Não há almoço de graça. Ou há? Um evento extraordinário aconteceu comigo hoje, e fez me lembrar (e duvidar um pouco) dessa frase tão ouvida e repetida entre economistas.
Desde que cheguei em NYC, há uma semana, todos os dias têm sido muito extraordinários, no sentido de que diferem bastante do que costumava ser ordinário para mim. English as a daily language, moradia nova, faculdade nova, mestrado (curso novo!), rostos que eu nunca tinha visto, novas amizades, comidas diversas (entre si e do meu usual)… uma lista quase interminável de extraordinariedades.
Mas tudo isso é apenas temporariamente extraordinário. Aos poucos estou me acostumando com as novidades todas, e quando estiver plenamente acostumado (prevejo e espero que em breve), o hoje extraordinário se tornará o meu novo ordinário.
Agora, o que me aconteceu hoje foi “extraordinário em sentido estrito”, aquele tipo de coisa que continua sempre extraordinária, porque (feliz ou infelizmente) tende a não repetir-se muito na vida de uma pessoa (ou até não se repete nunca).
Calma, já conto qual foi o evento extraordinário, afinal de contas.
No intervalo da aula (11h-11:30), comi uma maçã. Mas isso ainda não foi o extraordinário. Todos os dias da semana comi uma maçã no intervalo – além de servir para “me manter saudável”, acho superapropriado e adequado ao contexto (maçãs… Big Apple… tudo a ver).
O extraordinário começou quando eu resolvi sair do pátio da faculdade para buscar um café por ali (isso do café também talvez se torne ordinário, porque me fez muito bem – muito embora o café aqui não seja lá tudo isso). Bom, comprei meu café e fui caminhando de volta pra faculdade.
E aí, sim, (explosão), o mais extraordinário. Nem acreditei. Na rua, bem ao lado da calçada, vi uma cédula. Pensei, “oh, a dollar“. E olhei à volta, meio desconfiado, achando que poderiam estar filmando uma pegadinha idiota (agora me lembrei de uma cena de Family Guy).
Voltando à minha história: aluno latinoamericano pobre da NYU vê uma cédula na rua. Peguei a cédula. E aí sim achei que era pegadinha. Não era uma nota de um dólar. Era uma de vinte.
Foi um daqueles momentos em que tu vês todas as leis de probabilidade rodopiarem ao redor da tua cabeça, e ficas até com medo de que as coisas mais absurdamente improváveis comecem a acontecer naquele instante (tipo um ar condicionado cair na tua cabeça – tão absurdo que até já foi hipótese de questão do Exame da OAB).
What are the odds? Por que eu saí para comprar o café justo hoje naquela hora? Por que passei por aquela rua para voltar para a faculdade? Quanta gente passa por ali… por que justo eu vi a nota? E aliás, por que olhei para o lado bem quando estava passando pela nota? Sei lá, acho que nenhuma dessas perguntas tem resposta.
A essas alturas o leitor esperto já sabe por que hoje, para mim, houve almoço de graça. Aliás, mais uma circunstância extraordinária: já estava planejado um almoço-socialização do grupo dos mestrandos no restaurante mexicano Dos Caminos Soho (esquina da Broadway com Houston). A conta foi mais pesada do que planejei… mas saiu de graça.
Claro que, no fundo, alguém pagou por esse almoço. Tenho pena de quem perdeu o dinheiro… espero que não lhe faça muita falta. Pra mim (eu que estou economizando em tudo quanto é possível!), foi como colher maná, o alimento que Deus mandava para os hebreus a cada manhã durante a peregrinação pelo deserto rumo à terra prometida.
Deus é muito bom! E cuidadoso!bjs
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Bom saber de ti, que estás bem e te alimentando bem!!!! abarços saudososdani e lufe
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an apple a day keeps the doctor away. 😉
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Eu tinha me esquecido TOTALMENTE desse ditado… muito apropriado! 😀
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