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“Já estou melhor, obrigada”

O mês de junho foi silencioso aqui no blog. E vou romper esse incômodo silêncio com algo inusitado que me intriga há quase um ano e meio. Isto:

Já estou melhor, obrigada“, escrito com azulejos numa parede no centro de Lisboa, bem pertinho da estação de metrô do Chiado. Passei ali várias vezes no Ano Novo de 2008, quando estava por lá com toda a família (“ah, those happy times…“). Em 02/01/2008, antes que fosse embora e perdesse a oportunidade, fotografei.

Por que alguém escreveria “já estou melhor, obrigada” com azulejos na parede? Hoje resolvi googlar (não sei como não me tinha ocorrido fazer isso antes) e, embora não tenha encontrado a resposta, encontrei três fellow blogueiros que fotografaram o mesmo local. Um, em 21/10/2007; dois, em 31/03/2008; e três, em 16/04/2009.

Vale a pena conferir os links, porque os demais blogueiros tiveram mais sorte do que eu: conseguiram capturar os azulejos sem aquele armário ou sei-lá-o-quê metálico horrendo que aparece na minha foto, na frente do “hor” do “melhor”. (“Já estou mel, obrigada”?)

Além do mais, é legal porque são três perspectivas diferentes, de três pessoas que nem se conhecem, sobre um mesmo detalhezinho que lhes chamou a atenção ao passar por uma ruela de Lisboa.

Um detalhezinho, mas não se pode dizer que seja ‘insignificante’… Teve algum significado para uma determinada lisboeta que, em algum momento na história, ficou tão agradecida por alguma coisa – pela solidariedade dos amigos enquanto estava em uma fase ruim, quem sabe? – que resolveu registrar esse agradecimento num letreiro de azulejos.

Talvez mais curiosa que a razão de a mensagem estar ali seja a razão de alguns repararem (como eu) e outros não (acho que da minha família poucos deram bola). Disse bem a blogueira número um (xanda); cito:

Todos os dias, milhares de pessoas passam atarefadas em direcção ao metro do Chiado… poucas olham para o lado… e destas, muito poucas reparam na mensagem deixada na parede: “Já estou melhor, obrigada” =)

Será que é por acaso que poucos reparam e muitos não? Pode ser que não só na vida da lisboeta agradecida esses 23 azulejos tenham algum significado. Pode ser que também sirvam para gerar uma sensação de pequenez do universo, de proximidade entre pessoas que estão por aí, aparentemente tão distantes, mas mais próximas do que imaginam por causa das suas percepções parecidas quanto ao que há ao seu redor.

Quanto a mim, sei lá se já estou melhor (não que esteja propriamente mal, mas melhor… não sei). De igual forma, pretendo voltar a postar.

Semana longa e linda

A semana passada foi provavelmente a mais longa e linda que já vivi. É incrível: há mais ou menos dez dias ainda estava na Alemanha, e agora estou de volta ao Brasil e totalmente imerso no meu quotidiano de maluco! Tanta coisa aconteceu, e não quero deixar isso tudo passar em branco… Por isso, retomo os acontecimentos da quinta-feira, dia 27/03, até hoje.c Aí entra um dos grandes propósitos do Blog do Guri: publicar minhas impressões sobre a vida, não só para o meu leitor paciente e persistente, mas também para o Guri de daqui a algum tempo, ou mesmo para os netinhos que provavelmente não virei a ter!

Quinta-feira, 27 de março

Como tinha dito no post anterior, fui à cidade de Colônia (Köln) com duas amigas estagiárias do Secretariado, e lá encontrei outra amiga, ex-estagiária. Visitamos a majestosa Catedral, a maior igreja gótica do Norte da Europa (seguida pela de York, que também visitei, em dezembro passado!) e com a segunda maior agulha de torre (só menor que a da Catedral de Ulm… que também visitei, e até subi ao topo da torre com meu cunhado Volker, quando fui à Alemanha pela primeira vez, em 2001… em termos de turismo sacro, meu currículo tá bem intressante!). Depois dali, jantamos em um restaurante bem legal, tivemos papos profundos… e ganhei (mais!) presentes de despedida! E mais aperto no coração…

A Catedral de Colônia: é praticamente impossível tirar uma foto de toda a igreja, por isso está cortada… mas por isso também dá pra ter uma idéia da sua grandiosidade!

