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Capital Federal, por primera vez

Virginia, mãe de meu amigo Enrique e dona da hospedería, me ofereceu carona a Buenos Aires. Lá encontramos sua filha e sua mãe e almoçamos (três gerações de mulheres e eu!) no restaurante do Yacht Club Argentino. Às margens do Río de La Plata, o lugar é muito agradável. Fica em Porto Madero, uma zona portuária recentemente modernizada que se tornou o ponto mais cobiçado (e caro) do mercado imobiliário da Capital Federal. Ali há muitos apartamentos de luxo e a área é a mais segura da cidade.

Dali, Alejandra (a mais nova das três gerações!), que mora em Buenos Aires há alguns anos, me levou a um rápido passeio por alguns pontos turísticos da cidade. Vimos a arte na rua em San Telmo, passamos pelas lojas na Calle Florida e chegamos a ver a famosa Plaza de Mayo. A Casa Rosada estava em reformas, toda encoberta por andaimes. Nem fico indignado, porque já estou consciente de minha sorte de turista…

Atravessar a avenida mais larga do mundo (onde está o famoso Obelisco) em um só tempo de semáforo é uma tradição divertida, segundo me disse Alejandra. Tentamos, mas infelizmente não conseguimos. Por culpa minha, admito – ainda não posso correr muito, por causa de uma cirurgia no pé que fiz há mês e meio. Mas tudo bem, até o fim do meu estágio aqui haverá oportunidades para fazer outras tentativas. Ou então já tenho (mais) um motivo para vir à Argentina outras vezes.

Explorando o território

Hora de explorar meu novo território! Novo, sim, mas nem tanto: em alguns aspectos, La Plata se parece com Pelotas. É uma cidade bastante quente e úmida no verão. Tem porte médio (pouco mais de 600 mil habitantes) e conta com uma Universidad Nacional e muitos órgãos públicos. Os prédios mais antigos datam de fins do século XIX e são na maioria de estilo neoclássico. Muitas ruas ainda têm calçamento de pedra. A cidade tem a forma de um grande quadrado e os cruzamentos são perfeitíssimos ângulos retos.

A bem da verdade, nem todos: além de ruas paralelas e perpendiculares que formam um emaranhado, há algumas… diagonais. Quando vi o mapa, achei que me poria louco ou me perderia no primeiro passeio. Errado. As diagonais, logo se vê, fazem muito sentido, porque permitem atravessar a cidade-quadrado de um vértice ao oposto pelo caminho mais curto possível, o que poupa bastante tempo.

La Plata é muito arborizada. Além das praças a cada cinco ou seis quadras, há muitas árvores ao longo das ruas, de forma que se pode evitar facilmente o sol forte. Ao norte da cidade (a poucas quadras da hospedaria!) há um bosque urbano, perfeito para fazer caminhadas, praticar esportes ou descansar à sombra. (De dia, claro – tudo lindo e maravilhoso, mas ainda estamos falando de América Latina.) Em meio ao bosque há vários prédios da Universidad, o Museo de Ciencias Naturales, o Observatorio… além dos dois principais clubes de futebol – o Estudiantes e o Gimnasia y Esgrima.

As fotos são da Plaza Moreno, a praça central. Um de frente para o outro, a um e a outro lado da praça, estão os prédios da Municipalidad de La Plata e da Catedral, que é a maior igreja em estilo neogótico construída no século XX. É católica, claro, daquelas absurdamente deslumbrantes, que me fazem pensar que… bem, que às vezes os cristãos não pensam direito! Deixando de lado toda a extravagância, a igreja tem um conjunto de sinos que tocam diversas melodias. Tive a sorte de ouvi-los quando passava por ali, mas subir o elevador de uma das torres… vai ficar para outro dia!

Vida nueva

Nunca fiz listinha de “resoluções de Ano Novo” (ou pelo menos nunca as escrevi) e não acredito em promessa de campanha. Por essas e por outras, tampouco me digno a perder tempo e espaço no primeiro post de 2007 com compromissos de postar mais este ano. E isso simplesmente porque não sei (tudo) o que me aguarda.

Quando comecei o Blog do Guri, supunha que 2006 seria um ano acadêmico tranqüilo e que por isso não teria problemas para manter certa constância de postagem. Agora me pergunto se quem pensava assim era realmente eu ou se era alguém pensando por mim. Não acredito que tenha podido permitir a mim mesmo tamanha ingenuidade.

Após o Natal, quando finalmente pude relaxar a intensa dedicação aos estudos, senti como nunca que precisava de férias. E fugi. Passei semanas offline. Passei tempo com a família de perto e também com a de longe. Dormi como hibernasse, em pleno verão subtropical. Nadei em piscina, lagoa e mar. Tomei sol: até quebrei um pouco do gesso.

Mas agora basta. Paralelamente ao turbilhão de fim de ano, tratei de arranjar tudo com uma fundação argentina para fazer um estágio de 25 dias com o fim de (começar a) desenvolver meu trabalho final de graduação em Economia. Cheguei ontem a La Plata (capital da Província de Buenos Aires). Tive as conversas iniciais com o diretor da fundação e instalei-me na hospedaria mantida por meu amigo Enrique e sua mãe.

“Que vais fazer?”, hoje alguém me perguntou, aqui na pensão. E eu me surpreendi mudo. O estágio só começa na segunda-feira. À exceção do amigo e alguns conhecidos que fiz ao longo do dia, só vejo estranhos. Tampouco conheço a cidade. E digamos que minha desenvoltura no castellano não é impressionante, ao contrário do que meu gentil amigo insiste em afirmar – assim que também o idioma é pura novidade. Todos os aspectos do que já se passou nessas 24 horas desde que aqui cheguei merecem um post próprio!

O que ia fazer hoje? Devolvi uma simples cara de ponto de interrogação… ¡Vida nueva!