Arquivo da categoria: São Lourenço do Sul

Momento de epifania

Quando me perguntam como anda a vida em São Lourenço (o que é mais ou menos frequente), minha tendência é elaborar longas explicações. Hoje acho que enfim encontrei uma resposta curta e suficiente.

Ah, tem muitas vantagens e também muitas desvantagens, mas o balanço é positivo. Afinal, cada um é responsável por forjar seu jeito de ser feliz, não importa quando nem onde. 😉

Essa vai ficar na área de transferências, para eventuais Ctrl+C Ctrl+V.

Boboleta

O blog do Guri tem andado com os pés muito firmes no chão ultimamente. Só relatos jornalísticos. Só fatos. “In this life, we want nothing but Facts, sir; nothing but Facts!” (Hard Times, de Charles Dickens – e não é que já citei esse livro aqui no blog?).

Normal. É o reflexo cristalino da minha resignada rotina pragmática e sem poesia: leitura de muitas coisas que preferiria não ter de ler (i.e., leis), estudo de muitas coisas que eu preferiria não ter de estudar, e muitas outras coisas que compõem uma longa lista de “what really grinds my gears”. Raras têm sido as oportunidades de fugir do basicão, blogando, musicando, caminhando ou nadando (na piscina cuja caldeira insiste em ser problemática) – e difícil tem sido persistir nessa fuga, porque o ter-que-fazer me chama de volta aos berros.

Hoje aceitei um convite a resistir a esses berros, tirar os pés do chão e voar. Conheci uma borboleta. Porém, ao contrário do que se possa pensar, não foi ela que me convidou a voar, porque era uma borboleta um pouco abobada, ou que pelo menos estava abobada quando a conheci.

Era a Boboleta. Não estava nem um pouco a fim de voar. Quando a vi, estava caminhando na grama. Achei que estivesse em apuros, não conseguindo bater as asas por causa das folhas de grama (ingenuidade a minha), então ofereci ajuda. Ela aceitou e subiu na minha mão. Foi subindo para o meu braço e ficou de um lado pro outro… caminhando. Como uma formiga. Como qualquer ser humano. Aliás, com bem menos pressa que qualquer formiga e que muito ser humano por aí.

Fiquei na volta dela por um bom tempo. No início brincamos um pouco; depois comecei a encorajá-la a voar, mas não adiantou nada. Estava muito inquieta, perambulando, e só se aquietou quando, com a minha ajuda, encontrou a luz do sol.

Podendo voar por aí, ficou parada ao sol! Bah, fiquei de cara. Ora, se ela queria mesmo ficar paradinha ao sol, pelo menos poderia voar para um lugar onde tivesse um montão de sol. Definitivamente não fazia sentido ficar no pátio dos fundos de casa – ali onde, às 17h de uma tarde de outono, só com muita dificuldade se encontra um redutinho de luz entre as folhas da árvore e longe da alongada sombra da casa.

Conhecer a Boboleta me rendeu algumas fotos e uma reflexão. Eu aqui, cada vez mais consciente da passagem do tempo, e mesmo condenado à incapacidade de voar, insisto em passar a vida tentando: me atirando do alto e me quebrando no chão. E a Boboleta, cheia de potencial, faz pouco caso do dom invejável que tem. Se fosse comigo… se eu deixasse de ser larva, certamente não me faria de bobo.

De novo, sem natação indoors

Mais um dia com problema na caldeira da piscina. Mais um dia sem natação indoors (e muito menos outdoors, porque ainda não tenho dinheiro pra uma roupa de neoprene – meu aniversário tá chegando, mas nem vou pedir isso de presente, porque o que eu quero mesmo é grana pro NYU fund).

A essas alturas, se tivesse começado às 9h, já teria nadado pelo menos uns 400m.

Tá me irritando isso. Já foi pro What really grinds my gears.

Carros de são em Som Lourenço

You know what really grinds my gears? Os carros de som em São Lourenço. Especialmente no domingo de manhã. Não que eu estivesse dormindo ainda, mas a irritação vem igual. O que eu acho mais irritante é que as palavras que terminam com “o” viram “oããã” e as que terminam com “a” viram “aééé”.