Da esquerda para a direita: eu, Barbara (Alemanha), Weili (China) e Outi (Finlândia)

Sexta-feira, 28 de março

Dia de despedidas no Secretariado… Coletei as últimas assinaturas de check-out do Secretariado: burocracia nostálgica, dizendo adeus a várias pessoas! Em seguida, ainda fiz meu último projeto de trabalho: criei uma lista de bookmarks úteis para futuros estagiários do Departamento Jurídico (tudo no contexto do meu trabalho como “intern focal point” – em desvio de função, claro, mas não importa). Almocei na cantina indiana, como sempre, com minhas amigas estagiárias, como quase sempre, mais o Cam (supervisor-tio) e outro amigo, um consultor do Secretariado que estava indo embora no mesmo dia. Recebi meu certificado (yuhu – estágio concluído!) e uma carta de recomendação generosa da minha supervisora. Ela ainda me convidou para uma caminhada à beira do Reno, para falar de “duas áreas em que eu posso melhorar”; uma conversa franca, agradável e puramente construtiva. Um dia desses eu conto mais sobre um dos aspectos a melhorar, que é totalmente verdadeiro (percebi direto!) e suscetível de discussão com os leitores do BdG. 😉

Por fim, distribuí os cartões de despedida que vinha escrevendo nas semanas anteriores… e fiz meu último “goodbye tour” pelo sexto andar do Secretariado! Já era o fim do expediente e por isso a Outi e a Weili foram embora comigo. No jardim do Secretariado, fizemos tantas fotos de despedida que nos sentíamos até celebridades. Ainda fomos comer chocolates caseiros (MmMmMmMm…) e jogar mais conversa fora em uma casa de chá em the Famous Kessenich Centre-of-the-Universe (pra quem não conhece a história: tá aqui!).

Eu e Weili, em frente ao castelinho do Secretariado (Haus Carstanjen)

Outi e eu, também em frente à Haus Carstanjen
(Créditos da espinha na testa: muito crêpe em Paris no findi anterior!)

Amei essa foto: até parece que eu tô felicíssimo de estar indo embora,
mas essa cara feliz é só porque as gurias estavam fazendo palhaçada pra eu rir!

Depois de muita resistência, despedimo-nos finalmente e me fui pro meu quarto na Kessenicher Straße, dar um jeito de empacotar toda a minha vida em Bonn nos últimos quatro meses… A Ca e o Volker me buscaram tarde da noite, e no caminho até a casa deles em Untershausen fui contando tudo o que escrevi neste post – só que eles tiveram o privilégio (ou: fizeram o sacrifício) de ouvir tudo com mais detalhes!

Sábado e domingo, 29 e 30 de março

Foram dois dias de relax, reempacotamentos e acomodações (quem me dera poder ter feito as malas de forma eficiente e perfeita em quatro horas na sexta-feira!), mas também das mais difíceis despedidas: minha irmã e meu cunhado foram tudo de Bonn pra mim durante meu período na Alemanha. Desde o início de janeiro, e graças ao meu telefone ultrabaratex (30€ para falar por 3 meses!), potencializamos nossa capacidade de transmimento de pensação: não sei quantas vezes eu pensava em falar com a Carina e ela me ligava, ou eu ligava pra ela e ela me dizia que estava pensando em me ligar… 😛

Foram tempos inesquecíveis de compartilhar, principalmente em nossas inúmeras (e intensivas) viagens pela Europa. Passeamos muito mais do que eu poderia imaginar em relativamente pouco tempo: Koblenz, Frankfurt, Luxemburgo, Zurique, Lausanne, Genebra, Dachau, Viena, Berlim, Paris… e tenho até medo de estar esquecendo algum lugar especial. Ah, claro: Untershausen, o QG da família na Alemanha.

