O primeiro evento do casamento foi um dia de piquenique na casa de férias da família da noiva, à beira do lago-represa de Uksan, em Kamshet, a sudeste de Mumbai.
Quer dizer, foi o primeiro evento de que participei. O casamento começou com a cerimônia perante a autoridade religiosa (muçulmana), no início de janeiro, restrita às famílias — a alguns homens das famílias, entenda-se. A festa principal (para 2.500 convidados), gran finale do casamento, ficou marcada para 19 de janeiro. Antes dela, houve duas semanas de recepções menores, essencialmente familiares, mas para as quais eu também estava convidado. Acabei participando apenas da segunda dessas semanas, até porque eu não tinha tanto tempo de férias e queria também aproveitar para passear em outras partes da Índia.
Voltando ao piquenique: o dia começou cedo. Às 6h da manhã estava em frente ao hotel com os demais amigos da NYU ali também hospedados, aguardando um dois dois ônibus que levariam os convidados a Uksan. A viagem de 110 Km por estradas caóticas em meio a paisagens rurais deslumbrantes durou umas três horas. Aproveitei para pôr o papo em dia com a Pam, amiga canadense que “era” minha Study Group de Transnational Law na NYU (nosso grupo de estudos era, na verdade, uma dupla!).
A proposta do piquenique, conforme o informado no convite, era: “pipa, banho no lago e mehendi [tatuagens festivas para o público feminino]”. Acabou sendo bem mais: comidas deliciosas, apresentações artísticas, cricket, música e dança.
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Uma das convidadas ganhando uma tatuagem de henna (mehendi) |
Na chegada, a decoração ao ar livre e a vista do lago compensaram o chacoalhar da viagem. Três tendas decoradas com flores e mobiliadas com espreguiçadeiras foram estrategicamente montadas no gramado, uma ideia excelente para as conversas dos convidados. Uma grande tenda branca protegia as mesas de refeição do forte sol. Outra ideia genial foi a árvore das pipas: cada convidado escrevia uma mensagem aos noivos em uma pequena pipa de celofane e a pendurava numa árvore, que ficou repleta de pipas coloridas.
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Ao fundo, o lago; ao centro, as tendas floridas com espreguiçadeiras; à direita, parte da tenda branca com as mesas de refeição |
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A Pam fotografando a árvore das pipas depois de deixar sua mensagem ali |
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A tenda branca com as mesas de refeição; ao fundo, uma ponta de terra perto do lago, lugar das pipas e, depois, do cricket |
O café-da-manhã que nos esperava na chegada era um verdadeiro banquete. Numa das extremidades da tenda branca, um buffet vegetariano; na outra, um não vegetariano. Eu me senti bem em casa no lado vegetariano, graças à ajuda do amigo indiano Atul, colega da NYU e vegetariano como eu, que me deu todas as dicas de que eu precisava quanto aos pratos indianos. Infelizmente não tive como memorizar todos os nomes, mas o certo é que eu provei de tudo que o Atul me recomendava. Mal tinha terminado o farto café-da-manhã, foi servido um almoço mais completo ainda.
A Rahela, a noiva, já tinha dito para mim e outros colegas estrangeiros da NYU que nesse piquenique várias “comidas de rua” indianas bem originais seriam servidas e que poderíamos comer sem preocupação, porque tudo seria feito com ingredientes de procedência segura. O grande problema de estrangeiros com alimentação na Índia é com a água, que comumente agride os estômagos e intestinos não imunizados contra alguma bactéria particularmente indiana. Por isso, o cuidado especial da noiva. Além de chai (obviamente), café e refrigerantes, serviram também água engarrafada, para a segurança dos gastrointestinal dos estrangeiros!
Ah, e nada de álcool, em nenhum evento do casamento, por observância aos preceitos islâmicos. Não por isso a diversão foi menor que em qualquer casamento a que eu já tivesse ido!
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O lado vegetariano do buffet |
Meu delicioso prato de café-da-manhã |
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Os noivos estavam superfelizes, visitando cada uma das mesas |
Com meu prato de almoço à sombra, junto com o pessoal da NYU (O chapéu também foi ideia dos organizadores!) |
Os noivos dançando, inicialmente com a família, mas depois com todos os convidados (e aí não tirei mais fotos, porque também fui aprender uns passinhos indianos!) |
Como é bom celebrar a felicidade dos nossos amigos, ainda mais o amor! belo relato.Beijo.
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