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Cheers

Ontem fui ao connect group, um minigrupo da ICF, igreja a que eu tenho ido aqui em Genebra. O minigrupo é uma ótima oportunidade, para “quebrar” um pouco a rotina de trabalho e só trabalho: estudar a Bíblia, louvar a Deus, fazer amizade com outros cristãos e… falar francês, também. (Trabalhando direto com anglófonos e morando na casa de um lusófono, dá até pra esquecer que estou numa cidade francófona! Mas não quero esquecer – pelo contrário, quero praticar francês sempre que possível!)

Como o minigrupo é menos mini do que grupo, sempre tem bastante gente nova – daí a necessidade de fazer uma rodada de apresentação. Desta vez, foi assim: cada um na roda apresentava a pessoa à sua esquerda. Pois bem. À minha direita estava um visitante (brasileiro, aliás), que confessou não saber meu nome. Aí dois que já me conheciam intervieram para acudi-lo. Um disse, “o nome dele é Rafael.” O outro veio emendar, “não, Rafael que nada: é Steven!” E eu rolei de rir. Passaram longe. Aliás, até o visitante que nem tinha como saber meu nome passou mais perto!

Aiai, já dizia a música do Cheers: Sometimes you want to go where everybody knows your name…

Outra história daquelas

Daquelas tipo esta.

Um assunto sobre o qual não comentei muito (ou pelo menos não de forma sistemática) aqui no blog foi o bar exam – o exame de ordem do estado de Nova Iorque. No post aquele das 4.000 palavras eu comentei que, depois da minha formatura no mestrado, em meados de maio, tive miniférias e logo comecei o curso preparatório para o exame, no barbri. No início de junho, contei um pouco sobre a minha árdua rotina de preparação, que não mudou muito até o fim de julho, exceto no período em que fui para San Antonio visitar mana e cunha.

Quem acompanhou o blog na época vai se lembrar (e quem não acompanhou vai ficar sabendo agora): os meses de barbri, junho e julho, foram de posts curtos e poucos. Em geral, postei só pra compartilhar alguns de meus olhares fotográficos para a cidade de Nova Iorque, às vezes combinados com momentos esparsos de inspiração literária aleatória e incontrolável. Até que em agosto finalmente voltei à postância normal, mesmo antes de fazer a última prova relacionada ao bar exam – a de responsabilidade profissional.

Vale lembrar meu posicionamento oficial sobre a prova:

[…] não tenho nenhuma base para saber como fui – e nem quero ficar pensando a respeito, porque os resultados só saem daqui a alguns meses (nem estarei mais em Nova Iorque quando saírem). O que posso dizer de consciência limpa é que fiz o meu melhor considerando as circunstâncias. E seja o que Deus quiser [e digo isso da forma mais sincera possível – nada de “força de expressão”].

E então eu parei de pensar nisso. Aproveitei muito bem aproveitados meus últimos dois meses morando em Nova Iorque, e depois vim pra Genebra. Muitas transições. A vida aqui é bem diferente da vida lá. Outros projetos, outras coisas pra me manter ocupado. A ideia era mesmo nem ter muitas esperanças, e deixei isso bem claro para todos com quem falei sobre esse assunto. Claro que muitos amigos seguiram insistindo que tinham certeza de que eu tinha passado… o que, embora não seja mal-intencionado, não ajuda muito; só me coloca ainda mais na responsa, na necessidade (autoimposta) de sempre mostrar bons resultados e de corresponder às expectativas do mundo ao meu redor.

Como já expliquei no meu posicionamento oficial, fiz o meu melhor na prova. Passar seria ótimo, mas não passar não seria o fim do mundo – talvez apenas um sinal de que Papai do Céu não quisesse que eu fosse um big-shot New York lawyer (difícil traduzir isso!). Cheguei a dizer isso pra alguns amigos aqui e ali.

Aliás, saindo do escritório ao final do expediente na minha primeira sexta-feira de trabalho no IISD aqui em Genebra, a Jocelyn, uma colega de trabalho, perguntou sobre a prova da ordem (eu já tinha comentado que tinha feito a prova). Então eu expliquei essa minha postura – nas palavras que usei no parágrafo anterior, mesmo. Pra minha total surpresa, ela respondeu, “bom, se já colocaste essa questão diante do Senhor, talvez Ele possa mesmo responder dessa forma.” E foi assim que, na minha primeira interação com alguém do trabalho fora do ambiente de trabalho, ainda novo na cidade e sem igreja e sem amigos, descobri uma colega de trabalho cristã, e aparentemente a única do escritório. Coincidência?

Até que chegou novembro e comecei a pensar, “o resultado do exame de ordem deve sair em breve.” Semana passada comecei a olhar o site… todos os dias, na esperança de encontrar a lista de aprovados. Mas nada. Chegou um e-mail do barbri, dizendo que os resultados só sairiam a partir da semana que vem. E me determinei, “pronto, não adianta ficar olhando o site freneticamente; o negócio é ter paciência.”

