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Festival de Hamamatsu: dia 2

Meu segundo dia no Japão começou com mais um café da manhã cinco estrelas na casa da Misako. O principal destaque da refeição foi para o nattō (“natô”), uma comida japonesa feita de grãos de soja fermentados (e grudentos), servida com mostarda ou molho shoyu e acompanhada de arroz. Gostei muito! E o outro destaque foi sem dúvida para os morangos, que no Japão são invariavelmente e deliciosamente doces.


Café da manhã: nattō no canto inferior direito

Após as bandas musicais e os carros alegóricos no centro da cidade no primeiro dia do Hamamatsu Matsuri, o plano para boa parte do segundo dia de festival foi assistir à batalha de pipas (Tako-Age) nas dunas da praia de Nakatajima.

Diz a lenda que no século XVI o governante de Hamamatsu empinou uma pipa para comemorar o nascimento do seu primeiro filho. Até hoje continua a tradição: primeiro se empinam as pipas menores (Hatsudako) em homenagem aos recém-nascidos.

Depois disso começa a batalha (é batalha, mesmo, à la O Caçador de Pipas) entre mais de 170 pipas enormes (tamanhos variando entre 2,5 e 3,6 metros quadrados), cada uma com o símbolo de uma localidade de Hamamatsu.


A caminho das dunas de Nakatajima


Chegada às dunas de Nakatajima: uma multidão e dezenas de pipas!


Time de uma localidade de Hamamatsu carregando sua pipa


O céu fica todo colorido com as pipas das diferentes localidades de Hamamatsu


Equipe preparando-se para empinar a pipa


Do alto das dunas, uma ideia melhor da área e da multidão que participa da festa


As dunas e a praia de Nakatajima

Após piquenique na praia e visita à irmã da Misako, à tardinha voltamos para o centro da cidade. Aproveitei para tirar uma foto da Act Tower, o maior arranha-céu da cidade (213 metros, 45 andares), em forma de harmônica (gaita de boca) – mais uma referência à importância da música na economia e na cultura de Hamamatsu.


Act City ao fundo; o edifício poligonal no primeiro plano é o terminal de ônibus

A volta ao centro à tardinha foi para encerrar o dia também imerso no Festival de Hamamatsu. No primeiro dia apenas assistimos ao desfile dos carros alegóricos (Goten Yatai). No segundo, fomos não só assistir, mas puxar nós mesmos o carro alegórico de Shijimizuka, o bairro onde mora a irmã da Misako! Foi uma excelente ideia o convite da Misako para comemorar de forma tão única e inesquecível o meu aniversário. 🙂


Vestindo happi, aniversariante pronto para puxar o carro alegórico


Apresentação musical das crianças em frente ao Shijimizuka-cho Goten Yatai


Um entre vários japoneses (garoto-propaganda Nikon) puxando o Shijimizuka-cho Goten Yatai


Trânsito intenso de Goten Yatai, já iluminados ao entardecer


Multidão acompanhando o desfile, em frente à sede da Yamaha


E o desfile continua à noite, com os Goten Yatai iluminados

Festival de Hamamatsu: dia 1

A viagem de ônibus do post anterior – o primeiro da série sobre minha viagem ao Japão – foi para o centro da cidade para prestigiar o Festival de Hamamatsu (Hamamatsu Matsuri), comemorado na Semana Dourada (3 a 5 de maio). Hamamatsu é a sede mundial da Yamaha e, em parte por isso, uma cidade onde a música é parte importante da cultura. No festival, houve apresentações e desfiles das muitas bandas da cidade.


Apresentação musical no centro de Hamamatsu 


O prefeito de Hamamatsu e uma atriz mirim famosa participando do desfile


Guloseima festiva: bananachoco, banana coberta com chocolate!

Um dos destaques do Hamamatsu Matsuri é o desfile de mais de 80 carros alegóricos ou “altares móveis” pelas avenidas do centro da cidade. Cada carro de madeira trabalhada e esculpida é uma verdadeira obra de arte que representa uma parte ou bairro da cidade, com bandeiras, cortinas, lanternas, cores e diversos outros símbolos característicos.

À frente de cada carro mulheres e homens, vestindo o happi (jaqueta) que identifica seu bairro, “puxam” com orgulho o carro alegórico pelas ruas, por cordas (é claro que as cordas hoje em dia são só pela tradição; todos os carros são motorizados). Dentro do carro crianças de cada localidade, vestindo trajes festivos bem coloridos, tocam instrumentos musicais tradicionais, numa apresentação musical chamada de ohayashi.

Outra parte marcante do festival é o Neri, o desfile dos estandartes e lanternas coloridas das localidades. Os moradores passeiam em blocos pelas ruas, ao som de cornetas e tambores, cantando “oisho, oisho“, e marchando todos no mesmo ritmo desse cântico. É impossível não sonhar com “oisho” depois de um dia de festival. É também praticamente impossível registrar o Neri em foto, porque os blocos passam muito rápido!

As atividades do festival vão até tarde da noite e as avenidas e ruas ficam tomadas pela multidão que acompanha os carros alegóricos e os blocos dos estandartes.

No fim da noite do primeiro dia de festival observei um sinal luminoso com tradução em língua portuguesa perto estação central de ônibus de Hamamatsu. Nossa língua não é muito comum no Japão de forma geral, mas bastante comum em Hamamatsu, para onde muitos brasileiros (de origem japonesa – os Nikkei – ou não) emigraram nos anos 1980 e 1990 em busca de emprego na indústria local. Já nos anos 2000, muitos brasileiros  desempregados no Japão receberam ajuda de custo do governo japonês para retornar ao Brasil. Hamamatsu é ainda hoje a cidade japonesa com o maior número de brasileiros. Em 2015, tinha 15,899 brasileiros, 60% da população estrangeira da cidade.

Na próxima, conto sobre as aventuras do segundo dia de festival – meu aniversário! 🙂