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Na metade da pesquisa

Inspiradíssimo que estava ontem à noite, acabei de escrever em casa o rascunho da Parte A do meu paper. Isso significa que numericamente estou na metade do caminho, embora talvez a trabalheira vindoura seja maior que a pretérita, já que a Parte B do paper é bem mais substancial.

De qualquer modo, estou bem feliz e satisfeito com minhas 14 primeiras páginas! Segundo minha estimativa inicial deveriam ter sido apenas 12, mas isso não é problema, porque ao longo das revisões minha supervisora e eu acabaremos reduzindo o conteúdo ao estritamente necessário, pra deixar a coisa mais objetiva. E como o leitor sabe melhor que ninguém, isso é muito importante no meu caso, já que sou conhecido como prolixo. Deliciosamente prolixo, eu diria… 😉

Pra fechar essa primeira etapa de pesquisa, lembro três aspectos dos mais marcantes até agora:

  1. SUPERvisora. Tive sorte (se é que isso existe) por ter sido escolhido por uma supervisora que tem um estilo de trabalho muito saudável, desde as orientações iniciais até os comentários, sempre inteligentes, após a revisão dos meus rascunhos.
  2. Literatura e bibliotecas. Aprender a me virar e me acostumar com os livros e artigos jurídicos daqui foi vital. A “missão” à biblioteca da IUCN e a eficiência da bibliotecária do Secretariado em me ajudar a conseguir literatura também foram essenciais. Agora só falta a missão à biblioteca jurídica da Universidade de Bonn (e talvez à biblioteca do Palácio da Paz… continuo buscando desculpas!).
  3. Idioma, linguagem, estilo. Escrever (que pouco difere de pensar) fora da língua materna sempre representa um desafio. Depois de 14 páginas, acho que no mínimo venci a inércia! Quanto ao estilo, formalista assumido que sou, estudar e seguir o “Guia de Estilo Editorial” do Secretariado foi até divertido! Primeiro: finalmente pude descansar um pouco das chatices da ABNT (jurista falando assim de normas… que feio!). Segundo: agora tudo o que eu escrevo tem uma pretensa cara de documento oficial da ONU – exceto, claro, os posts no BdG.

P.S.: Continuo a fugir do meu planejamento postológico, ou por falta de coragem ou de tempo. Um dia desses talvez chegue a escrever um longo e denso post com divagações (e obviamente também questionamentos, porque não há divagações sem questionamentos) sobre a minha experiência tudo de Bonn. É bem-vindo o incentivo dos leitores-comentaristas do BdG para que essa quase-promessa não fique só num post scriptum totalmente fora de contexto!

Carnaval, de novo

Sei que por causa da minha acidez no último post (post ketchup ácido?) a impressão que muitos devem ter tido é que absolutamente odeio carnaval e “tenho raiva de que quem gosta”. Sei disso porque sempre estive consciente da minha acidez naquele post e também porque recebi um comentário off the record de uma das leitoras-comentaristas mais assíduas que prefere manter-se no anonimato – ela não disse isso, mas se mandou um comentário por e-mail, sua intenção ficou “implicitamente evidente”!

Pra esclarecer, uma última reflexão, talvez bem apropriada para uma quarta-feira de cinzas, Aschermittwoch como dizem por aqui: o que me desagrada no carnaval é a raiz pagã e a parte não-saudável da festa (bebedeira, brigas decorrentes etc.). Não tenho nada contra o resto, quer dizer, a parte da diversão, da alegria, das fantasias, do colorido, e até dos doces que atiram com tudo nas nossas cabeças nos desfiles aqui em Bonn. Só não sei se os dois aspectos negativos não acabam minando tudo isso… (Mesmo “me justificando” eu não consigo ser anti-carnaval… sorry!)

Post ketchup

Anormalidade total nos últimos dias me impediu de manter a postância (postagem mais constância) de que tanto vinha me orgulhando. Pra evitar meus tradicionais posts retroativos acabo de inventar e já saio aplicando uma categoria nova: o post ketchup. Não, não tem nada a ver com condimento à base de tomate para pôr em pizzas e lanches do Sanata: trata-se na verdade de um post que serve para o leitor “catch up” com minhas últimas novidades, ou seja, pra gente entrar no mesmo ritmo de novo.