É interessante como determinar-se não significa absolutamente nada. Semana passada, um dia sonhei que tinha olhado a lista e meu nome estava lá. Outro dia, também semana passada, sonhei que tinha olhado a lista e meu nome não estava lá. Sim: na semana passada, sonhei duas vezes com a lista dos aprovados. Por mais que não quisesse me importar com o resultado (“passar seria ótimo, mas não passar não seria o fim do mundo”), a simples determinação de não me importar com o resultado era um sinal de que já estava me importando.

Foi bem isso que me disse a Jocelyn no intervalo de almoço de sexta-feira. Eu tinha contado a ela que a história do bar exam vinha me atormentando… e que eu não queria mais me importar. Mais, ela enfatizou bastante o que eu já sabia: tinha apenas que deixar de lado essa preocupação e confiar em Deus. Pronto. Claro que eu já sabia disso. Mas é tão difícil pôr em prática… Os amigos cristãos  às vezes ajudam simplesmente nisso – lembrando o que já sabemos sobre Deus, mas que às vezes é difícil de aplicar no dia-a-dia. Ótimo. Mais uma vez, eu disse a Deus, “tá contigo… quero paz; não quero mais pensar nesse exame.”

Sábado acordei superdisposto e fui passear. Peguei um bonde até o Palais de Nations (sede das Nações Unidas aqui), de onde caminhei até o Jardim Botânico. De lá, caminhei na Pérola do Lago (um parque) e atravessei de barco até o outro lado do lago, em Genève Plage. Voltei pra casa, fiz um almocinho básico, e à tarde fui até a Piscine de Pervenches, em Carouge: fui nadar, o que não fazia desde abril, quando ainda tinha acesso ao centro esportivo da NYU. Comprei um passe para toda a temporada; pretendo ir regularmente! Cãimbras à parte (normal, depois de tanto tempo!), a primeira vez foi ótima. Eu amo natação. Ria sozinho no vestiário, me preparando pra entrar na piscina. “Não acredito – eu vou nadar!” Haha… Espero que ninguém tenha notado minha felicidade boba. Voltei pra casa a pé. O dia foi lindo – chegou a fazer 19 graus! E em nenhum momento do dia pensei no exame.


Jardim Botânico de Genebra


Jardim Botânico


Pérola do Lago, parque em Genebra.
Não parece a Pérola da Lagoa, São Lourenço do Sul? 😉


Ainda na Pérola do Lago


Cisne no Lago de Genebra


Mont Blanc


Jato d’Água


Jato d’Água e o Salève


Catedral e Jato d’Água


Jato d’Água e cisnes


Jato d’Água e arco-íris

Finalmente vim para o computador colocar os e-mails em dia. Também estava determinado a telefonar para alguns amigos de Nova Iorque (telefonemas pelo Google Voice para os EUA são de graça até o fim do ano – fica aqui a dica!). Então vi que tinha um e-mail do comitê de examinadores da ordem dos advogados de Nova Iorque na minha caixa de entrada. Não podia ser. Eu tinha olhado pela última vez o site da ordem na sexta-feira à noite e o resultado não tinha saído; no sábado é que não teria sido publicado! Mas tinha a diferença de horário… será? Não podia ser. Mas aí entrei no facebook e vi várias atualizações dos meus amigos, anunciando que tinham passado… Não podia ser. Mas era: tinha saído o resultado do exame de ordem.

Aí, o que se faz? Entra-se na caixa de entrada e abre-se o e-mail do comitê de examinadores, certo? Não. Surta-se primeiro. Catei minha prima Carol no Google Talk. “Carol, acontece o seguinte…”, e expliquei a história, acrescentando, “não quero abrir o e-mail. Tô com medo.” Acho que se não fosse a Carol me ordenar que abrisse o e-mail imediatamente (hahaha!), até agora estaria aqui, esperando… sei lá exatamente pelo quê. E então eu abri o e-mail. Diz assim:

The New York State Board of Law Examiners congratulates you on passing the New York State bar examination held on July 27-28, 2010.

Passei. No e-mail, o comitê me dá os parabéns. Só tenho a agradecer a Deus por tudo… pelo meu intelecto, sim, mas principalmente pela capacitação e pela paz de espírito que Ele me concedeu, desde o tempo de barbri, passando pelos os dias de prova, até a publicação do resultado (apesar do momento “low” da última semana). Também sou muito grato a minha família e aos meus amigos (no Brasil e em Nova Iorque), por torcer e orar por mim, e especialmente por me aturar (ou aturar minha ausência) durante os meses estressantes de estudos. O que essa aprovação significa em termos práticos eu ainda não sei; isso também está nas mãos de Deus. A única certeza, por enquanto, é que uma porta segue aberta. 🙂

Encontros e despedidas

Com um tantinho de tristeza, devo dizer que este é o último post da série NYC 2009-2010. Agora que estou (geograficamente, pelo menos) distante da minha realidade nova-iorquina dos últimos 14 meses, tenho uma perspectiva mais ampla da minha mais recente saga – resolver minha vida em Nova Iorque e vir para a Europa em menos de uma semana. Neste post, convido o leitor a acompanhar a versão sem cortes dessa história, que é um dos mais belos exemplos do quanto Deus me tem abençoado por toda a minha vida. Escrevo este texto para os amigos que, de uma forma ou de outra (com ajuda prática ou em oração), fizeram parte desta saga, bem como para mim mesmo – minha memória já é fraca e algum dia eu acabaria esquecendo os detalhes se não os escrevesse.

