Lá vou eu falar do transporte coletivo de Bonn. Desculpem, mas fazer o quê? É algo que faz parte da minha vida. Ah, se faz!
Meu esquema aqui com o sistema de transporte é o seguinte (acho que até já contei, mas não custa recapitular, como nas primeiras semanas de aula no ensino fundamental): com um Monatsticket de € 54,30 posso usar todas as linhas de ônibus da cidade quantas vezes por dia e por mês eu quiser. Esse é meu principal interesse, pois tenho de pegar dois ônibus para vir de casa ao Secretariado. Porém, com o cartão também posso usar livremente as linhas de Straßenbahn (que é um trem urbano ou bonde) e metrô (que basicamente é o Straßenbahn subterrâneo), também nos limites da área urbana de Bonn.
O mais interessante é que o sistema confia totalmente na honestidade das pessoas. Não há catracas. Isso é ótimo, porque “catracas” é uma palavra bastante feia, e também porque catracas apatralham a vida das pessoas. O curioso da história é ver as estações de metrô livres de qualquer impedimento à entrada: simplesmente se pode chegar a qualquer estação e entrar no primeiro trem que vier.
O mês está chegando ao fim, assim como o período de validade do meu Monatsticket. No máximo até sexta-feira precisarei comprar outro. Mais € 54,30 – caro pro dinheiro brazuca (que nessas horas pouco tem de real!), mas razoável ou talvez até barato para padrões europeus.
Em tese pode haver fiscalização, e a multa para quem não tem bilhete válido (unitário ou promocional como o meu Monatsticket) é de € 40,00. Eu nunca fui fiscalizado, e além disso sempre ando com ticket válido; o mesmo, porém, não se pode dizer da Yuki.
A Yuki é a personagem principal do meu curso de alemão. Na vinda para o Secretariado, hoje de manhã, eu ouvi no MP3 (sim, aqui é até seguro ouvir MP3 no ônibus!) uma lição de alemão em que a Yuki foi “flagrada” sem ticket em Munique. Na verdade, pobrezinha, ela tinha comprado o ticket, só tinha esquecido de carimbá-lo. Mesmo assim, não teve conversa com o fiscal, e ela teve de pagar a multa, que em Munique acho que é de € 30,00.
Agora preciso correr pra não perder o ônibus – pelo uso do qual, aliás, pretendo continuar pagando, de mês em mês! No Brasil eu provavelmente passaria por trouxa. Diriam que o risco de ser fiscalizado é pequeno, e que valeria a pena correr esse risco. Sou bastante averso ao risco, mas não é só: pra mim, honestidade não tem preço.
Sem dúvida honestidade não tem preço e é realmente impressionante, mas não acredito em honestidade cultural, uma coersão tecnológica assimilada me soa melhor, deve haver algum controle eletrônico sobre o uso do cartão. O binômio necessidade x oportunidade é que define o caráter, antes de estar exposto a esses dois não se pode ter certeza de nada. Abraço. Lu
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Pois é, Lu… mas realmente não tem controle! Quer dizer, o controle é eventualmente feito por fiscais. É mesmo surpreendente!Agora, quanto ao que disseste sobre necessidade e oportunidade, concordo totalmente. É só nos momentos em que somos testados (e Deus permite ou mesmo coloca essa situações na nossa vida) que podemos realmente verificar nossa integridade.
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Meu marido tem jobticket mas já viu muita gente pagando a multa na hora ou sendo retirado do onibus. Não é tão dificil assim ser pego, ñão.
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