A anormalidade a que me referi teve aspectos ruins e bons, mas a cronologia dos fatos (daonde eu tiro essas expressões horríveis?) me força a começar pelos bons. Conforme escrevi no post de sexta-feira, em vez de ir à casa da minha irmã e do meu cunhado, fui a um retiro de um grupo de juventude mirim cristã que eles ajudam a coordenar. O retiro foi num albergue de juventude em Schmallenberg, uma vila muito simpática com estações de ski e casinhas típicas alemãs daquelas que vêm à mente quando se pensa em casinha típica alemã. Uma agradável surpresa na manhã de sábado em Schmallenberg: neve, algo que eu não via desde o Natal do ano passado, na casa dos pais do meu cunhado. Em Bonn que é bom não neva. (Será mesmo possível que não vi neve durante todo o mês de janeiro?! Shocking!) Aí vão algumas fotos pra colorir um pouco o BdG (colorir de branco?!):

O albergue de juventude em Schmallenberg

Schmallenberg vista do albergue

Caminhos nevados ensolarados

Pés na neve, botas limpinhas (homenagem à Fabi)

Embora o retiro tenha sido bom, não descansei muito: jovens de 12 a 14 anos realmente sabem fazer barulho durante a noite. Nos meus 22 me sinto um velho dizendo isso, mas é bem verdade! Também teria sido melhor se eu pudesse me comunicar melhor com a galerinha. Entender as pregações em alemão eu até que mais ou menos entendi, mesmo que às vezes fosse só “no contexto”. Por outro lado a falha não foi só do meu alemão deficiente: não senti na galerinha muita vontade de se comunicar comigo. Enfim, não foi difícil ter em mente que sou um alienígena aqui, na acepção original e jurídica da coisa. Mas no mais foi bom. Ah, sim: sábado à tarde fomos de galera a um parque aquático, o que eu achava que seria um saco (haja pessimismo!), e que acabou sendo ótimo.

Na tal de Rosenmontag, segunda-feira de carnaval, sob muita pressão, saí mais cedo do estágio pra ver o desfile. Nem eu acredito… Acontece que carnaval é culturalmente uma grande coisa na região de Bonn, e foi grande a insistência de algumas pessoas do Secretariado para que eu fosse ver o desfile. Só pra dar uma idéia: um colega da minha supervisora pediu a ela que me liberasse… pode?! Aí eu resolvi agradar a gregos e troianos (ou seja, a galera e a mim mesmo!) e montei uma agenda meia-boca: fiquei no estágio por meio turno, e depois fui ao desfile.

No estágio, assisti a um curso introdutório sobre a biblioteca do Secretariado. Foi uma maneira curiosa (irônica seria a palavra mais correta!) de começar a minha quinta semana de estágio, depois de já ter escrito páginas e páginas do meu paper e de estar em contato constante com a bibliotecária e de ter feito bastante uso da biblioteca… Em seguida, assisti a uma palestra de um funcionário da FAO sobre bioenergia e segurança alimentar. A palestra foi ótima e também serviu pra eu conhecer “the Marshall Room”, a sala histórica na Haus Carstanjen (foto neste post) onde foi assinado o Plano Marshall.

Depois, ao desfile de carnaval… Resumindo: os carros alegóricos vão passando (na chuva, óbvio, porque em Bonn que é bom não neva), e a galera em cima dos carros vai jogando doces pro público, e o público todo fantasiado vai juntando os doces, e bebendo cerveja. Muita cerveja. Tipo, ao meio-dia. Não é que eu me arrependa de ter ido assistir ao desfile; só serviu pra confirmar o que eu já sabia: esse tipo de programa que definitivamente não faz minha cabeça. Nunca gostei de carnaval no Brasil, até porque é uma festa pagã cujo fundamento vai contra os meus princípios, e porque não faço o (estereó)tipo brasileiro-carnaval-samba-caipirinha-futebol.