Se tivesse que escolher uma data, eu diria que o complicado e doloroso processo de dizer adeus a Nova Iorque iniciou-se no final de semana de 18 e 19 de setembro. Passei o sábado com a sogra da minha irmã, que chegou do norte do estado de Nova Iorque para visitar o Zoológico do Bronx e também para ver Roosevelt Island, onde morei por mais ou menos cinco meses. No domingo, foi o aniversário da minha Confirmação – sempre me lembro da data, e este ano teve um quê a mais de significado, porque foi num domingo, como há 11 anos. Fui ao culto na City Grace Church, como fiz quase todo domingo por mais de um ano, mas sem dúvida foi diferente do típico domingo de 2009‒2010, não só por causa do aniversário. Os pastores anunciaram que eu estava indo embora para Genebra, contaram histórias sobre minha participação na comunidade no último ano, e oraram por mim. Ganhei um CD especial de fotos, um bolo de despedida e agradecimento, e uma quantidade atipicamente grande (mas de forma alguma inapropriada) de abraços. À noite, minhas duas boas amigas Dana e Natasha fizeram uma janta de despedida, à qual muitos outros amigos foram. Cada um deles compartilhou uma lembrança curta mas cheia de sentimento sobre mim, e eu dei um discurso de despedida (prolixo e sem inspiração).

Então fui pra casa e suspirei profundamente – por que eu tinha dito a todos que aquele era muito provavelmente o meu último domingo em Nova Iorque? Sim, meu estágio em Genebra deveria começar em duas semanas, e aquele domingo devia de fato ser meu último domingo em Nova Iorque antes de ir a Genebra via Frankfurt. Ainda assim, não conseguia me imaginar partindo. Embora minha ONG na Suíça tivesse solicitado meu visto com permissão de trabalho havia bastante tempo, ela ainda não tinha recebido a carta final de aprovação do governo suíço. Eu teria de levar essa carta ao Consulado-Geral da Suíça em Nova Iorque, onde carimbariam o visto em meu passaporte. Poderia levar ainda um mês para a carta chegar – ou poderia ser que a carta nem viesse. Isso trancava tudo. Como eu não tinha visto, não podia fazer planos. Não queria comprar passagens aéreas sem saber por certo quando (ou mesmo se) o visto chegaria, e portanto nenhuma motivação de fazer as malas (empacotar a vida). O que era ainda pior para um control freak como eu, não tinha nenhum jeito de tornar mais rápido o processo do visto, e era difícil até acompanhar esse processo.

Felizmente, aprendi algumas lições sobre vistos. Já tinha tido problemas com processos de solicitação de visto enervantemente demorados – em 2008, quando solicitei um visto alemão, e em julho de 2010, quando estava esperando pela extensão do meu visto americano de estudante. Primeira lição: surtar não ajuda nem um pouco. Embora isso seja bastante óbvio, infelizmente não é tão fácil evitar um surto. Segunda lição: se é que há qualquer coisa que ajude, só pode ser acompanhar de perto o processo de solicitação de visto junto à organização solicitante e, na medida do possível, junto ao governo estrangeiro ao qual se pede o visto.

Além disso, através de experiências relacionadas ou não à obtenção de vistos, aprendi muitas lições sobre o meu Deus. Uma lição importante é: Ele nunca me deixa na mão. Mesmo em situações quando inicialmente pensava que Ele o tinha feito (por exemplo, quando algo que eu queria muito e por que tinha orado não acontecia nunca), cedo ou tarde eu acabava percebendo que Ele não tinha me deixado na mão – em vez disso, Ele tinha me dado algo que eu nem tinha pensado que poderia ter e que era muito melhor que o originalmente almejado. De certa forma, acho que posso dizer que sou mimado de verdade por Ele.

Como qualquer control freak, preciso ter um plano, mas tentei ser uma criatura melhor, tornando essas três lições o núcleo do meu plano, assim:

  1. Não surtarei por causa desse processo de pedido de visto.
  2. Acompanharei insistentemente o processo junto à organização solicitante e ao consulado.
  3. Para atingir (1) e além de realizar (2), confiarei essa questão do visto a Deus.

(3) + (2) = Agostinho: “Ora como se tudo dependesse de Deus. (= 3) Trabalha como se tudo dependesse de ti. (= 2)”

Por favor, não pense que eu sou um herói. Sou bastante novo nessa determinação e ainda tenho que lutar contra minhas neuroses para poder pensar assim. Não é um superpoder inato.

