O que eu tinha pra contar ontem (o dia do boicote) é o seguinte: anteontem, 31/03, fui à festa de aniversário da Codi, minha tia-avó que fez 101 anos. Entende por que eu não queria dizer isso em 1º de abril?
A lucidez dela é o que mais me impressiona. Ela se lembra de toda a parentada, e mais os vizinhos e os amigos e a árvore genealógica de todos, inclusive de gente que não a visita há anos. (Não é o meu caso, ok; não sou nem tão assíduo nem tão relapso.) Sabe nomes de sobrinhos-netos ou sobrinhos-bisnetos (!) que ela nem conhece; sabe o que fazem da vida, onde moram, quais deles casaram e com quem. E a cada manhã ela se lembra de alguma data – “hoje é aniversário do fulano” – sem olhar na agenda, que ela nem deve ter.
Pra variar, quando a abracei e lhe dei os parabéns, ela veio com aquele papo de “este é o meu último aniversário…”. É assim. Cada vez que a gente a visita, ela diz que é a última. Não é que ela não dê valor à vida – talvez só ache que já viveu o bastante. Mesmo estando ansioso pela Vida Eterna, aos 23 anos acho difícil ter a mesma perspectiva. Mas, se tivesse 78 anos a mais, acho que pensaria bem assim.
De qualquer forma, é Ele quem decide. Bom mesmo é estar sempre preparado.