comprinhas essenciais, incluindo 12 litros d’água (por 3 dólares – estou orgulhoso das minhas barganhas de hoje), um telefone fixo (que aqui no prédio é necessário para a comunicação com a portaria) e… um travesseiro.
Pois é, na primeira noite meu travesseiro foi uma cobertinha dobrada. Precário. Mas agora me dei. A maioria das coisinhas eu comprei no K-Mart que tem na Broadway entre 8th St e 9th St (bem pertinho daqui; tem tudo que se possa imaginar e é muito barato). Quando comprei o travesseiro, o caixa do K-Mart disse, com a maior empolgação, “this is one of the softest pillows in the world”. Uau. Haha…
Outra parte importante do dia foi contato telefônico com papai, mamãe e manas. E uma parte difícil associada a essa parte importante foi sentir o cheiro de uma meia que foi lavada lá na Alemanha. Digo isso muito a sério! Aquele par de meias limpinhas e cheirosinhas quase me fez chorar, porque me fez lembrar do tempo muito bem aproveitado (embora curto) na companhia de Ca e Volker. Coloquei as meias num ziplock, pra ver se preservo o perfume; não vou usá-las, pelo menos por enquanto. Não riam.
No mais, reconheci o território aqui de Greenwich Village. Onde quer que se olhe há um prédio com a bandeira púrpura da NYU. Muitos estudantes chegando de vários lugares do mundo. Muitos idiomas falados pelas ruas.
Uma hora eu estava falando no telefone público da portaria do prédio e passou por mim um conhecido, que me cumprimentou. Bah! Gaúcho, ainda! Diego, um dos guris que concorreu comigo a uma bolsa de estudos. Sem ressentimentos, porque nem ele nem eu levamos a bolsa. Quando desliguei o telefone, caminhamos juntos para a NYU Professional Bookstores, onde comprei um livro jurídico – o primeiro de uns tantos -, leitura obrigatória para a disciplina que começa segunda-feira, “Introdução ao Direito dos EUA”.
Ah, e no Washington Square Park eu me deparei com uma estátua do Garibaldi. Ele mesmo, o Giuseppe. Já vou combinar com o amigo gaúcho que podemos fazer ali mesmo o Desfile Farroupilha em 20 de setembro.
No reconhecimento de território, percebi que Greenwich Village tem um número absurdamente incontável de opções de alimentação. Hoje comecei com o básico, pra quebrar o gelo: café da manhã no Starbucks e almoço no Subway (dando a volta na quadra tem uns cinco ou seis). Mas enquanto não me estabilizo no quarto definitivo, vou fazer outras experiências: já vi um lugar de falaffel na rua do lado, um restaurante vegetariano na rua da frente, um Dunkin’ Donuts logo ali…
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Enfim: entre minhas duas chegadas a New York City, fico com a de hoje, sem dúvida. Nem imaginava que estaria tão bem e tão rápido. Deu tudo muito certo, e sou muito grato a Deus por isso. Posso tranquilizar todos os que acompanham o blog: o Guri is doing fine. 🙂
Maninho! Adorei teu post! Senti que estás feliz e tranquilo com a nova vidinha! Espero que amanha tudo dê certo com o início das aulas e com a mudança do apê! Beijos!
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Martin, gostei de saber como foi a tua chegada a New York. Nós estamos aqui, tão longe, que ler um post teu nos traz mais para perto. É bom saber que nosso amigo querido chegou bem, conseguiu fazer boas compras(especialmente the softest pillow in the world!). Estamos ansiosos aguardando mais novidades. Abraços.
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morri de emoção com esse post! ainda vou pegar um gipsy taxicab (mesmo que custe mais caro) in the city that doesn’t sleep. gipsy taxicab, gipsytaxi cab, gipsy taxicab!fica bem! 🙂
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