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Inusitado 800mg

Um dos pontos altos da vida em Nova Iorque é a alta dose de inusitado que se toma involuntariamente dia após dia. No caminho pra estação de metrô de Roosevelt Island, por exemplo, caminhava à minha frente um rapaz com um papagaio no ombro direito. Já o tinha visto por aí outro dia, mas hoje discretamente fotografei.

Sheep Meadow

Ontem à tardinha (depois de postar no blog e de criar outro blog!) fui ao Sheep Meadow, no Central Park, para ler. (Quisera eu ter ido até lá para caminhar, mas ah! o pé lesionado!) Estou lendo, não livros jurídicos (ahá!), mas um romance: O Perfume, de Patrick Süskind. O plano é terminar o livro e depois ver o filme.

Livro, cobertor, parque – precisa mais? (Um Blackberry?)

Olha pra cima, guri

Olhares aleatórios pelo Sheep Meadow

New Yorker for a year

Cheguei a NYC faz exatamente um ano! No dia seguinte à minha chegada, um sábado (como hoje), publiquei o primeiro post da série NYC 2009-2010 aqui no blog.

( ) Faz tanto tempo, mas parece que faz tão pouco!

( ) Faz tão pouco tempo, mas parece que faz tanto!

Pode marcar aí o que quiser, porque paradoxalmente as duas afirmações me parecem corretas.

Para comemorar o meu primeiro aniversário aqui, resolvi realizar uma ideia recente: criar um blog com sotaque – a blog with an accent.

Mas é claro que o blog do Guri continua! Desde já dissipo qualquer especulação em sentido contrário. Os blogs têm propostas diferentes. O blog do Guri é laboratório e tem notícias, enquanto a blog with an accent só é laboratório, um cantinho pra ocasionais experiências de redação em inglês – o que eu não poderia fazer aqui, em respeito ao leitor e a mim mesmo. Surgiu pra isso o novo blog.

Mais nova-iorquices

Mal saio do apartamento e caminho pela City (o que tenho evitado agora que estou com o pé lesionado) e já tenho o que postar.

* * * * *

De manhã, para ir ao local da prova de responsabilidade profissional, caminhei pela 35th St da 6th Ave até a 11th Ave. Nesse curto trajeto de 1,5Km (pra mim até que não foi tão curto, por causa do pé lesionado, mas não tenho paciência pra esperar ônibus), 90% dos diálogos que presenciei entre transeuntes eram em espanhol. (Transeuntes: não é linda essa palavra?) Eu via duas pessoas à distância e pensava, “pronto, esses devem estar falando espanhol também.” À medida que me aproximava, ouvia “[blablablá] ciento ochenta [blablá]” ou algo do estilo e confirmava minha suspeita.

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Depois do exame, caminhei umas duas ou três quadras pela Broadway, já perto da estação de metrô da Herald Square. E acho que nem sempre consigo disfarçar um ar de turista quando caminho por ali. O barulho me hipnotiza, o Empire State me deslumbra, o cartaz da Macy’s que diz “a maior loja do mundo” me deixa um pouco abobado. Nisso, um transeunte (de novo um deles) surge do mais absoluto nada, olha bem pra mim e, sem parar (afinal, ele é um transeunte), joga na minha cara uma acusação: “you’re from Switzerland!” (“você é da Suíça!”). Eu, que também sou transeunte e já estou perto da estação de metrô, não paro. Intrigante, não? Me deu vontade de correr atrás dele (mas ah! o pé lesionado!) e dizer, “não, mas foi um bom chute.”

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Já no “meu” trem (F, o único que vem pra Roosevelt Island), ao parar na estação 47-50 Sts Rockefeller Center, o carinha da gravação do metrô (era uma gravação, não um transeunte) anunciou que é possível fazer transferência para as linhas B, D, ou M. Então me dei conta de que são minhas iniciais, na ordem invertida. Em junho, extinguiram a linha V e colocaram a M no lugar dela. Ora, é óbvio: BDV não fazia sentido; BDM faz. Não tenho dúvida de que é em minha homenagem. Ficará mais evidente ainda quando começarem a dizer MDB.

Por onde eu começo?

Fico um tempo sem postar e, quando volto ao blog (quase sempre com aquela coceira incontrolável de postar retroativamente), logo vem a sensação de que tenho tanto pra contar que não sei nem por onde começar. Enquanto estudava para o bar exam (exame de ordem, aqui no estado de Nova Iorque) não sobrou muito tempo para postar. Também tinha o fator “eu deveria estar estudando em vez de postando no blog”.

