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Sonhos hiperbólicos de uma noite de verão subtropical

No verão em Porto Alegre…

Água de chuveiro elétrico desligado
fica quente o suficiente pro chimarrão;

no morno, faz queimadura de terceiro grau;
no quente, só sai vapor (função sauna).

Na madrugada a temperatura despenca
de quarenta e três pra trinta e quatro.

Passar o sábado no trânsito para o Litoral
implica passar o domingo no trânsito para a Capital.

As glândulas sudoríparas fazem hora extra
e as bexigas tiram férias coletivas.

A umidade relativa do ar é tão baixa
que sair da piscina não faz diferença.

Todo dia tem manchete no jornal
sobre morte por combustão espontânea.

Ferro sublima.

Händel hoje em Porto Alegre

Hoje às 18h na Igreja da Reconciliação acontece o quinto concerto desta temporada do Projeto Vésperas, com obras de Georg Friedrich Händel, incluindo o Concerto Grosso (HWV 325) e trechos dos oratórios Solomon, Judas Macabeus e The Messiah. A entrada é franca! Novamente estarei lá, em meio aos baixos do Grupo Cantabile.

Meu preferido do concerto será Behold The Lamb of God, de The Messiah. Como teaser, aí vai uma gravação do Coro e Orquestra Tafelmusik (do canal oficial de Tafelmusik no Youtube).

Mesmo quando não pode ser visto, Ele está lá

Faz tempo que não publico em A história da fotografia, a categoria de posts em que conto sobre a origem de cada uma das fotos (todas próprias) que uso no cabeçalho do site. Contei primeiro a história da fotografia do teto de biblioteca que um dia trarei para casa. Também contei de quando verifiquei que as nuvens são mesmo de algodão. E contei da viagem aos Campos de Cima da Serra, quando fiz a foto panorâmica do Cânion Fortaleza.

Em meio a minhas reflexões cariocas — depois de contar das reflexões de 2012, mas antes de passar às de 2013 —, vou contar da foto com vista para o Corcovado (morro onde fica a estátua do Cristo), tirada por mim na visita ao Pão de Açúcar (morro onde fica o bondinho) com o pessoal do Alpha em 2012. A foto do cabeçalho é um recorte da seguinte original:

O dia estava muito nublado; tirei a foto acima tirada num dos rápidos momentos em que a vista melhorou. Pouco antes disso, estava assim (foto em preto e branco):

Pippa Gumbel, esposa do Nicky Gumbel, poeticamente comentou: “Às vezes certas coisas ficam no caminho e não O enxergamos, mas devemos saber que Ele sempre está lá.”

Reflexões cariocas 2012

Muito de importante aconteceu na minha vida recentemente por causa do Alpha.

Em 2009, começava a frequentar a City Grace Church em NYC. Quando comentei com o pastor que eu tinha feito o Alpha em 2003, ele me convidou para ajudar na primeira edição do Alpha naquela comunidade. Foi aí que, num exemplo arrepiante de como o mundo é pequeno, ganhei “pais nova-iorquinos”, a pastora Nancy e seu esposo Ali. Em 2011, logo depois que voltei ao Brasil, vi-os novamente, em mais um exemplo arrepiante de como o mundo é pequeno: eles vieram ministrar em Pelotas um treinamento Alpha, em que servi de intérprete. Em novembro de 2012, como comentei, uma conferência Alpha me levou ao Rio de Janeiro. E agora, início de novembro de 2013, outro evento Alpha me levou de novo ao Rio.

Mas vou com calma, porque hoje quero contar da viagem Alpha ao Rio em 2012. Foi bem fraca fotográfica e turisticamente, mas me enriqueceu muito em outros aspectos.

Relacionalmente, o enriquecedor do tempo no Rio foi rever e passar tempo de qualidade com pessoas queridas que eu não via fazia algum tempo, além de conhecer outras que viriam a ser importantes para mim. (Não vou citar ninguém, para não cometer injustiças.)

Espiritualmente, o enriquecedor foi algo que aconteceu comigo na igreja anglicana Christ Church, em Botafogo, no domingo, 25 de novembro de 2012. Para ter mais fidelidade aos detalhes, vou recorrer ao texto de um e-mail que escrevi a um amigo na época:

Espiritualmente: algo incrível aconteceu. No domingo, durante um tempo de oração após a mensagem do Nicky Gumbel, ele falou que o Espírito Santo lhe dizia que um jovem ali presente estava se sentindo frustrado, cansado e ansioso, e que esse jovem tinha um chamado a servir ao Senhor. E convidou esse jovem a subir ao altar, para orar por ele.