De acordo com meu plano, fui ao Consulado-Geral da Suíça em Nova Iorque na segunda-feira, 20 de setembro (e viva o Rio Grande!). A ideia era perguntar como eu poderia acompanhar o processo do visto junto ao governo suíço, por que estava demorando tanto para minha organização solicitante receber a carta final de Berna, quais eram minhas opções se eu não recebesse a carta e o visto antes que vencesse meu visto americano (o que aconteceria logo, em outubro). Não vou entrar nos detalhes de quão mal eu fui tratado inicialmente; vou dizer apenas que, em algum momento durante um intrincado diálogo com a oficial consular, ela disse, “seu nome está em nosso sistema e estamos autorizados a dar-lhe o visto”. Fiquei surpreso. Não fazia nenhum sentido – eu não tinha que trazer a carta que a organização solicitante receberia de Berna? Era um milagre inesperado que meu nome estivesse no sistema deles. Fui ao consulado novamente na terça-feira para deixar meu passaporte e ainda uma vez na quarta-feira para buscá-lo – com um visto suíço!

A notícia de que eu teria meu visto na quarta-feira desencadeou intensos preparativos para partir imediatamente. Na terça-feira, encontrei uma passagem aérea com preço decente para ir de Nova Iorque a Frankfurt no sábado. Depois de terminar um trabalho de tradução cujo prazo terminava na quarta-feira à tarde, comecei a fazer as malas, uma tarefa que eu só concluiria na sexta-feira à tarde. Após vender, doar, enviar pelo correio, ou jogar fora muitas de minhas coisas, consegui encher duas malas para despachar. Cada uma delas pesava o máximo que a companhia aérea aceitaria levar, mesmo pagando excesso de bagagem (o que eu teria de fazer, inevitavelmente). Minha bagagem de mão tinha o dobro do peso permitido. Então olhei à minha volta… e para o meu pavor ainda tinha um monte de coisa pra levar! Decidi simplesmente jogar tudo dentro das duas malas grandes e torcer que a companhia aérea não fosse muito rigorosa.

No meio da loucura de fazer malas, ainda tive a oportunidade de dar adeus individualmente a muitos amigos, inclusive alguns que não tinham ido à festa de despedida. Na terça-feira, tive um almoço italiano com a Maurizia da NYU, sobremesa-tardia (e uma sobremesa maravilhosa) com a gourmet Christine da City Grace, e um jantar memorável em um restaurante chique (para o qual eu tinha ganhado um vale-presente de $100!) com as irmãs Leslie e Stephanie da City Grace. Na quarta-feira, almoço e sorvete e conversa maravilhosa (como sempre) com o Kyle da City Grace. Na quinta-feira, a Isabela da NYU me ofereceu hospitalidade e comida típicas da Bahia, e mais tarde encontrei novamente a Leslie e a Stephanie em um evento beneficente que a Leslie ajudou a organizar. Na sexta-feira à tarde, a Natasha veio de Nova Jersey me visitar, o que foi um grande incentivo para eu terminar de empacotar (incluindo café, de que eu realmente precisava àquelas alturas). Na sexta-feira à noite, minha última noite em Nova Iorque, fui à festa de inauguração do loft de Kyle, Lee e Ryan, onde vi ainda uma vez muitos dos bons amigos que acabo de mencionar, bem como muitos outros (que não vou citar aqui, porque seria uma longa lista). Foi a forma perfeita de terminar um ano maravilhoso em Nova Iorque.

Em todos os momentos, mas especialmente quando as coisas não pareciam ir muito bem nos meus preparativos, era evidente que eu permanecia sob o cuidado de Deus.

  • Nunca tinha tido problemas para chegar a Roosevelt Island com o metrô F – exceto, é claro, no meu penúltimo dia em Nova Iorque, quando perdi algumas horas por causa de atrasos, acidentes e mudanças de rota inesperadas. Mas nem a MTA (Metropolitan Transit Authority, empresa de transporte público de Nova Iorque) podia me deter: apesar da perda de tempo, ainda consegui me aprontar em tempo.
  • No sábado, o táxi que deveria me levar de Roosevelt Island até a parada do ônibus expresso entre Midtown e o aeroporto de Newark não consegui chegar bem até a parada, por causa de ruas interrompidas em Manhattan. Felizmente, Deus enviou-me um dos Seus anjos, meu amigo Naoki, que me ajudou a carregar as malas até a parada de ônibus.
  • Quando cheguei ao aeroporto de Newark, fiquei em choque quando o ônibus parou e me largou na área de desembarque, não de embarque. Tão frustrante! Tinha que dar um passo adiante com uma das malas, então voltar para pegar as outras duas malas e trazê-las junto à primeira – e assim por diante. Era humanamente impossível carregá-las todas ao mesmo tempo e não havia carrinhos por perto. Aí, do nada, um funcionário do aeroporto se aproximou e me trouxe um carrinho!
  • Então, fui ao balcão da companhia aérea, fazer check-in. Ambas as malas grandes passaram – miraculosamente, até, porque eu sabia que ambas pesavam mais que o máximo permitido. Além disso, não só a moça nem me pediu pra pesar minha mala de mão, mas também ofereceu para despachá-la sem custos adicionais. Inacreditável! Finalmente, ela me ofereceu um assento de corredor (meu tipo preferido) na fila de uma saída de emergência (o espaço para minhas pernas era tão enorme que eu podia dançar valsa ali). E nem precisei pedir.

Tudo parecia estar preparado pra mim. Só Deus poderia ter feito isso dessa maneira. Ele cuidou de detalhes em que eu nem pensei.

