Não conheço a Itália (ainda). Já vi algumas construções ou ruínas romanas na Alemanha (em Bonn) e no Reino Unido (em York). Por isso, estava bastante curioso para conhecer as ruínas romanas de Aquincum, ao norte de Buda. Num dia de folga, atravessamos de metrô para a estação Batthyány ter, de onde tomamos um trem HÉV até o Museu Aquincum. Chegando lá, fiquei muito impressionado com o tamanho do parque arqueológico.
Panorama do parque arqueológico de Aquincum
Em meados do primeiro século depois de Cristo, os romanos estabeleceram um castrum, assentamento militar para fins de defesa, na região da atual Óbuda (literalmente, Antiga Buda). Ao norte dali, formou-se o assentamento civil que deu origem a Aquincum.
Em 106 d.C., o Imperador Traianus elevou Aquincum ao status de capital da província romana de Pannonia Inferior. Seu sucessor, o Imperador Hadrianus, declarou-a Colonia Splendidissima. No seu auge, Aquincum chegou a ter entre 50.000 e 60.000 habitantes.
Nos seus cinco séculos de existência, Aquincum chegou a uma área de 2,7 quilômetros quadrados. Os muros da cidade tinham 1,5 quilômetro de extensão, e o aqueduto, 3,5 quilômetros. Havia dois anfiteatros – um civil, para 5.000 ou 6.000 pessoas, e um militar, para 13.000 pessoas – e dois fóruns, importantes centros da vida pública romana. Também havia 9 banhos públicos (apenas 2 a menos que Roma!) e 4 banhos privados. Já naquela época surgia a tradição das termas de Budapeste.
A cidade começou a decair a partir das invasões dos Sármatas (povos iranianos), em meados do século IV, e dos Germanos, a partir do século V. Na Idade Média, Buda surgiu onde ficava o campo de legionários de Aquincum; no outro lado do Danúbio, Peste surgiu a partir da fortificação romana de Contra-Aquincum.
Em 1778, um vinicultor de Óbuda descobriu resquícios de de um sistema de aquecimento de uma antiga casa romana. Foi a primeira descoberta arqueológica ligada à cidade de Aquincum. Aos poucos, uma área maior foi escavada, embora chegando apenas a um quarto da área original da antiga cidade.
As ruínas visíveis hoje demonstram o impressionante nível de urbanização de Aquincum: ruas calçadas, fórum, tribunal (basilica), anfiteatro, mercado público (macellum) e aqueduto, templo (Mithraeum), além de prédios privados, como casas e lojas (tabernae). É fácil identificar as fornalhas para o aquecimento das águas dos banhos e o avançado sistema de aquecimento das casas: sob o piso passavam canais de água quente e vapor.
Junto ao muro da cidade, hoje está o lapidarium, com diversos túmulos, estátuas e monumentos de pedra. Outra atração é a casa de um pintor do século II, reconstruída para demonstrar a arquitetura e o estilo de vida da época. No prédio do museu estão os artefatos encontrados nas escavações.
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