Venha almoçar no Terrasse Schultz,
na curva do Arroioããã!!!
O melhor restaurante da praiaééé!!!

Quer ADSL?

Já faz mais de um mês que temos pedido (insistentemente) banda larga aqui pra velha casa nova de SLS. No início, a Brasil Telecom tinha uma resposta diferente a cada dia: “sua linha telefônica não é apta para ADSL”, “não há disponibilidade de portas de ADSL na sua central telefônica” e, a mais irritante de todas, “estaremos instalando [muito, mas muito gerundismo nessa hora] sua ADSL em x dias” (mas depois, nada de instalarem ADSL).

Depois de um tempo, as respostas passaram a ser uniformes: “não há porta disponível”, e pronto. “Aguarde na lista de espera até que se libere porta; entraremos em contato”. Convenhamos que é meio ridícula essa espera, mas ok: se é assim, seremos pacientes.

Agora, a uniformidade nas respostas também não quer dizer que a Brasil Telecom e suas revendedoras parem de nos telefonar pra oferecer Internet banda larga. Um belo sábado desses, toca o telefone bem na hora do almoço: era uma moça, funcionária de uma revendedora da Brasil Telecom. A moça pergunta:

– Quer ADSL?

As nuvens se dissipam, e um facho de luz brilha sobre mim, e ouço coros angelicais:

– SIM, por favor! Já abriu porta?

– Vou verificar. Um momento, por favor.

Três minutos depois:

– Desculpe, senhor, esse serviço está indisponível para a sua localidade.

Só pode ser piada de mau gosto: uma vendedora me liga pra me oferecer um serviço que eu tanto quero contratar e depois diz que não pode me vender esse serviço. Isso é tortura! E é também um péssimo atendimento – por que não verificam se há disponibilidade antes de me telefonarem?

Não, esquece. Querer isso seria querer competência. Não dá pra querer demais.

Natação indoors

Quarta-feira de fato comecei a nadar na única piscina térmica de SLS. Mas alguns probleminhas já apareceram.

  • Primeiro: os 16 metros de comprimento da piscina na verdade são 15. Sim, eu me prestei a contar os azulejos: são 74 azulejos de 20cm, mais meio azulejo, mais os quebradinhos dos rejuntes de todos os azulejos… ou seja, aproximadamente 15 metros. Fora a propaganda enganosa, e o fato de que eu achei que tinha nadado 1600m (50 vezes 32m) na quarta-feira, quando na verdade nadei 1500m (50 vezes 30m), até que facilita um pouco aquele problema de cálculo da distância (multiplicar por 30 é mais fácil do que multiplicar por 32).
  • Segundo: a piscina não tem a marcação das raias no chão. E eu não consigo nadar em linha reta sem esse auxílio visual. E cada raia tem 2m de largura – ou seja, sem a marcação da raia, fico nadando em ziguezague (linda palavra) ou, sei lá, numa linha ondulada. Ah, e não venham me dizer que o problema é meu, de falta de coordenação. 😛
  • Por fim: hoje a piscina está fechada, por problemas na caldeira. Aiaiai…

Ganhei uma madrinha mexicana

Uns dias atrás fiz minha inscrição no NYU School of Law match program, que tem por objetivo estabelecer contato entre recém-admitidos (como eu!) e alunos ou ex-alunos do Mestrado em Direito da NYU – em outras palavras, atribuir padrinhos veteranos para os bixos pobre-bichos.

Recebi há pouquinho um e-mail supersimpático de uma aluna mexicana matriculada no Mestrado em Direito Internacional! Pressinto que vai ser um contato bem legal e principalmente útil (pra mim, pelo menos). Coitada, eu tenho várias dúvidas… Só preciso cuidar pra não bombardeá-la com duzentas perguntas no primeiro e-mail. Afinal, ela não ganha nada com isso; só se dispôs a ajudar por boa-vontade!