Quando desembarquei em Frankfurt, Alemanha, meus pais já estavam esperando por mim no portão. Contei a eles toda esta saga enquanto dirigíamos a Limburg, bem a tempo do culto na igreja evangélica de que minha irmã e meu cunhado participam. À medida que eu me acalmava, sentado na igreja, finalmente percebia que tinha chegado. No domingo anterior, meu aniversário de Confirmação, estava eu em Nova Iorque, dizendo adeus à minha comunidade e aos meus amigos, mas não tinha nem ideia de que receberia o visto e partiria tão rápido. Apenas uma semana depois, estava eu na Europa, com meus pais. Minha irmã e meu cunhado, que eu estava tão feliz de poder ver de novo depois de um ano, em breve chegaria com minha sobrinha e meu sobrinho, que eu estava tão feliz de poder ver pela primeiríssima vez! Eu me sentia realizado, embora exausto da viagem. Não tinha conseguido dormir nada no voo. Além disso, tinha que conciliar a euforia de encontros e desencontros com a tristeza de deixar para trás uma realidade que eu verdadeiramente amava – não estava mais morando em Nova Iorque, aquela igreja não era a City Grace Church, e nenhum dos meus amigos estava ali.

Meu nível de alemão é iniciante (não estou sendo modesto), definitivamente não suficiente para entender um culto inteiro em alemão. Pego umas palavras aqui e ali, infiro algumas a partir do contexto, e isso me permite chegar a um entendimento de uns 65% do que está sendo dito. E não faço ideia de daonde tirei esses 65%, porque é provavelmente bem menos que isso. Ainda assim, por alguma razão divina, eu entendi bem claramente quando o pastor disse que o versículo bíblico da semana era I João 5:4:

“…porque tudo o que é nascido de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.”

Fiquei paralisado. Imediatamente interpretei o versículo à luz dos eventos recentes na minha vida – vencer desafios terrenos através da fé e da confiança em Deus. Mas isso era apenas a ponta de um iceberg de significado. Lágrimas começaram a correr dos meus olhos no momento em que ouvi o versículo. Só consegui me virar para o meu pai, que estava sentado ao meu lado – “Pai, tu te lembras? É o meu versículo de Confirmação!”

Eu já tinha derramado algumas lágrimas em três ocasiões no processo de partida de Nova Iorque e já tinha falhado na minha determinação de chorar somente quando estivesse no avião para a Europa. Primeira vez: quando voltei a Roosevelt Island depois da festa de inauguração do apartamento dos meus amigos, minha última noite em Nova Iorque. Segunda vez: quando entrava no túnel Holland, saindo de Manhattan a caminho de Newark. Terceira vez: durante o voo, especialmente quando li os cartões de despedida que o Naoki e a Stephanie escreveram (bem, o Naoki intencionalmente escreveu o seu como um “auxílio para chorar”, para o caso de eu ter me esquecido de levar uma cebola para cortar, como ele mesmo colocou, e a Stephanie disse que o dela era muito “emotional and crap” [difícil traduzir!], nas palavras dela mesma, então não é surpresa que eles me fizeram chorar). Mas aqueles momentos foram diferentes. Eu tinha a situação sob controle e não deixei ninguém ver. Desta vez, em Limburg, eu simplesmente não conseguia parar. Acho que só consegui quando lembrei que conheceria logo minha sobrinha e meu sobrinho de dois meses de idade, e quando percebi que eles teriam se comportado melhor durante o culto do que o seu tio de 25 anos.

Falando bem sério, não sei exatamente por que eu estava chorando – talvez porque estivesse tão aliviado de ter chegado com segurança depois da minha saga, ou porque estivesse triste por sair de Nova Iorque, ou porque estivesse feliz de estar na Europa e de ver minha família de novo, ou por causa de um mix de todas essas razões. Sempre se pode racionalizar e pensar que eu estava exausto e particularmente sensível e sei-lá-o-quê, mas outra possibilidade é que eu tivesse sido movido pelo Espírito. É difícil explicar ou descrever. Foi muito intenso. Minha ousadia em compartilhar essa história só se explica pela minha imensa gratidão a Deus.

Pra deixar o blog perfeitamente atualizado, não bastam estas 2.500 palavras; faltam ainda algumas. Escrevi o post (até o parágrafo anterior) originalmente em inglês, para dar notícias aos amigos em Nova Iorque, mas resolvi traduzir porque os amigos brazucas também merecem a atenção e um relatório completo. Aliás, ainda mais completo, escrito à medida que a história acontece. Do domingo 26 de setembro até hoje (sábado 2 de outubro), fiquei com minha família na região do Westerwald, na Alemanha, babando um pouco nos sobrinhos Isabel e Felipe.

Hoje, às 9h da manhã, tomei um trem rumo a Genebra via Frankfurt e Basileia. Chego em Genebra por volta das 18h. Na estação, vai me esperar o senhor em cuja casa vou alugar um quarto durante esse meu período aqui (até meados ou fins de janeiro do ano que vem). Fica em Troinex, a sudeste de Genebra.

