Minha irmã Lu trabalha em home office faz uma década (sim, tudo isso; ela é um pouco velha) e eu comecei em maio do ano passado. Pouco depois – em meados de 2014 – ela veio com uma ideia muito interessante (não sejamos preconceituosos: gente mais velha pode ter ideias interessantes): por que não viajávamos juntos?
A flexibilidade de trabalhar onde estivéssemos nos permitia viajar para algum lugar e ficar lá mais tempo que as tradicionais férias de 7 a 14 dias. Poderíamos folgar em alguns dias, claro, mas também trabalhar em outros, de “casa” ou de diferentes cafés – e nesses dias fazer um pouco de turismo, caminhar pela cidade, ir a um espetáculo qualquer, jantar num restaurante legal. Assim teríamos uma experiência diferente: curtiríamos a cidade não como turistas, mas como residentes.
Tá bem: como 50% turistas e 50% residentes, digamos.
Para nossa Expedição 2015, começamos a olhar alguns destinos no airbnb (muito mais em conta que hotel, especialmente para uma proposta como a nossa).
Paris era uma opção atraente. Seria fácil encontrar um apartamento com conexão boa à Internet (um dos requisitos essenciais, para que pudéssemos trabalhar!). Do resto a cidade cuidaria: arquitetura, cafés e restaurantes, vida cultural… Os preços não chegavam a ser proibitivos – já que racharíamos a conta – mas desencorajavam. Outro fator negativo foi que ambos já conhecíamos Paris. Longe de nós a esnobarmos, mas para a primeira expedição seria clichê.
Então pensamos em Santiago, que não conhecemos e sempre quisemos conhecer. Assim nós valorizaríamos nosso continente natal. O fator “aventura” seria maior, pensamos, por ser um país em desenvolvimento. O preço seria mais em conta. Ambos falamos espanhol. Eu não estaria tão longe de casa – e para a Lu, que não mora no Brasil, seria uma boa ideia estar perto daqui e aproveitar para visitar família e amigos. Tudo bastante familiar. Excessivamente familiar.
Tínhamos de ir a uma cidade menos familiar – ou menos facilmente familiarizável. Seria melhor que não fosse um destino turístico muito óbvio. Poderíamos ousar um pouco, sem radicalizar (Badgá e Cabul continuariam fora da lista de opções!). A expedição poderia muito bem ser pra longe de casa e da zona de conforto. Se não conhecêssemos o idioma, tanto melhor.
Que tal Budapeste? É na Europa, mas não na Ocidental – é ponto turístico, mas menos óbvio. Nunca tínhamos estado lá. Nenhum de nós falava húngaro. E o airbnb oferecia belas opções de acomodação. Logo percebemos que Budapeste reunia a proporção adequada de qualidades e defeitos para uma dosagem certa de aventura e tranquilidade para trabalhar e passear.
Assim foi que a Expedição 2015 ocorreu no mês de maio, em Budapeste. A Lu ficou o mês todo lá; eu cheguei com uma semana de atraso, após a reunião de turma da NYU em Nova York.
O lado Peste de Budapeste, onde moramos
Enquanto estava em Budapeste, fiquei com remorso de “perder tempo” escrevendo a respeito. Preferi aproveitar para absorver tudo quanto pudesse da Expedição 2015.
Agora, de volta ao Rio Grande do Sul por um tempo, começo a encarar as 1500 fotos e os temas para diversos posts aqui no blog, sobre…
- a vida no Erzsébetváros, bairro onde ficava o gueto judeu;
- os espetáculos musicais na Academia Liszt, na Basílica e na Ópera;
- a Sinagoga Ortodoxa e a Grande Sinagoga da Rua Dohány;
- os cafés e restaurantes (que saudade do BookCafé e do New York Café!);
- os banhos de águas termais e a “praia” na Ilha Margit;
- os passeios na cidade antiga de Buda;
- a visita guiada ao Parlamento;
- o passeio de barco pelo Danúbio;
- as visitas a museus, como o Nacional da Hungria e o de Artes Aplicadas;
- as ruínas romanas em Aquincum;
- as estátuas comunistas no Parque Memento;
- as miniaturas do minimundo do Miniversum;
- a arquitetura deslumbrante por toda parte…
- e até uma miniexpedição a Bratislava, Eslovênia. Digo, Eslováquia. Post 1, post 2.
Este é o primeiro de n posts porque eu não sei de quantos vou precisar para cobrir a lista não exaustiva acima! Resolvi me sacudir e enfim começar – mesmo sem meu tradicional planejamento neurótico de cada post – antes que as memórias comecem a falhar.
Aí vem uma série grande e nostálgica sobre Budapeste!
(E depois volto a contar de viagens mais antigas… a defasagem aqui segue grande!)
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