Preciso admitir (com vergonha) que tenho sido um coralista ausente. Faltei a dois dos últimos quatro ensaios do Grupo Cantabile. Estou sujeito a puxões de orelha do regente, da preparadora vocal, dos colegas. Preciso estudar as partituras e correr atrás do prejuízo.
Feito esse necessário mea culpa, vou adiante.
Entrando no clima de final de ano, o coro está preparando trechos do Messias de Händel. Num dos últimos ensaios, percebi que em vários versos do Messias as terminações “-ed” da letra em inglês foram musicadas para serem pronunciadas como sílabas independentes.
Por exemplo, a palavra “revealed” em “And the glory of the Lord” deve ser pronunciada
“re-vea-LED“, em vez de “re-VEAL’D“, como se pronuncia no inglês corrente. Achei estranho.
Pesquisando um pouco, encontrei um artigo acadêmico que trata especificamente sobre a pronúncia das terminações “-ed” no Messias de Händel. (Viva a Academia! Viva o Google!)
O artigo esclarece que a pronúncia “re-vea-LED” já era obsoleta cinquenta anos antes de Händel nascer. Quando ele compôs seu famoso oratório Messias, a pronúncia corrente já era “re-veal’d“, como ainda é atualmente.
Mas por que, então, Händel teria usado uma pronúncia obsoleta? A hipótese do autor do artigo é que tenha sido uma estratégia do compositor para imprimir mais solenidade e reverência aos textos bíblicos usados no seu oratório.
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