Eu tinha prometido que só choraria no avião (e sou fiel aos meus compromissos). Embora eu soubesse que igual morreria de saudade, nossa despedida tinha que ser mais um “até logo” que um “adeus” – até porque logo eles estarão aqui no Brasil. E quando digo “logo”, quero dizer LOGO, mesmo: semana que vem já estarão aí. Claro que é porque não conseguiram viver sem mim por perto. 😉

Volker, Carina e Martin, com o QG ao fundo (e a bandeira mais linda do mundo!)

Segunda-feira e terça feira, 31 de março e primeiro de abril

Cheguei a Buenos Aires às 6h da madrugada da segunda-feira e já fui recebido no aeroporto pelo meu amigo Enri. Buscamos minha mamá argentina, Virginia, que estava na cidade, e fomos até sua casa em La Plata. Reencontrar esses (e outros!) amigos queridos e rever lugares que me trazem recordações tão boas foi quase como uma volta ao passado. Rapidinho eu tinha esquecido a longa viagem e a noite mal-dormida no avião. Estava de volta à Argentina depois de mais de um ano (ver este post e os seguintes), só que perecia que tinha saído de lá apenas alguns dias antes!

Foram só dois dias de visita, mas acho que consegui completar minha to do list:

  • Visitar Enri, Virginia, Alvaro e a pensão onde me senti em casa em La Plata;
  • Fazer de novo a caminhada de todos os dias até a Fundación Biosfera, onde fiz estágio, e pôr a conversa em dia com Horacio, meu chefe;
  • Encontrar meu amigo Bruno e conhecer sua namorada Andrea (coitados: eu falei tanto das minhas viagens e do meu estágio que devem ter ficado tontos!);
  • Coisas básicas: comer facturas (medialunas e outras), comprar alfajores e dulce de leche da Havanna, tomar mate argentino…

Fiz tudo isso e tanto mais nas entrelinhas: conheci ainda mais pessoas legais (argentinos e yankees, haha!), dei boas risadas, e pra completar me deliciei com as comidas (inclusive uma raclette vegetariana) da Virginia, uma cozinheira grega de mão cheia! Hehehe… 😉

Com parte da grande familia Konstantinidis,
minutinhos antes do ataque à raclette vegetariana (hummm…!)

Andrea, Bruno e eu, na estação terminal de La Plata
(o “casal metálico” dançando tango, ao fundo, não me deixa mentir!)

As novidades não terminaram, mas a incrível viagem do Guri à Europa (com paradinha na Argentina no retorno), infelizmente, sim… Este post serve de suave transição para meu novo (?) tempo aqui no Brasil, que de novo, aliás, tem pouco: voltei a fazer exatamente o que estava fazendo há quatro meses, antes de viajar! A parte realmente boa foi o reencontro com meus pais e com aqueles parentes e amigos que já tive a oportunidade de rever (claro que faltam muitos, ainda, mas isso só se resolve com bastante tempo!). Uma hora ou outra publico postálbuns-resquícios das minhas viagens; sei que ainda estou devendo alguns.

No mais, meu desafio agora (como muito bem colocado pela mamá Vir, que de La Plata às vezes lê o blog!) é, mesmo de volta ao Brasil e à minha rotina universitária sem-graça, continuar mantendo o BdG interessante (se é que ele já é interessante pra alguém). Se vou ter sucesso ou não, só o leitor poderá dizer, com o tempo. O certo é que vou seguir a empregar meus melhores esforços para vencer esse desafio! 😉

Postálbum de Viena

Uma semana depois, finalmente tenho tempo de organizar um postálbum da viagem do trio Carina-Volker-Martin a Viena, Áustria. Na análise in loco, confirmei (talvez depois de um choque inicial, do tipo: “é assim o leste europeu?”) que a cidade tem mesmo muitos encantos! Os passeios foram muito intensos, mas preciso (por motivo de tempo) me restringir a comentários sobre algumas fotos selecionadas!

