Faz quase um terço de ano que assumi o desafio de um emprego novo. Para minha surpresa, um dia desses um casal de amigos próximos ainda achava que eu continuava no trabalho anterior.
Engano perfeitamente compreensível. Foi uma transição inesperada, rápida e discreta.
Na mesma semana em que voltei da Índia, no fim de janeiro, o RH de um grupo de mídia (jornal, rádio, TV e online) encontrou meu perfil no LinkedIn e manifestou interesse em me entrevistar. Eu não tinha muito interesse inicialmente, porque estava em linhas gerais bem satisfeito no meu trabalho e não estava pensando em buscar outras oportunidades. Depois de um pouco de insistência, concordei em participar de uma entrevista, que acabou levando a outras quatro e, no início de março, a uma proposta de emprego que eu não podia deixar de considerar.
Fico impressionado com minha propensão a me encontrar em dilemas que não procurei. Trabalhando por um ano e meio como advogado associado na área contratual de um escritório de advocacia respeitado de Porto Alegre, sentia que vinha crescendo bastante na prática transacional e consultiva. Gostava do trabalho, do clima de trabalho, do chefe, da equipe, das outras equipes. Nada era perfeito (porque nada é), mas eu não estava procurando alternativas. Eis que surgiu uma, e então eu tinha de decidir.
Avaliei cuidadosamente a proposta. Achei que valia investir na mudança (de escritório de advocacia de porte médio a departamento jurídico de sociedade empresária grande), pela experiência de trabalho sob um ângulo inédito, pelas perspectivas de carreira, pelo prazer de trabalhar com comunicação. Fui transparente quanto à proposta a meu chefe à época. Por fim, resolvi sair do escritório — em muito bons termos com o chefe e os demais sócios — e aceitar a proposta.
Impossível saber se foi a melhor decisão, em termos absolutos, e acho que nem cabe tentar chegar a uma conclusão sobre isso. As certezas que tenho hoje são de ter tomado a melhor decisão que poderia tomar naquele momento, de gostar do que faço tanto quanto gostava do que fazia, de continuar crescendo profissionalmente e trabalhando com ética e dedicação.