Pra piorar, ando com uma tendência grave a escrever/falar demais – ainda mais que o normal… que horror! (Por exemplo, enchi os ouvidos da minha irmã Lucila por telefone no domingo de Páscoa – minha mãe, que ouviu de longe, depois me disse que falei feito uma metralhadora.) A culpa é do exílio… 😛

Natação outdoors

Acho que me puxei: 13 de abril, nadando na Lagoa dos Patos? Claro que aguentei no osso, mas chega. Na saída da lagoa eu observei como as folhas já estão secando, e eu ali, o único banhista maluco… Outdoors, de novo, acho que só no veranico de maio.

Tudo bem, porque igual eu já pretendia me inscrever amanhã no pseudoclube de SLS que tem uma piscina térmica de 16 metros de comprimento. O maior desafio vai ser me acostumar a calcular a distância percorrida a nado em múltiplos de 16!

Freela em POA – e além

(Criança quando aprende palavra nova usa quando pode. Aprendi “freela” há um ou dois meses – “freelancer” eu já conhecia; “freela” é que, até então, não.)

Esta semana estive em Porto Alegre para um trabalho de freela (!) em finanças, por indicação e sob a orientação do professor Nelson, patrono da minha turma de Economia. Foi uma ótimo período prático pra relembrar e aprender um pouco mais de Economia.

No mais, conheci muita gente boa, revi meu professor e também meu ex-colega Felipe (que é colaborador da empresa onde trabalhei), e de quebra trouxe de volta um pouco de dindim pro meu so-called “NYU fund”. Claro que não fiquei milionário de um dia pro outro (isso só no sábado, quando a Nadia ganhar na Megassena), mas tudo o que entra vem bem!

Ah, claro, e após o trabalho nesses dias em POA eu assistia à CNN, o que eu não fazia há mais de um ano, desde o período do meu estágio em Bonn… haha! Foram boas recordações. Assisti a um programa ótimo, Talk Asia, com o Lang Lang – aquele pianista prodígio chinês. Mas o engraçado da CNN é que tem umas chamadas de programas que continuam as mesmas de um ano atrás, e como repetem quase a cada intervalo, grudam muito na cabeça. Uma dessas chamadas é a do programa da Christiane Amanpour, correspondente internacional (copiei daqui):

You have listened to the world leaders,
and leaders who want to rule the world;
You have heard from the men of God,
and men who kill in God’s name;
Gaze into eyes with hope,
and see hearts consumed with hopeless.
With CNN, you have followed the facts around the world.
Come with me and see where the stories take us next.

Enfim, voltei de POA a SLS ontem e por enquanto sigo aqui… até surgir outra boa oportunidade dessas. Volto pra passar o findi de Páscoa com meus pais, e hoje eles me inventam de sair a visitar amigos, pode?

Temos o prazer de informar que erramos

Recebi a notícia da Nalatos; eu já ia dormir (tenho que acordar cedão amanhã! – vide post anterior), mas simplesmente não dá pra não repassar essa!

As cartas de aceitação (ou rejeição) enviadas pelas universidades estadunidenses entregam o ouro (ou o latão) já nas primeiras linhas; aliás, nas primeiras palavras! Passei quatro vezes pela tensão de abrir uma dessas cartas… é muita adrenalina. A NYU avisou por um e-mail que começava assim:

I am very pleased to offer you admission to the Graduate Division of New York University School of Law…

Claro que, depois de ler “I am very pleased”, eu já estava nas nuvens. Tudo bem, ainda tinha esperança de encontrar ali uma oferta de bolsa (que não encontrei, infelizmente!), mas a principal boa notícia já estava comigo – tinha sido aceito. Imagina a taquicardia, a comemoração, os telefonemas pros amigos…?!

Agora, imagina se no dia seguinte a Universidade te manda um e-mail dizendo que o do dia anterior foi um engano? Foi isso que aconteceu com 28 mil candidatos à Universidade da Califórnia em San Diego, segundo noticiou o G1.

Eu pediria indenização por danos morais… certo que sim!