O primeiro lugar a visitar foi o Palácio de Hofburg, residência de inverno da dinastia dos Habsburg (Império Austro-Húngaro). Lá visitei os aposentos do Imperador Franz Joseph I e da Imperatriz Elisabeth, ou Sissi, com uma exposição sobre a fabulosa (e controvertida) história dela. A foto é de uma das alas do Palácio de Hofburg.

Em seguida, uma longa caminhada pelo centro. Na foto, a Catedral de Santo Estêvão (Stephansdom). Em obras, claro: como a Abadia de Westminster, a Catedral de York, a Catedral de Lausanne… Eu não tenho sorte, mesmo!

Na noite do sábado, fui a um concerto de músicas de Strauss e Mozart, dois compositores clássicos e vienenses, no Kursalon, onde o próprio Strauss realizou apresentações. Já contei um pouco sobre o concerto aqui. Na primeira foto estou tocando violino ao lado do Strauss (só pra esclarecer: o cara dourado é o Strauss; eu sou o cara com o violino invisível). A segunda foto é de uma das alas do Kursalon.

No domingo, passamos rapidamente pela roda gigante Ferris, construída ainda no século XIX.

Dizem que o panorama da cidade a partir da Ferris é muito bonito, mas resolvemos ser mais ambiciosos: fomos até a Torre do Danúbio (Donauturm), a mais alta edificação de Viena, com 252 metros de altura total. Nas fotos a seguir, eu à caminho da torre (notem o look verão: estava tri quente, tipo uns 15 ou 16 graus Celsius) e uma das vistas que se tem lá de cima.

Na volta para o centro da cidade, uma passadinha pelo bairro internacional, onde fica o complexo-Viena da ONU (foto). (A Haia, Nova York, Bonn, Geneva, Viena… e a próxima deverá ser Paris! Depois que a situação ficar mais calminha por lá, quem sabe Nairóbi?)

Já de volta ao centro, espiamos a Hundertwasserhaus, essa construção super original e de certa forma “ecológica” do arquiteto vienense Friedensreich Hundertwasser.

Mais pro fim do passeio, em alto estilo, o Palácio Schönbrunn, a modesta (nossa, quase simplória!) residência de verão da dinastia dos Habsburg. Do morro atrás do palácio se tem uma bela vista sobre o palácio e a cidade de Viena (primeira foto). E pra encerrar a parte fotográfica do postálbum, nada melhor do que as carinhas dos três aventureiros, contentes por curtir o entardecer com uma vista digna de imperadores! 😉

Antes de voltar à Alemanha, ainda visitamos a Figarohaus, como é conhecida a casa onde Mozart morava nos tempos em que compunha a ópera “As bodas de Fígaro”. Ela aparece no filme Amadeus, que hoje, ainda no clima vienense, vou assistir pela segunda vez com mana e cunha (que nunca assistiram!). O filme é de 1984, mas passa por 2000-e-alguma-coisa tranqüilamente – “ótima sugestão, aliás, pra quem ainda não viu”!

(Não se preocupem: não pretendo terminar todos os posts com sugestões de filmes… é que desta vez foi realmente inevitável!)

Confœderatio Helvetica

Antes tarde do que nunca, publico o postálbum sobre minha viagem à Suíça no findi passado! Tinha a intenção de publicá-lo ontem, mas o que era pra ser apenas um preâmbulo rápido acabou ganhando (merecidamente, eu acho) o post inteiro!