Escrevo durante a viagem de trem. Escrevendo, contemplando, ouvindo música. Destaques da minha playlist de viagem:

  • Empire State of Mind, do Jay-Z (porque sair do “empire state of mind” é uma tarefa difícil)
  • Sonatas de violino de Beethoven (porque achei apropriado para o trecho alemão da viagem)
  • Songs In and For Curious Times (uma coletânea – presente de despedida do amigo Kyle)
  • Zooropa (porque U2 é U2, ora; não precisa de justificativas)
  • Encontros e Despedidas, com Maria Rita (porque achei apropriado para o contexto ferroviário)

Agora que estou no último trecho (Basileia–Genebra), já em território suíço, posso fazer alguns comentários sobre as primeiras impressões da chegada. E só algumas, porque quero parar de escrever logo pra curtir a paisagem! Na Alemanha estava chuvoso, mas desde que entramos na Suíça tem feito um dia lindo de sol, que só faz destacar a beleza natural do lugar. O trem faz curvas por entre os morros e entra em longos túneis e passa por pequenas cidades encantadoras. O que se vê ao redor são morros cobertos de florestas já com sinais de outono, o lago cercado de villas simpáticas e pontilhado de veleiros, as montanhas brancas dos Alpes à distância… é deslumbrante. Tô chegando…

Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem

(Encontros e Despedidas)

Cenas ineditas em Roosevelt Island

Há pouco recebi a visita de uma amiga que está indo embora de Nova Iorque amanhã. Ela nunca tinha vindo a Roosevelt Island, então demos uma caminhada por aí, até o Lighthouse Park, apreciando a vista para Manhattan. Eu vinha comentando com ela que já tirei tantas fotos dessa paisagem que dificilmente veria algo novo. Claro que esse comentário foi um convite para o gerador de improbabilidades voltar a funcionar… e me contradizer duas vezes logo em seguida.

Primeiro, grafitti novo na área! Um tempo atrás, quando passei por essa parte da ilha, estava escrito “nerd life” = “vida de nerd”. Achei engraçado e até pensei em voltar um dia ali com a câmera pra tirar uma foto (eu aparecendo, obviamente). Hoje, porém, vi um novo grafitti: “in God we Trust” = “confiamos em Deus”.

Depois, de volta em casa (para preparar pão de queijo e tomar guaraná!), vimos pela janela da cozinha um arco-íris, lá pras bandas do Queens. Não me lembro de ter visto outro arco-íris desde que estou em Nova Iorque.

Primavera e Páscoa

É primavera. Assim, de uma hora pra outra. Incrível. Os dias estão cada vez mais quentes. As ruas estão cada vez mais cheias das mais vivas cores (de flores) e dos mais intrigantes cheiros (de flores, também). E pensar que um dos últimos posts tem fotos de nevasca… Em breve, fotos da nova estação.

Tanta coisa aconteceu na última semana: viagem a Washington, visita da Lígia, diversas correrias acadêmicas (três papers importantes y más). Infelizmente me falta tempo pra fazer relatórios detalhados. Algumas fotos desse período já coloquei no picasaweb do guri.

Na Sexta-feira Santa e no Domingo de Páscoa tivemos cultos muito lindos e emocionantes na City Grace. No total, sete amigas e amigos da NYU aceitaram meu convite e foram a pelo menos um dos cultos – fiquei bem feliz! Também foram as apresentações do City Grace Choir. Felizmente, desta vez temos vídeo! (Tem que clicar pra ver o vídeo, que vai abrir em nova janela ou aba. O vídeo está em widescreen e “não cabe” direito no layout do blog!) Só pra esclarecer: o guri de costas e vestindo camisas elegantes sou eu. As músicas, na ordem:

Sexta-feira Santa

  • O Sacred Head Now Wounded
  • Were You There

Domingo de Páscoa

  • Early In The Morning On Easter Day
  • The Irish Blessing

Após o culto de Páscoa, passei um tempo agradável com alguns amigos da igreja, primeiro no almoço comunitário, depois lagarteando (!) no Washington Square Park (eles no sol, eu na sombra, haha), e finalmente jogando frisbee no Central Park. “Coisa de guri de apartamento”, disse a Lucila – pode até ser, Lu, mas são os raros momentos de escape do mundo jurídico. (Na volta, passei boa parte da madrugada escrevendo um reaction paper sobre direitos humanos!)

J.S. Bach, 325 anos

Se Bach fosse vivo, hoje teria completado 325 anos. (!) Agora falando sério: hoje é o aniversário de 325 anos do nascimento de Johann Sebastian Bach. Embora 300 anos (e algumas semanas) mais novo, sou um grande fã. Contei no post do último sábado que venho ensaiando na flauta-doce várias composições dele. Hoje perdi (ou melhor: propositalmente troquei por sono extra) meu inspirador tempo de flauta-doce na sala de música da City Grace, mas comemorei os 325 anos no ensaio do City Grace Choir, regendo uma peça arranjada por Bach (é uma das músicas para o culto de Good Friday, Sexta-Feira Santa – sim, estou fazendo mistério sobre a música por enquanto).