O que importa, por fim, é que hoje é Mardi Gras (já!?), e amanhã carnaval já era, aliás hoje meio que já era por aqui, e os horários de ônibus de Bonn voltam finalmente ao normal (seja o que isso for). Pronto: liberei todo o meu ácido corrosivo. Sssss…

Die Welt ist weit geworden

Vindo pro Secretariado ontem, ouvi na rádio uma música em alemão. Gostei muito da letra, de que, aliás, entendi boa parte (pra minha própria surpresa!): “Die Welt ist weit geworden”. Googlei pela letra, mas não a encontrei completa em parte alguma. Só achei neste site o seguinte fragmento:

Die Welt ist klein geworden, so winzig klein geworden,
Ein schöner Ball mit dem Du gerne spielst.
Sie ist ganz Dein geworden und allgemein geworden.
Und wartet ab wohin Du mit ihr zielst

Olhei bem pro site onde encontrei essa estrofe, e vi que tinha a maior cara de site de amador, e pensei… vou escrever pro cara pedindo a letra! Não tenho nada a perder! No pé da página tinha uma nota de copyright com o e-mail do webmaster; logo vi que deveria ser holandês (e-mail com final “.nl”). Então, pra tirar a ferrugem do meu holandês…

Hahaha, até parece! A única coisa que eu sei falar bem direitinho em holandês é “Goedemorgen” (preciso dizer o que significa?) e “Scheveningen” (o nome da praia que fica perto de Den Haag). Ah, claro, outra coisa que eu sei falar: Den Haag (A Haia), a cidade onde fica o Palácio da Paz.

Voltando ao assunto: escrevi (em inglês!) um e-mail pro holandês, dizendo que eu tinha gostado da música, e que talvez ele pudesse me mandar a letra completa… e não é que ele me respondeu?! Infelizmente foi pra dizer que letra está em alguma das caixas que ele guardou no porão, e ele nem sabe com certeza qual! Mas me prometeu que, se um dia encontrar, manda a letra pra mim. Na assinatura automática do e-mail tinha até o endereço dele; eu poderia visitá-lo e procurar a letra nas caixas do porão. Agora tenho mais um motivo para ir à Holanda! De qualquer forma, acho que seria muita escalação da minha parte… ou será que não?

P.S.: Esta semana foi a mais rebelde em termos de planejamento na história do BdG, porque, muito embora eu tenha planejado em várias ocasiões o assunto de cada um dos “posts do dia”, acabei sempre escolhendo outro assunto! Só pra não fugir à rotina: preciso sair correndo pra pegar o ônibus… Volto segunda-feira com mais novidades, já que este findi estarei num retiro de um grupo de juventude mirim (Jumpec auf Deutsch!?) que minha irmã e meu cunhado coordenam na igreja deles. Até!

Ordinário com peculiaridades

É impressionante como certos dias podem ser quadradamente rotineiros e ao mesmo tempo ter aspectos extraordinários e inesperados. Hoje acordei na mesma hora de sempre, tomei café na mesma hora de sempre e me preparei para pegar o ônibus de sempre na hora de sempre e vir ao lugar de sempre, fazer o que tenho feito nas últimas semanas.

Até aí, tudo óbvio – e então começaram as peculiaridades deste último dia de janeiro de 2008. Pouco antes de sair de casa, abri a janela do meu quarto – coisa que nem sempre dá tempo de fazer, depois de ajeitar cara e cabelo e nutrir o corpo com o café da manhã e a alma com o devocional do Orando em Família (na verdade, “Orando Sozinho”, mas fazer o que se moro sozinho durante a semana?!). Ao olhar para a rua, vi que o dia estava lindo, céu azul e tudo, depois de alguns dias seguidos de chuva, e bastante frio. Pessoas raspando o gelo do para-brisa dos carros…

Então fui até a parada de ônibus, onde vi um motorista de Straßenbahn dar um belo xixi visual (tipo gestos de reprovação, nada obsceno!) num motorista de ônibus que quase causou um acidente ao sair dirigindo da parada sem nem olhar para o retrovisor, bem na hora em que o trem estava chegando! (Ainda bem que foi só um quase-acidente!) Pior é que, mesmo depois do xixi, o motorista de ônibus fez a mesma coisa, e quase bateu no trem, de novo! (Outro quase-acidente!)