Retomando do preâmbulo: sexta-feira passada, depois do estágio, meu cunhado e eu fomos ao aeroporto de Colônia-Bonn; de lá, voamos até Zurique (em alemão: Zürich), onde encontramos minha irmã, que já estava lá a trabalho. Fizemos um rápido passeio noturno pela cidade e em seguida nos rendemos ao sono… para aproveitar melhor o dia seguinte!

Visitamos a Fraumünster, cuja construção original data de antes do ano de 853, mas que no século XX ganhou belos vitrais de Marc Chagall. A foto é da Grossmünster, que fica do outro lado do rio Limmat. Há uns cem metros dali, o rio deságua no Lago de Zurique.

Depois de uma volta por essa área da cidade (é, este postálbum será bem mais expresso que os anteriores!), começamos uma bela viagem de carro pela base dos Alpes… A visibilidade não estava tão boa quanto esperávamos, mas mesmo assim vimos muito das montanhas! A foto foi tirada em algum lugar perto da localidade de Weggis, no (lago) Vierwaldstätter See. (Fizemos tantas voltas em estradinhas entre as montanhas e os lagos que nem sei explicar o trajeto!)

A próxima parada já foi já na parte francófona da Suíça, para um programa originalissimamente suíço: fondue! O cenário, aliás, também foi tipicamente suíço: ainda cercado de montanhas!

O segundo pernoite foi na cidade de Lausanne, que fica à beira do lago de Geneva (em francês: Lac Léman) e hospeda a sede do Comitê Olímpico Internacional, além de uma famosa universidade suíça, a Escola Politécnica Federal de Lausanne. Meu cunhado Volker morou lá alguns anos atrás, então foi um momento de muitas lembranças nostálgicas pra ele! Hehe… A foto é do Château da cidade, num rápido passeio na manhã seguinte.

Passamos as últimas horas do passeio na cidade de Genebra (em francês: Genève), à beira do lago de mesmo nome, famosa por ter sido uma das cidades onde primeiro se propagou o protestantismo (o João Calvino das aulas de história, Jean Calvin, era de lá).

Detalhes que fazem a cidade ainda mais atraente: excelente qualidade de vida, a um pulinho da França e da Alemanha, e ainda sede européia da ONU (lembram da minha foto histórica?). Muito, muito atraente… 😉

Subimos a torre da Cathédrale Saint-Pierre, de onde se tem uma vista incrível da cidade, do lago, e a fonte no meio do lago (cartão postal clássico!). Embora eu ainda seja novato nessa história de fotos panorâmicas (recurso da câmera nova que ganhei de Natal – valeu, Lu e James!), acho que ficou bem artística minha primeira tentativa – depois, claro, de alguns ajustes em casa… 😉 (Sugiro clicar na foto pra abrir em tamanho maior.) Mais uma coisa, só pra deixar bem claro: a “nuvem” não é poluição, tá? É meu efeito-entardecer! 😀

Concluindo, percebi que a Suíça é mesmo tudo aquilo que a gente imagina quando pensa em Suíça. As características (todas confirmadas na análise in loco do maluco aqui!) são tantas que até merecem uma lista de marcadores:

  • País da neutralidade, dos lagos, das montanhas e das instituições financeiras (a propósito, Lucila: tudo ok com nossas contas)
  • Gente fashion e com grana pra gastar. Ah, sim: gastar CHF, Francos Suíços, nada de €!
  • Relógios caríssimos (Rolex, Swatch e tantos outros)
  • Leite, iogurte, queijo (fondue!)… enfim, laticínios deliciosos
  • Chocolates excelentes: Nestlé, Lindt, Toblerone… (por causa dos laticínios, claro!)
  • Será que tem mais alguma coisa óbvia que estou esquecendo?

Tudo a ver com montanhas, mas eu não sabia disto: a Suíça tem uma das melhores tecnologias (senão a melhor) para a construção de túneis. E aplica bem e bastante a tecnologia! Não estava contando, e mesmo se estivesse teria perdido a conta do número de túneis por que passamos durante a viagem!