No mais, pra mim foi um domingo de um bom humor surpreendente (tanto que até alguém comentou). Uma amiga da faculdade foi comigo ao culto na City Grace pela primeira vez – sempre é legal quando alguém aceita um convite para à igreja! Depois, no ensaio do coro, coisinhas audaciosas: fiz exercícios de aquecimento e extensão até notas agudas até então desconhecidas pelo City Grace Choir (hehe), subi o tom de uma música pra preparar as sopranos a alcançarem as notas agudas (valeu pela dica, Marcelo: they made it!), e comecei a ensaiar uma música nova a apenas duas semanas da Sexta-Feira Santa. (Sim,
vai dar tempo!)

Depois do coro, almocei com amigos da igreja. No caminho de volta pra casa, um ataque de flashback básico: caminhando na MacDougal, estava quente e barulhento e sujo e abarrotado de gente nas calçadas – exatamente como quando cheguei aqui em agosto do ano passado. (A primavera mal começou a dar os seus sinais e parece que Gotham, ou pelo menos o Village, já quer sair da hibernação. Olha, devo dizer que eu gostava da hibernação. Isso aqui vira uma bagunça no verão… haha.) Preparei um trabalho da faculdade, fui ao súper (!), e lavei todo o apartamento (enfim!). O banheiro está tão cheiroso e branco e brilhoso e lindo e (sobretudo) limpo que eu até estou pensando em me mudar pra lá (bah, mentira… quer dizer, a parte da mudança é mentira). O motivo para tamanho esforço? Visita brazuca amanhã: Lígia chegando em Gotham City! 😀

City Grace Advent Choir

Depois de um mês de trabalho árduo nos ensaios de quintas-feiras à noite e domingos de manhã, o City Grace Advent Choir cantou no culto pela primeira e única vez! Magnificat pra começar; num segundo momento um arranjo original de Oh come, oh come, Emmanuel (versão em 5/4 por Kyle Sandison, o diretor de louvor da City Grace, e arranjo coral meu) seguido de Go! Tell it on the Mountain (com direito a estalar de dedos; sucesso absoluto!), e no terceiro e último momento uma canção de benção, The Irish Blessing (segundo a crítica, “foi tão suave que pareceu aquela música que as crianças de ‘A Noviça Rebelde’ cantam antes de ir dormir”).

 

(Não sei como aconteceu, mas falta uma soprano na foto oficial!)

Depois do culto teve almoço na igreja, e em seguida voltei pra casa e curti uma profunda nostalgia. O coro foi um dos pontos altos do meu primeiro semestre aqui! Os ensaios e a apresentação foram momentos de louvar a Deus juntos, fazendo e aprofundando amizades. Apesar de ter sido um pouco trabalhoso pra mim, valeu muito a pena. Aprendi muito e também me diverti (válvula de escape do mestrado!) escolhendo ou arranjando as músicas, e preparando e conduzindo os ensaios. Já me perguntaram sobre um City Grace Easter Choir, ou seja, voltar a ensaiar para a Páscoa… estou dentro, é certo! 🙂

Fim do mês de outubro

O fato de que outubro está acabando é um pouco assustador. Falta apenas um mês (o tipicamente conturbado novembro) para terminar o semestre… Tenho vários motivos para entrar em pânico. Mas todos os meus motivos para entrar em pânico são também motivos para não entrar em pânico (porque sei que, se entrar em pânico, não vou conseguir fazer tudo o que preciso). Ou seja, não posso entrar em pânico. Não vou entrar. Será que já entrei? Haha…

Outra coisa do fim de outubro é essa história de Halloween. Sempre tive certa má-vontade com Halloween. Primeiro, porque 31 de outubro, pra mim, nunca será dia de festa das bruxas. É Dia da Reforma, uma data importante para a Igreja Luterana (e, porque não dizer, para toda a Igreja Cristã). Segundo, porque transculturação, pra mim, tem limite. Halloween é um elemento estranho à cultura brasileira e, como eu já não sou muito simpático à ideia, não faço questão de que seja incorporado. Terceiro, não tenho dinheiro pra gastar com fantasias. 😛

Essa minha casmurrice se refletiu nas (pseudo)fantasias que usei nas duas únicas festas de Halloween a que já fui. No ano passado (não acredito que já faz quase um ano desde a festa de Halloween da minha turma do Direito!), várias colegas foram vestidas de bruxas, com suas vassouras (típico), então antes de ir à festa passei no súper e comprei (acho que custou uns dois reais) uma pá de limpeza. Pronto: assessor de bruxa. (Muito pertinente: assessores são figuras importantes no mundo jurídico.)

Ontem teve festa de Halloween na NYU Law. Houve certa pressão de alguns colegas para que eu arranjasse uma fantasia, mas nem me esforcei, pelos motivos um e três acima – o dois não vale porque aqui Halloween é um elemento cultural bastante forte, e a galera se puxa muito na hora de se fantasiar! Já eu estava pronto pra ir fantasiado de mestrando…

Acontece que casualmente eu estava usando uma camisa polo com o emblema das Nações Unidas. Perfeito! Minha fantasia: Relator Especial das Nações Unidas sobre Festas de Halloween. Como observador neutro, não me diverti na festa. Tampouco estava autorizado a me envolver em qualquer confusão que eventualmente acontecesse – o máximo que eu poderia fazer era exortar às partes que, por favor, mantivessem uma conduta compatível com a paz internacional e o respeito aos direitos humanos. Minha missão era apenas tomar nota, com a maior imparcialidade possível, do que estava acontecendo.