Em seguida comecei a ver pessoas com as mais variadas fantasias, desde bigodinhos e cartolas de Charles Chaplin até roupas completas de coelho, todas em cor-de-rosa e até com rabinho, passando por perucas black power, perucas vemelhas, perucas malucas. É o carnaval de Bonn começando… e as pessoas realmente saem assim pra rua e pro trabalho (aliás, aquelas poucas que, como eu, vão trabalhar), coisa que nem no Brasil eu vi! Já me disseram que essa é a única época do ano em que esse povo tão certinho e cheio de regras fica um pouco fora da casinha – mas depois volta ao normal! Ainda escrevo mais sobre as tradições de carnaval, talvez num outro post.

Finalmente, cheguei no estágio e comecei a escrever este post um pouco antes do horário de trabalho, o que nunca tinha feito. E vou publicá-lo na pausa de almoço, algo também inédito. Mas quem pode garantir que o extraordinário não acabe virando rotineiro em algum momento?

Situação inusitada

Queria tentar publicar o post-do-dia mais cedo, porque ontem perdi o ônibus (ohhh…). Apesar da tentativa, acho que ainda não vai ser hoje que vou conseguir! O que me amarra às vezes é que eu sinto uma grande necessidade de revisão do que eu escrevo… Relembrando a minha revolução redacional: “Escrita fácil produz leitura difícil” (McCloskey) e “O que é escrito sem esforço é em geral lido sem prazer” (Dr. Johnson).

Tinha várias idéias de post pra hoje, e acabou que uma situação inusitada na hora do almoço fez com que eu mudasse meu plano inicial. Almocei na cantina do Secretariado, como sempre, mas na pouco freqüente companhia da minha supervisora e do chefe do Legal Affairs (ou seja, companhia de alto escalão, literalmente).

Enquanto o poderoso chefão ainda estava passando pelo buffet, minha supervisora e eu encontramos uma mesa para nós três e já tomamos nossos lugares. Ela disse que poderíamos começar logo a almoçar, já que o chefe parecia que ainda ia parar pra conversar com não-sei-quem. Quando desejei a ela um “bon appétit” (não sou só eu o francófono metido a besta: nessas horas o “enjoy” da língua inglesa é absolutamente sem graça, e a maioria da galera aqui diz “bon appétit”), tive a nítida impressão de que ela fez uma rápida oração!

Eu já sabia que ela era católica, e inclusive alguém já me disse aqui no Legal Affairs que ela é bastante envolvida nas atividades da sua igreja. Por isso, em certo sentido não foi uma surpresa pra mim. Só fiquei um pouco envergonhado. Tendo sido criado numa família cristã, sempre soube que orar agradecendo pela refeição é um hábito muito bonito e um reconhecimento básico de que temos o que temos literalmente “graças a Deus”.

Mesmo assim, esse nunca chegou a ser um ato regularmente praticado lá em casa (basicamente porque a gente sempre almoça correndo, oh raios). Tampouco gosto de orar em restaurantes ou outros lugares públicos, talvez porque me pareça exibicionismo. Acabo sempre lembrando daquela passagem do sermão do monte que nos instrui a não orar por aí afora, nas esquinas da cidade, para sermos vistos, mas sim a recolher-nos e orar discretamente.

Como quase sempre, o caso parece ser de encontrar um meio termo (a virtude!) entre dois extremos (o vício pela falta e o vício pelo excesso!). Será que orar publicamente (rapidinho e com discrição), no caso de refeições em restaurantes, pende mesmo para o extremo ruim (exibicionismo)? Minha conclusão pelo menos preliminar nessa busca por um meio-termo é que orar antes das refeições é apenas mais um dos exemplos da minha supervisora que eu deveria tentar seguir!

Honestidade: não tem preço

Lá vou eu falar do transporte coletivo de Bonn. Desculpem, mas fazer o quê? É algo que faz parte da minha vida. Ah, se faz!

Meu esquema aqui com o sistema de transporte é o seguinte (acho que até já contei, mas não custa recapitular, como nas primeiras semanas de aula no ensino fundamental): com um Monatsticket de € 54,30 posso usar todas as linhas de ônibus da cidade quantas vezes por dia e por mês eu quiser. Esse é meu principal interesse, pois tenho de pegar dois ônibus para vir de casa ao Secretariado. Porém, com o cartão também posso usar livremente as linhas de Straßenbahn (que é um trem urbano ou bonde) e metrô (que basicamente é o Straßenbahn subterrâneo), também nos limites da área urbana de Bonn.