Aliás, ufa, que viagem: Suíça toda num findi! Faltou só algum canto da parte italiana, que vai ter de ficar para uma próxima vez. (Aliás, Lu: uma hora dessas temos que ir pra lá aplicar a grana aquela numa ou duas villas em Genebra, à beira do lago… que tu achas?)

Fica por aqui este postálbum: mais uma semana passou, e já tenho que me preparar para a próxima viagem. Destino? Viena! Segundo a minha supervisora no estágio, é nada menos que a cidade mais linda da Europa. A partir de amanhã, mais uma das minhas análises in loco. 😉

Preâmbulo da viagem à Suíça

Antes de voar para a Suíça, na sexta-feira passada, passei por todo um rolinho básico de aeroporto. Essas coisas só acontecem pra me dar um friozinho na barriga…

Primeiro, no balcão de check-in, disseram que cidadãos brasileiros precisavam de visto para entrar na Suíça. Como eu tinha certeza de que não era o caso, e também como a funcionária não tinha tanta certeza do que estava dizendo, ligou para alguém mais experiente: de fato, brasileiros não precisam de visto de turismo para ir à Suíça. Ufa!

Dali, seguimos (meu cunhado e eu) para o controle de passaporte. Quanto a meu cunhado, alemão, sem problemas; já quanto a mim… O funcionário que fazia o controle não parecia muito a fim de falar inglês, e continuou falando alemão comigo mesmo depois que eu disse que não falava alemão (essa minha cara realmente não me ajuda muito). Acabou que ele entrevistou meu cunhado a meu respeito.

Tive até pena do cara, porque ele mal conseguia se achar nas páginas do meu passaporte. Pra começar, meu passaporte são dois caderninhos grampeados um no outro. O mais antigo tem apenas uma página válida: o visto dos EUA. No mais novo, estão o visto da Alemanha, emitido pelo Consulado-Geral da Alemanha em Porto Alegre, e o prolongamento do visto, emitido semana passada por um Escritório de Imigração aqui na Alemanha, entre outras páginas cheias de carimbos geralmente confusos e sobrepostos.

Depois de finalmente entender a história dos dois caderninhos, e do visto, e do prolongamento do visto, ele ainda quis saber quando cheguei à Europa e o que estava fazendo na Alemanha e até quando ficava. Meu cunhado ainda teve que explicar que passei dez dias no Reino Unido no fim do ano passado e a virada do ano em Portugal.

Depois de toda a amarração (e a fila crescendo atrás de mim!), o cara finalmente carimbou meu passaporte. Mas não foi o fim do rolo. Meu cunhado e eu já estávamos confortavelmente sentados na sala de espera quando vimos alguém vindo ao nosso encontro… Alguém adivinha quem? O funcionário do controle de passaporte, claro.

Pronto: decerto ele tinha resolvido voltar atrás na decisão de carimbar meu passaporte. E pior é que foi quase isso: ele se deu conta de que tinha usado o carimbo de entrada em vez do de saída. Inacreditável! Aí ele levou meu passaporte embora; demorou um bom tempinho, mas voltou com o carimbo de entrada anulado e com um novo carimbo – agora, sim: de saída!

Finalmente, quando pensamos que estavamos prontos para embarcar, o vôo ainda atrasou meia hora. Pra agravar a espera, eu precisava atender a um chamado da natureza, mas aquela sala de embarque só tinha WC feminino. Pode isso?! Oh, aeroportos…

Relembrando Portugal

Antes de ir a Portugal, prometi a minha prima Marcelle, então vestibulanda, que tiraria uma foto junto ao túmulo de Luís Vaz de Camões. Hoje, resolvi publicar aqui a foto em homenagem a minha prima… ex-vestibulanda… agora bixo 2008 da Medicina da UFRGS!

