Não é nenhuma novidade a ideia de que o tempo é a commodity mais valiosa do mercado atualmente. Desde que cheguei a NYC – mas em especial nas últimas semanas – essa ideia ficou ainda mais clara para mim.
Nos meses em que morei em São Lourenço, eu não valorizava tanto o meu tempo, porque ele me parecia tão abundante comparado aos poucos compromissos que eu tinha. Então cheguei a NYC e tudo mudou. Tudo suga tempo: os estudos, a socialização, a cidade, as tarefas rotineiras. Logo percebi que o tempo não seria suficiente para tudo o que eu gostaria de fazer. E isso só se agravou à medida que eu percebi que o tempo nem de longe era suficiente para tudo o que eu deveria fazer.
A diferença entre o que eu gostaria de fazer e o que eu deveria fazer pode ser considerada bastante subjetiva, claro, porque afinal de contas sou eu mesmo o responsável por definir minha estrutura de prioridades. Assim, cabe a mim mesmo definir o que eu deveria fazer (e que, portanto, deve ter prioridade) e o que eu gostaria de fazer (e que, portanto, ficará para quando sobrar tempo – ou seja, para momentos de baixa no preço da commodity). O grande problema foi que passei a perceber que o tempo nem (ou mal) basta para as atividades de altíssima prioridade – uma superinflação da commodity!
No dia 15 fui a um workshop de gerenciamento do tempo, coordenado por um psicólogo da NYU. O título do evento, muito sugestivo, era “Where does the time go?” (“Pra onde vai o tempo?”). O workshop, que surpresa!, não deu nenhuma dica milagrosa, do tipo “como fazer com que o seu dia de 24 horas renda como se tivesse 48 horas”. O ruim do workshop foi perceber que eu já faço muita coisa para otimizar meu tempo (o que me deixa pouco espaço para melhorar): preparar “to do lists” (listas de afazeres) com prioridades e metas, superestimar o tempo necessário para cada projeto, manter uma agenda. O bom, claro, foi perceber que ainda há algum espaço para melhorar: ser menos perfeccionista, procrastinar menos, aprender a dizer “não”.