O mais interessante é que o sistema confia totalmente na honestidade das pessoas. Não há catracas. Isso é ótimo, porque “catracas” é uma palavra bastante feia, e também porque catracas apatralham a vida das pessoas. O curioso da história é ver as estações de metrô livres de qualquer impedimento à entrada: simplesmente se pode chegar a qualquer estação e entrar no primeiro trem que vier.

O mês está chegando ao fim, assim como o período de validade do meu Monatsticket. No máximo até sexta-feira precisarei comprar outro. Mais € 54,30 – caro pro dinheiro brazuca (que nessas horas pouco tem de real!), mas razoável ou talvez até barato para padrões europeus.

Em tese pode haver fiscalização, e a multa para quem não tem bilhete válido (unitário ou promocional como o meu Monatsticket) é de € 40,00. Eu nunca fui fiscalizado, e além disso sempre ando com ticket válido; o mesmo, porém, não se pode dizer da Yuki.

A Yuki é a personagem principal do meu curso de alemão. Na vinda para o Secretariado, hoje de manhã, eu ouvi no MP3 (sim, aqui é até seguro ouvir MP3 no ônibus!) uma lição de alemão em que a Yuki foi “flagrada” sem ticket em Munique. Na verdade, pobrezinha, ela tinha comprado o ticket, só tinha esquecido de carimbá-lo. Mesmo assim, não teve conversa com o fiscal, e ela teve de pagar a multa, que em Munique acho que é de € 30,00.

Agora preciso correr pra não perder o ônibus – pelo uso do qual, aliás, pretendo continuar pagando, de mês em mês! No Brasil eu provavelmente passaria por trouxa. Diriam que o risco de ser fiscalizado é pequeno, e que valeria a pena correr esse risco. Sou bastante averso ao risco, mas não é só: pra mim, honestidade não tem preço.

Regina Maria Braga = Ana Regina Casé

Fiquei de boca aberta ao ler o comentário ao post de ontem por parte da minha ex-colega Janaína (aliás, agora é colega economista – iuhu!). Exatamente: as duas celebridades brasileiras que me vieram à mente são Regina Casé, em primeiro lugar, e Ana Maria Braga, em segundo… na verdade, um mix das duas! Claro, também fiquei impressionado com os outros comentários no mesmo sentido, mas foi chocante ver já de primeira uma resposta perfeitamente compatível com o que eu pensava.

Primeiro, isso prova que, embora eu possa ser meio louco por fazer comparações entre pessoas, pelo menos minha loucura é razoável; é uma loucura média que qualquer pessoa poderia ter. Fico mais tranqüilo.

Segundo, isso prova que a blogosfera é mesmo um espaço eficiente de participação do leitor; talvez não de democracia participativa, como eu escrevi no post de ontem, porque a gente não decidiu nada desta vez, mas numa próxima eu proponho algum tópico para uma verdadeira votação. De qualquer forma, obrigado mais uma vez pelos comentários e pela preferência! 😉

Hoje fico por aqui e saio correndo para pegar o ônibus, (1) porque o resultado do post de ontem me deixou muito satisfeito e (2) porque o dia hoje foi puxado (tchê, acordei às 5:20 da matina) e preciso descansar. Para amanhã prometo um post substantivo, tá?

A senhora-propaganda da NetCologne

Uau: depois de receber respostas tão rápidas ao post de sexta escritas por duas das leitoras-comentaristas mais assíduas do BdG me dei conta de que a blogosfera também pode ser um espaço de democracia participativa!

Nesse espírito, quero fazer uma proposta. Vejamos: nuns, sei lá, 83% das paradas de ônibus da cidade de Bonn (eu e meus dados estatísticos tirados da cartola!) está a seguinte propaganda:

Minha irmã Lucila uma vez disse que eu tenho a mania de fazer paralelos entre pessoas que eu acabo de conhecer e pessoas que me são familiares; tipo, “nossa, como Fulana é parecida com minha amiga Beltrana”. Vendo a criatura da propaganda aí de cima com razoável freqüência no meu quotidiano, não pude evitar uma dessas comparações… Talvez ver a foto em tamanho bem menor aqui no blog não tenha o mesmo efeito que vê-la significativamente ampliada nas paradas de ônibus. Mesmo assim, gostaria de saber se alguém entre vocês, leitoras e leitores, tem a mesma impressão que eu.