Aproveito para lembrar um dos mais lindos e conhecidos sonetos de Camões, bastante popularizado pela canção “Monte Castelo”. Embora Renato Russo escrevesse lindas letras, o sucesso desta em particular ele deveu à genialidade de Camões e do apóstolo Paulo em I Coríntios 13! Mas voltemos a Camões…

Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Postálbum de Lisboa

Conforme prometido, dedico um post retroativo sobre minha viagem à capital portuguesa, na semana em torno da virada de ano.

Em primeiro lugar, foi uma viagem em família: mãe e pai, irmãs e cunhados, e eu – o avulso convicto. Nos últimos dois dias da estada, mais duas pessoas juntaram-se a nós: amigas brasileiras e cristãs que temporariamente trabalham na Igreja Anglicana em Londres. Na verdade, com a chegada delas, a viagem continuou sendo em família!

Em segundo lugar, foi uma experiência bastante intensa, e é uma pretensão muito ousada resumir tudo num só post. Ainda assim, é o que eu preciso fazer, porque a vida continua, e assim também deve acontecer com minha atividade de postagem, antes que comecem a surgir comentários com xingamentos – que, aliás, eu mereceria, porque tenho sido relapso com a atualização do blog!

Então vamos lá: Postálbum de Lisboa, um Guia de Viagem do Guri, com recomendações para o leitor e potencial visitante! Não podes deixar de…

1. Visitar o centro da cidade

Visitar a Praça do Comércio (Terreiro do Paço) e a margem do Tejo, caminhar pelas ruas do centro da cidade, observar os mosaicos das calçadas e os prédios da época da reconstrução pós-terremoto de 1755, tomar um eléctrico (português europeu para o que conhecemos como bonde!) para subir e descer as ladeiras nas ruelas estreitas, assistir a uma apresentação de fado tomando vinho do Porto… “Coisa de turista”, é verdade, mas isso não quer dizer que esses programas não valham a pena e não devam ser feitos! Quanto ao eléctrico, sugiro esperar por um que não esteja muito lotado… Superlotação atrapalha a vista e traz outros inconvenientes (por enquanto, faço mistério!).

No centro da cidade, um ponto a visitar é o Panteão Nacional, uma construção imponente e com uma bela vista para o Tejo, onde estão sepultadas diversas personalidades portuguesas.

2. Observar os azulejos

Os azulejos que revestem boa parte dos prédios de Lisboa são uma das peculiaridades mais encantadoras da cidade. Há de diversos padrões e cores. Observa também os edifícios que apresentam um tipo diferente de azulejo por andar: é surpreendente como as combinações dão certo mesmo que os tipos de azulejos não combinem entre si!

Ah, claro: para ir a fundo na azulejomania, vale visitar o Museu Nacional do Azulejo, que compreende uma exposição sobre o processo de fabricação dos azulejos, além de variados exemplares oriundos de diversos lugares e feitos em diferentes períodos.

3. Subir num elevador

Parte importante do passeio pelo centro turístico da cidade é subir algum dos elevadores que unem a cidade baixa e a alta. Minha família e eu fomos a apenas um, o Elevador de Santa Justa (ou do Carmo). Estar no elevador em si é como entrar em uma viagem ao passado, e a vista lá do alto é muito bonita. Na primeira foto, vê-se a cidade e, ao fundo, no topo do morro, o Castelo de São Jorge – aliás, outra visita interessante, tanto pela história quanto pela vista que se tem sobre a cidade.

Na segunda foto, também tirada do alto do elevador do Carmo, vê-se a Praça de Dom Pedro IV (o Dom Pedro I do Império do Brasil!), também conhecida como Praça do Rossio, e o Teatro Dona Maria.