Agora o fator já não existe: finalmente prestei o bar exam nos dias 27 e 28 de julho. Foram 12,5 horas de prova. Não vou entrar nos detalhes da prova porque não tenho mais paciência pra isso. Sério, se mais alguém me perguntar “como foi a prova?”, sou capaz até de… responder educadamente, solicitando que o interlocutor leia este post. A resposta oficial:

Os candidatos não podem levar consigo os cadernos de prova, e os examinadores não liberam gabaritos da parte objetiva nem respostas-modelo das provas objetivas. Assim, não tenho nenhuma base para saber como fui – e nem quero ficar pensando a respeito, porque os resultados só saem daqui a alguns meses (nem estarei mais em Nova Iorque quando saírem). O que posso dizer de consciência limpa é que fiz o meu melhor considerando as circunstâncias. E seja o que Deus quiser [e digo isso da forma mais sincera possível – nada de “força de expressão”].

No final de semana depois das provas, fiquei tão leve e feliz que na sexta-feira fui a um concerto e open mic com leituras dramáticas e poesia na trans-hudsoniana Jersey City, NJ.

No sábado até fui à praia em Long Beach, NY, com um pessoal da City Grace Church. Foi a primeira vez que fui à praia desde a visita a Coney Island; aliás, foi a primeira vez que fui à praia “de verdade” (com direito a banho de mar) desde que vim para os EUA. O trajeto até lá, de trem, é uma divertida excursão pelos Estados Unidos – os Estados Unidos de verdade, que estão logo ali, fora de New York City. Nos Estados Unidos de verdade, há subúrbios com casas grandes e jardins bonitos, rodovias movimentadas, conglomerados de megalojas onde só se chega de carro (e “tudo bem” porque todo o mundo tem carro; aliás, toda família tem pelo menos dois carros – afinal, estamos falando de subúrbios nos Estados Unidos de verdade).

Custa $19 o trem (ida e volta) incluindo o ingresso – nunca tinha pagado ingresso pra entrar na praia. De certa forma, acho até que vale a pena, porque a praia é limpa, segura, bem cuidada. Valeu a pena. O dia foi perfeito: céu azul deslumbrante, calor na medida certa, umidade baixa. Água gelada… mas não dá pra reclamar – o que esperar do Atlântico Norte nessa latitude? No fim da tarde voltei pra City exausto (praia cansa, né?), mas bastante satisfeito. E não bronzeado, graças ao meu bloqueador com fator de proteção solar 70. Podem rir, mas sei que queimo com qualquer solzinho e não pretendo ter torrões (nem câncer de pele).

Dia perfeito em Long Beach

Mar verde!

A galera

O castelo da Christine, no comecinho

O castelo da Christine, quase pronto

Na segunda-feira e durante toda a semana, voltei aos estudos para o exame de hoje, de responsabilidade profissional. Oficialmente não faz parte do bar exam, mas é um dos requisitos de admissão exigidos pela ordem dos advogados do estado de Nova Iorque. E pronto. Sem mais provas e exames por enquanto.

Ainda na segunda-feira fiz algo genial: carregando uma cesta de roupa limpa bem cheia, falhei (acidentalmente) o último degrau ao descer a escada do apartamento, fui com vontade ao chão, torci o pé direito, comecei a ter cãibras abdominais… um horror. Tive que me arrastar até o freezer pra pegar gelo, porque não havia jeito de caminhar. Estou melhor, sem dor, mas mancando um pouco ainda. Tamanho estimado da lesão: 6 a 8cm de largura por 8 a 10cm de comprimento.

Parte significativa do dia de hoje, depois que voltei do exame, foi dedicada a pôr em dia a correspondência. A missão ainda não está bem completa, mas o sucesso já é grande: tenho apenas seis conversações na caixa de entrada do gmail, todas as quais serão adequadamente resolvidas amanhã de manhã. Yay!

Muitos detalhes para organizar meus dois últimos meses (este ano, pelo menos!) em Nova Iorque e nos EUA – e muitos detalhes para organizar o que vem depois desses dois meses… (Mal me livrei de uma coisa e já estou procurando outra! Se isso não é ativismo, não sei o que é. Só pode ser patológico.)

