O fato de que outubro está acabando é um pouco assustador. Falta apenas um mês (o tipicamente conturbado novembro) para terminar o semestre… Tenho vários motivos para entrar em pânico. Mas todos os meus motivos para entrar em pânico são também motivos para não entrar em pânico (porque sei que, se entrar em pânico, não vou conseguir fazer tudo o que preciso). Ou seja, não posso entrar em pânico. Não vou entrar. Será que já entrei? Haha…
Outra coisa do fim de outubro é essa história de Halloween. Sempre tive certa má-vontade com Halloween. Primeiro, porque 31 de outubro, pra mim, nunca será dia de festa das bruxas. É Dia da Reforma, uma data importante para a Igreja Luterana (e, porque não dizer, para toda a Igreja Cristã). Segundo, porque transculturação, pra mim, tem limite. Halloween é um elemento estranho à cultura brasileira e, como eu já não sou muito simpático à ideia, não faço questão de que seja incorporado. Terceiro, não tenho dinheiro pra gastar com fantasias. 😛
Essa minha casmurrice se refletiu nas (pseudo)fantasias que usei nas duas únicas festas de Halloween a que já fui. No ano passado (não acredito que já faz quase um ano desde a festa de Halloween da minha turma do Direito!), várias colegas foram vestidas de bruxas, com suas vassouras (típico), então antes de ir à festa passei no súper e comprei (acho que custou uns dois reais) uma pá de limpeza. Pronto: assessor de bruxa. (Muito pertinente: assessores são figuras importantes no mundo jurídico.)
Ontem teve festa de Halloween na NYU Law. Houve certa pressão de alguns colegas para que eu arranjasse uma fantasia, mas nem me esforcei, pelos motivos um e três acima – o dois não vale porque aqui Halloween é um elemento cultural bastante forte, e a galera se puxa muito na hora de se fantasiar! Já eu estava pronto pra ir fantasiado de mestrando…
Acontece que casualmente eu estava usando uma camisa polo com o emblema das Nações Unidas. Perfeito! Minha fantasia: Relator Especial das Nações Unidas sobre Festas de Halloween. Como observador neutro, não me diverti na festa. Tampouco estava autorizado a me envolver em qualquer confusão que eventualmente acontecesse – o máximo que eu poderia fazer era exortar às partes que, por favor, mantivessem uma conduta compatível com a paz internacional e o respeito aos direitos humanos. Minha missão era apenas tomar nota, com a maior imparcialidade possível, do que estava acontecendo.
Amanhã, 31 de outubro, Dia da Reforma, vou passar boa parte do dia no retiro do Alpha na City Grace Church. À noite, talvez assista por um tempinho à parada de Halloween de NYC, a qual obviamente será aqui em Greenwich Village (onde mais em NYC uma maluquice dessas poderia acontecer?). Um amigo meu disse que essa parada de Halloween está em terceiro lugar depois de Sodoma e Gomorra… que horror. Mas estou imune. Estarei lá no meu papel como UN Special Rapporteur.
(Carnaval, aliás, é outra coisa que desperta a minha casmurrice. Acabo de me lembrar do que aconteceu quando fui ao carnaval de Bonn, “só pela experiência cultural”. O que aconteceu? Voltei com a sensação de ter perdido tempo. Talvez o mesmo aconteça amanhã quanto à parada de Halloween.)
Este post também serve para avisar que novembro não será um mês de tanta postância. Lamento pelo balde de água fria no blog, mas três papers e duas provas adiante sugerem que preciso me concentrar.