Amanhã, 31 de outubro, Dia da Reforma, vou passar boa parte do dia no retiro do Alpha na City Grace Church. À noite, talvez assista por um tempinho à parada de Halloween de NYC, a qual obviamente será aqui em Greenwich Village (onde mais em NYC uma maluquice dessas poderia acontecer?). Um amigo meu disse que essa parada de Halloween está em terceiro lugar depois de Sodoma e Gomorra… que horror. Mas estou imune. Estarei lá no meu papel como UN Special Rapporteur.

(Carnaval, aliás, é outra coisa que desperta a minha casmurrice. Acabo de me lembrar do que aconteceu quando fui ao carnaval de Bonn, “só pela experiência cultural”. O que aconteceu? Voltei com a sensação de ter perdido tempo. Talvez o mesmo aconteça amanhã quanto à parada de Halloween.)

Este post também serve para avisar que novembro não será um mês de tanta postância. Lamento pelo balde de água fria no blog, mas três papers e duas provas adiante sugerem que preciso me concentrar.

Coisinhas legais do domingo

Termino o post sobre o alarme de incêndio, saio para preparar uma tigelinha de cereal, e acontece uma coisinha tão legal. Eu ia tomar banho e dormir, mas agora me sinto obrigado a contar as coisinhas legais do domingo (cuja principal marca nem de longe foi o inconveniente alarme de incêndio).

Enfim, há um minuto meu apartmentmate saiu pra cozinha ao meu encontro pra me dar uma caixa de cereal. Ele participou hoje de um café-da-manhã comunitário com seus compatriotas (alemães) para assistir à apuração dos resultados da eleição na Alemanha. Sobrou cereal, e ele resolveu pegar e trazer pra cá, porque sabe que eu sou fã de cereal. Bem, eu de fato tenho quatro (!) tipos de cereal aqui – é barato, ideal para um café-da-manhã rápido, e leve para um lanche pré-soninho (tipo o que estou fazendo agora).

Outras coisinhas legais que aconteceram no domingo: fui ao culto, fiquei para o curso Alpha (estou liderando um grupo de discussão no curso Alpha da City Grace, desde semana passada!), depois recebi uma visita do pastor aqui no meu humilde lar (minha primeira visita extra-NYU!). Aí toquei flauta, tomei um chá irlandês tri bom que comprei na minha última ida ao supermercado, e enfim fui à biblioteca ler. Consegui terminar de véspera as leituras para International Law (inédito!), organizei a agenda para a semana, e ainda bloguei – duas vezes! E fiz tudo isso apesar da chateação do alarme de incêndio.

YES! Meu tempo está rendendo. 🙂

O mundo é uma ervilha

Foi o que disse minha irmã Lu depois que eu contei pra ela o que vou contar aqui. E eu nem me atreveria a discordar.

Como já comentei recentemente no blog, estou frequentando a City Grace Church (bem, já fui a dois cultos). No segundo culto (último domingo) um dos pastores me convidou para ajudar na organização do curso Alpha, o qual eu já fiz (como participante, “aluno”, mesmo) no Brasil em 2003.

Resolvi aceitar o desafio. Dizendo assim, em uma frase de quatro palavras, parece que foi fácil, mas essa decisão só veio depois de bastante reflexão e de um processo de consultas com minha família. 🙂

Hoje foi o primeiro treinamento para os ALPHA helpers, na casa de uma pastora (de outra igreja) que coordena o curso Alpha aqui em Manhattan. Como no treinamento tinha várias pessoas que não se conheciam, houve uma pequena rodada de apresentações.

Na minha vez, disse o básico: sou do sul do Brasil, vim para estudar na NYU, e o pastor da City Grace me convidou para ajudar no Alpha. Então a pastora e o marido dela (os anfitriões da reunião) se entreolharam… e perguntaram: “Do sul do Brasil? Da comunidade do Pastor Samuel?”

SIM, da comunidade do Pastor Samuel. Fiquei em choque. SIM, é o mesmo Pastor Samuel. Eles – os anfitriões – conheceram o Pastor Samuel em um treinamento do curso Alpha em Londres. E também já estiveram várias vezes no Brasil…

“O mundo é uma ervilha” é uma das conclusões plausíveis, muito bem extraída pela minha irmã (que, a propósito, ou melhor, totalmente fora de propósito, nem gosta de ervilha).

Outra conclusão, por fim, é que Deus manifesta sua fidelidade através de várias formas, e eu tenho tido a oportunidade de experimentar isso. Encontrei uma igreja legal rapidamente; desde logo fui muito bem acolhido; recebi tão prontamente um convite para servir a Deus por aqui; encontrei conexões incríveis com as minhas origens… Enfim, tudo me remete àquele meu sentimento que já comentei no post de domingo.