Boa ação

Um dos meus amigos da City Grace Church, o Justin, está indo para a China depois de amanhã, por isso ontem saí da clausura forçada pelos estudos e fui a Mainland Manhattan [vide nota de fim] pela primeira vez na semana para a festa de despedida dele. É claro que a festa foi no East Meadow do Central Park – o ponto de encontro preferido da galera da City Grace para piqueniques, aniversários, festas de despedida, jogos de frisbee, reuniões sem motivo aparente etc. E é claro que a festa tinha que ser abruptamente relocalizada por causa de algum evento meteorológico inesperado. Ou é chuva, ou é vento, ou é frio, ou é calor insuportável…

Desta vez, a coisa começou com calor insuportável e total ausência de brisa. Até aí, nada de novo – o verão tem sido assim. Aí as nuvens carregadas começaram a ficar mais e mais evidentes. Então alguém disse, “a chance de chuva era de 50%; conferi na previsão.” Beleza, 50% não é tão ruim assim. Mas alguém discordou: “50%? Eu acho que vi 90% em algum lugar.” Tá bem: não tinha ali ninguém de açúcar (e o bolo da festa de despedida, que não era de açúcar mas tinha sem dúvida bastante açúcar na sua composição, estava coberto). Era só procurarmos abrigo quando a chuva começasse.

Até que alguém conferiu no iPhone e largou sutilmente, “pois é, mas além da chuva quase certa o serviço meteorológico do governo acabou de anunciar para toda a cidade de Nova Iorque um alerta de tornado.” Nesse momento, concordamos que era hora de ir embora! Fomos para o apartamento de dois dos amigos alguns minutos antes de o mundo desabar. Acabou que não houve tornado, mas os ventos e a chuva e os relâmpagos foram bastante assustadores.

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Na volta pra casa tive que “fazer conexão” na minha estação de metrô preferida…

Num post de março, comentei sobre minhas entradas/saídas de estações de metrô preferidas – e despreferidas:

Não foi a primeira vez que desci na estação Lex–63rd, mas acabei esquecendo que a plataforma fica mais perto do centro do planeta que da superfície terrestre… Sem brincadeira. Fica nas mais cavernosas profundezas do soterramento. A Wikipédia não me deixa mentir: diz que “leva bastante tempo para ir do nível da rua até a plataforma”. E um site sobre o metrô diz que a plataforma inferior fica a 100 pés da superfície – 30 metros, ou cerca de dez andares.

Uma dessas ironias da vida fez com que eu me mudasse para Roosevelt Island, onde a única estação de metrô também fica a 30 metros de profundidade! Mas não reclamo. Vale a pena. Gosto daqui. Já me acostumei com as escadas rolantes (que quase sempre estão funcionando), e na maioria das vezes pego o elevador até a plataforma ou de volta à superfície.

Mesmo assim, continuo com minha birra com a Lex-63rd – onde eu inevitavelmente preciso fazer conexão para ir para ou voltar do East Meadow!

O sacrifício (!) da conexão, porém, valeu a pena ontem. Quando um casal que caminhava uns 10 metros à minha frente começou a descer o primeiro lance de intermináveis escadas rolantes, eu vi que o rapaz deixou cair, bem no início da escada, algo que parecia ser um cartão. Apressei o passo, apanhei o cartão, e desci os primeiros degraus em direção ao casal. Nos segundos em que tive o cartão na mão, a única coisa que pude ver foi que tinha uma bandeira da União Europeia com um “DK” (de Dinamarca) no meio das estrelinhas amarelas. Provavelmente era um documento de identidade.

Quando entreguei o cartão, o rapaz me agradeceu enfaticamente – ficou bastante evidente que era um documento importante. Eu, óbvio, disse que não foi nada (até porque não foi), mas fiquei secretamente feliz. Fiz minha boa ação do dia. Claro que não fiz nada além da minha obrigação, e acredito (talvez ingenuamente de mais) que qualquer outra pessoa naquela situação faria o mesmo. Por outro lado, já perdi coisas importantes (e quem é que nunca perdeu?) e imagino a trabalheira que o meu gesto mínimo poupou na vida do sujeito dinamarquês em NYC.

