The Bobst Mysteries

Tô aqui na Bobst, pra variar; estudando, pra variar. Saio da sala por cinco minutos (para um intervalinho de barra de cereal) e já me destraio com um mistério.

Saboreando minha barra de cereal e caminhando de um lado pro outro no corredor, me deparo com um pedaço de papel com a frase: “We are PEOPLE not PROFIT.” = “Somos PESSOAS, não LUCRO.” Ok: alguma espécie de protesto (vai saber contra quem? a universidade, talvez?). O que me intriga, porém, é como o pedacinho de papel foi parar ali.

Pra quem não conhece a Bobst, talvez valha a pena descrever um pouco o lugar, porque a foto (tirada com o celular, através de um vidro e de um ângulo complicado!) não é lá muito clara. A parte central da Biblioteca Bobst é “oca” (uma palavra que eu cuidadosamente selecionei no meu imenso vocabulário técnico de arquitetura). Tirei a foto olhando do corredor-galeria do décimo andar para baixo. (O padrão em preto, branco e cinza que predomina na foto é o piso do térreo; os semicírculos pretos são bancos estofados no saguão central.) Em cada andar, há um vidro de mais de dois metros de altura na beirada da galeria, como medida de segurança. Além disso, do lado “de fora” do vidro há uma grade de um metro de altura. O pedaço de papel que vi está entre o vidro e a grade! Como? Intrigante.

Segundo fator intrigante: que lugar mais estranho para um protesto, não? Fico me perguntando quantas poucas pessoas já tiveram a feliz ideia de, durante um intervalinho de barra de cereal, perambular pelo corredor do décimo andar observando o espaço estreito entre o vidro e a grade pra ver se encontram algum pedaço de papel com um recadinho de significado obscuro.

Terceiro fator intrigante: as hastes das grades de proteção em formato de cruz. Por incrível que pareça, há quem consiga não se sentir suficientemente encorajado pelo vidro de mais de dois metros de altura e pelas grades a ficar com os pés firmes no corredor-galeria e a desistir da ideia de aprender a voar. (Infelizmente, é isso mesmo. Já aconteceu algumas vezes. Uma delas, em novembro do ano passado.) Seria coincidência o formato das hastes das grades?

Se eu fosse inventar de colocar um recado entre o vidro de dois metros de altura e as grades do corredor-galeria do décimo andar da Bobst (e soubesse uma forma segura de fazer isso!), minha mensagem seria diferente; algo mais no estilo: “Think twice. Jesus loves you.” = “Pensa bem. Jesus te ama.” Acho que é isso que um bom protestante (!) faria.

Uma ideia sobre “The Bobst Mysteries

  1. Pingback: De spam à biblioteca ao suicídio à arquitetura | Martin D. Brauch

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