4. Comer delícias tipicamente portuguesas

Lisboa é o sonho de consumo de toda formiga (como eu). A cultura do que costumamos chamar de doce de Pelotas nasceu lá. Experimentá-la é tão delicioso quanto ir a uma Fenadoce permanente. Claro que é igualmente calórico, por isso vale o lema aquele das propagandas de cerveja: aprecia com moderação! Pastéis de Belém são uma boa opção, especialmente se comprados em Belém mesmo, em uma das lojas tradicionais (que obviamente tende a cobrar um euro por um docinho – mas, afinal de contas, isso é turismo, meu amigo!).

Tirei a foto antes de comer uma rabanada em uma especial homenagem à Sandrine, uma querida amiga que, se está lendo este post, deve estar babando a essas alturas. Sandi: provei rabanada e amei! Ainda assim, é bom advertir: é uma bomba calórica daquelas de comer uma vez na vida, e era isso. Tá bem – uma vez por ano, talvez. 😉

5. Visitar o Parque das Nações

O Parque das Nações foi construído para sediar a Expo 1998. Fora o teleférico ao longo do Tejo, a Torre Vasco da Gama (edifício mais alto de Lisboa) e o Oceanário, aparentemente não há muitas atrações permanentes. O que vale no Parque é caminhar e ver a arquitetura moderna e criativa: as referências à navegação são evidentes, como na foto acima. Partindo do centro chega-se lá bem facilmente através de uma linha de metro (não metrô!).

6. Ir a Belém

Patrimônio Mundial segundo a UNESCO, o Mosteiro dos Jerónimos é, na minha opinião, um dos pontos altos da visita a Lisboa/Belém. Há quem ache bobagem, mas eu me detive um bom tempo no gigantesco painel de três linhas: numa, a cronologia descrevendo a história de Portugal; noutra, a do mosteiro; na terceira, a mundial. Em seguida, vale dar um pulo no Padrão dos Descobrimentos e na Torre de Belém, também Patrimônio Mundial.

Detalhe externo do Mosteiro

Nave da Igreja

Claustro do Mosteiro

Padrão dos Descobrimentos

Torre de Belém

7. Acreditar no que dizem os cartazes

Um dos momentos de mais adrenalina da viagem, em um eléctrico desumanamente lotado a caminho de Belém, foi sentir a minha carteira sair lentamente do bolso de trás da calça jeans. Minha sorte foi que me virei subitamente e, por causa do movimento, fiz com que a carteira caísse no chão. A partir daí, claro, passei a andar com a carteira no mais profundo dos bolsos da minha mochila.

O curioso da história é que eu nunca gostei de andar com a carteira no bolso, nem tenho esse costume. Certas coisas acontecem pra ensinar lições que a gente já sabia…

Carteiristas (Portugal) = batedores de carteira (Brasil)
(A diferença é que no Brasil são mais bem treinados!)

8. Ir a Sintra

O Palácio Nacional da Pena, outrora residência de verão da família real portuguesa, é sem dúvida o mais deslumbrante entre os que há na vila histórica de Sintra, tanto a construção em si quanto a decoração dos ambientes. De lá se pode ver o Castelo dos Mouros, construído no século VIII. Mais próximo da vila fica o Palácio Nacional de Sintra, utilizado pela família real portuguesa até o fim da monarquia, no início do século XX.

Palácio Nacional da Pena

Castelo dos Mouros

Palácio Nacional de Sintra

Um excelente fechamento para a visita a Sintra, bem como para este postálbum, é a Quinta da Regaleira. As descrições supermísticas sobre o parque contidas nos guias turísticos de Sintra assustam, mas a verdade é que o parque é uma aventura, com grutas secretas, o poço iniciático (uma espécie de torre invertida). O palácio, de projeto do italiano Luigi Manini, é de interesse mais arquitetônico do que histórico. A dica é não perder muito tempo no palácio e ir desvendar os mistérios do parque, preferencialmente aproveitando a luz do dia.

Palácio da Regaleira

Capela da Quinta da Regaleira