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*Nota de fim sobre Mainland Manhattan: Nossa, por onde eu começo a explicação? A cidade de Nova Iorque é composta por cinco “boroughs” (que a gente pode chamar de bairros ou, talvez mais apropriadamente, “distritos”): Brooklyn, o Bronx, Manhattan (a City), Queens e Staten Island. Desses cinco, o único que fica no continente (“mainland”) é o Bronx; os outros ficam em ilhas. Brooklyn e Queens ficam numa ilha chamada Long Island; Manhattan e Staten Island ficam respectivamente nas ilhas de Manhattan e Staten Island. Quer dizer… mais ou menos. Roosevelt Island, onde moro, é uma ilha no meio do East River, entre a ilha de Manhattan e Long Island. Mesmo geograficamente não fazendo parte de Manhattan, Roosevelt Island tecnicamente faz parte do “borough” Manhattan. Na semana passada, me dei conta de que fazia tempo que não ia a “Mainland Manhattan” – ou seja, a parte principal de Manhattan, que fica na ilha de mesmo nome. De início achei o máximo e tal, mas infeliz e obviamente não fui o primeiro a ter a ideia de me referir a Mainland Manhattan assim. Este artigo aqui, por exemplo, já usou essa expressão (vale a pena ler o artigo, aliás, pra conhecer um pouco sobre a minha ilhazinha).

Ciclones e tornados

Tornado aqui, ciclone lá… Achei curioso essas duas notícias aparecerem juntas no meu google reader.

TX >> NY

Um blogueiro que no mesmo dia recebe duas “sugestões” de que deve atualizar seu blog fica obrigado a atualizar, não? Bom, na verdade, não. Mesmo assim, resolvi atualizar o blog, porque já fazia algum tempo que queria fazer isso.

Passei 13 dias mui (!) agradáveis na companhia de minha irmã Lu e cunha James em San Antonio, Texas. Quase paguei excesso de bagagem, porque obviamente levei todos os meus livros para seguir estudando lá.

Aliás, estudar foi o que eu mais fiz. Mesmo assim, assistimos a vários episódios de House e a alguns filmes. Também fizemos um passeio “fantasma” de segway (fantasma porque a guia contava histórias de assombrações e lendas da cidade… enfim).

Ainda me dei o luxo de ter três frustrações futebolísticas: torci para o Brasil até ele cair fora da Copa, então para a Argentina até ela cair fora da Copa (será que vou perder leitores com essa?), e por fim para o Uruguai até ele cair fora da Copa. Por essas e por outras é que eu, em regra, não quero nem saber de futebol. No fim das contas, só me dá nos nervos.

San Antonio vista de la Vistana: nuvens poderosas

Lu no Café Madhatters

Com Lu e James no Segway Ghost Tour

Em frente ao Álamo

Aventuras em longa exposição: San Antonio Riverwalk

Coffee smiley faces: Libório, Louquinho, Malévolo e Olheirão

*Aventuras em longa exposição: my laser dreams*

Então voltei pra NYC. Sobrevoar a cidade e ver de cima os arranha-céus e as luzes (big lights will inspire you…) e o estádio dos Yankees (onde me formei) foi de novo bem emocionante.

Depois, nenhuma grande aventura. Geladeira inicialmente vazia, muitos problemas burocráticos (um dia eu escrevo um post ou um livro! sobre todos eles) e principalmente um tanto de coisa pra estudar.

Um dia caminhei no riverwalk de Roosevelt Island: fiz a volta na ilha em 60 minutos. Outro dia, e aliás um dos pontos altos da semana, caminhei no Central Park: da 59th até o Reservoir pelo lado leste e de volta à 59th pelo lado oeste.

The Mall, Central Park, durante a caminhada

Eu adoraria fazer das caminhadas uma atividade diária, mas simplesmente não há tempo para isso por enquanto. Em agosto e setembro, espero que sim.

NYC 101

NYC, 38 graus.

Mas eu não tô lá.

Rezita Juris

Convidei uma querida amiga para visitar meu blog (que ultimamente anda inspirado… imperdivelmente inspirado). Ela egocentricamente recusou: “o blog fala em mim? não? então não vou ler!”

Pois bem, Rezita: este post fala em ti. Agora podes ler o blog.

P.S.: Por favor, amigos leitores: não sejam igualmente egocêntricos. Vai me dar muito trabalho ter que escrever um post para cada um de vocês. Não que eu não faria isso por amigos leitores (prova: acabo de fazer), mas sério… não prefiro. 🙂