Está aberta, portanto, a votação: a “senhora-propaganda” da foto acima é a versão alemã de que celebridade brasileira? 😀 Não vou dizer em quem pensei (na verdade, pensei num mix de duas pessoas!) antes de receber alguns comentários. E, por favor, comentem, né – pelo menos pra compensar meu mico de tirar uma foto dum anúncio publicitário numa parada de ônibus…

Fechando a Semana 3

Quem acompanha o blog já sabia (e quem não acompanha vai acabar sabendo agora, porque vou repetir o que escrevi neste outro post aqui) que eu pretendia entrar no coro da Igreja Protestante Americana que fica aqui em frente ao Secretariado. (Aliás, eu posso até ver a igreja aqui da janela do meu escritório, e ouço de hora em hora as badaladas do sino!)

Fiz um “expediente prolongado” ontem, e às 20h fui direto ao ensaio. Pouco antes de entrar na Igreja já conheci a regente, Margot, uma divertida senhora de uns 60 que é pura animação! Ela logo me disse que estava feliz por eu entrar no coro, que tem vários sopranos, vários altos e… um tenor. Isso mesmo: eu seria o baixo-solo, além de Bendito Fruto Second Edition. O quorum… Bah, depois de três semanas de “legal drafting” não consigo deixar de pôr palavras latinas em itálico! Bonn, voltando: o quorum 😉 do ensaio foi bastante baixo, e o colega tenor não compareceu, então além de baixo-solo eu desempenhei o papel de Bendito Fruto The Original interinamente.

A experiência foi ótima – só resta decidir se vou continuar participando! A grande desvantagem não é estar sozinho no baixo; o que pesa mesmo é não poder participar nos cultos (já que nos domingos normalmente não estarei em Bonn!) e ter de voltar pra casa tão tarde às quintas-feiras (ontem cheguei quase às 23h, o que é bastante tarde considerando minha rotina de trabalho e… transporte público!). Quanto ao primeiro problema, i.e. (pronto, estou perdido!), quanto ao fato de que não serei um coralista com quem o grupo poderá contar sempre, a Margot disse que não seria um problema de verdade: se eu quisesse, poderia ir só aos ensaios nas quintas-feiras, e participar dos cultos apenas nos domingos em que eventualmente ficasse em Bonn. O problema, mesmo, é a minha consciência: ela me diz que essa atitude não é muito legal para com o grupo. Enfim, ainda tenho que pensar sobre a conveniência ou não de participar do coro. Pitacos dos visitantes do blog (através dos comentários, SVP) são sempre bem vindos. 😉

Agora, às notícias de hoje, sexta-feira, 25/01: foi o dia que mais se aproximou de algo que se possa chamar de inverno desde que estou em Bonn. Estava até friozinho! De manhã cedo havia bastante gelo nos carros e nas ruas. Dava quase pra vir deslizando, “ice-skating”, da parada do ônibus até o Secretariado (desconte-se, claro, meu típico exagero). Além disso, o céu passou azul o dia todo, com muito sol, contrariando os comentários pessimistas da minha irmã, que diz que na Alemanha nunca tem sol durante o inverno. Eu até vi o sol nascer, de trás das montanhas do lado de lá do Reno!!! Lovely! E aí… passei o dia dentro do escritório. 😛

É pena não ter tempo para sair, conhecer mais da cidade à luz do dia, nem mesmo nos fins de semana. Por outro lado, não tenho de que me queixar: o trabalho está cada vez melhor e mais complexo, e meu paper está, digamos, rendendo, surgindo aos poucos, no ritmo planejado. Fecho a Semana 3 pronto pra passear com minha irmã Ca e meu cunha Volker, e voltar a mil pelo Brasil (tudo bem: na verdade, a mil pela ONU) na segunda-feira que vem.

P.S.: Isso não quer dizer que eu não vá postar nada este findi!