Eu quase caí de joelhos. Eu sabia que aquela pessoa era eu. Se fosse resumir a forma como me sentia ao longo de 2012, eu só poderia usar as mesmas palavras que ele tinha usado. E eu nunca tinha me sentido mais chamado a servir ao Senhor.

Parte de mim se opôs fortemente a ir para o altar. “Ele pode estar me chamando, mas como é que eu conseguiria fazer isso dar certo?” Sou um Martin que (diferentemente do Luther) não tem coragem de desistir do Direito e um Dietrich que (diferentemente do Bonhoeffer) não tem coragem de estudar Teologia!

Mas parte de mim me impulsionava a ir ao altar. “Como posso resistir se Ele está me chamando? Talvez eu não possa fazer isso dar certo por mim mesmo, mas Ele certamente pode. Tenho de ir.” Então fui, e oraram por mim e me abençoaram.

Não tenho dúvidas da presença do Espírito Santo naquele momento. Senti um calor dentro do peito, como de uma chama, algo de que até então só tinha ouvido falar. Depois fiquei forte e ao mesmo tempo fraco, como escrevi no dia seguinte:

Eu me sinto renovado, fortalecido. Ao mesmo tempo, estou sensibilizado e reflexivo todo o dia de hoje. Preciso fazer algo a respeito do que aconteceu, mas não sei exatamente o que — acho que por enquanto só me resta orar a respeito e pedir a meus amigos cristãos que façam o mesmo por mim. Gostaria de não ter de voltar logo para Porto Alegre e para o trabalho… precisaria de mais tempo para refletir e orar sobre o que aconteceu.

Refletir e orar foi o que me esforcei em fazer, mas o que eu temia se realizou, como escrevi a um amigo já no início de 2013 (um tempo de bastante silêncio aqui neste site):

A experiência espiritual que tive no Rio de Janeiro foi memorável, mas não teve grandes desenvolvimentos posteriores. De volta para casa, para a realidade, o trabalho continua tomando a maior parte do meu tempo, e não tenho energia, e não consigo encontrar uma igreja onde tenha vontade de me envolver, e fico desanimado para orar e meditar e ler a Palavra, e peco, e acabo concluindo que sou um péssimo cristão.

(Continua…)

A Economia desceu pelo ralo

Quando ganhei na Mega-Sena em agosto, comentei que não compraria um apartamento de três milhões de reais, por causa da minha frugalidade, entre outros pontos:

… a perspectiva (não vale a pena acumular “tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam”, Mateus 6:19) que orienta meus princípios (frugalidade é um deles) e prioridades (patrimônio não é uma delas).

Porém, pequei (tá, parei com o p agora) contra meu próprio ideal de frugalidade. Durante a viagem que fiz à Índia em janeiro, visitei Jaipur, famosa pela joalheria artesanal, e comprei um anel de formaturas para mim mesmo. Mais que um souvenir bonito, é único e personalizado, com três pedras — Direito, Economia e Mestrado. Não foi um autopresente tão caro quanto teria sido no Brasil, mas foi caro se considerada isoladamente sua utilidade: nenhuma.

Dias depois, percebi que a pedra do Mestrado estava solta e poderia cair. Fiquei bem chateado e deixei o anel na caixa por um bom tempo até encontrar alguém que pudesse consertá-lo. Só depois do retorno a Porto Alegre é que encomendei o conserto. O joalheiro fez um excelente trabalho. A pedra ficou bem segura. Comecei a usar o anel.

Isso até perceber que outra pedra, a da Economia, ficou bem pouco solta. Não achei que pudesse cair, mas meu subconsciente achou e me avisou. Várias vezes sonhei que a pedra tinha caído. (Sonhei várias vezes, mesmo.) E há poucos dias de fato caiu. Não vi quando exatamente, mas suspeito que tenha sido ao lavar as mãos. Acho que a Economia desceu pelo ralo, tanto quanto minha frugalidade desceu pelo ralo quando tomei a decisão de comprar o anel.

Talvez eu conseguisse uma pedra substituta com alguma facilidade. O Brasil é o maior produtor mundial de águas-marinhas, então imagino que consiga encontrar uma com lapidação semelhante à das outras duas. Depois, só teria de encontrar alguém que se dispusesse a fixá-la no anel.

Já contrariei meu instinto frugal, que me dissera para não comprar o anel. Também contrariei as sugestões do meu inconsciente, que tentou me avisar da perda iminente. E contrariei um amigo meu, que comentou ter gostado do anel, mas sugestivamente perguntou: “simboliza que estás casado com a academia ou com o trabalho?”

Depois de tanta contrariedade, o problema maior talvez seja ter vontade de tomar as providências e despender para consertar o anel. Por enquanto, ficará na caixinha.

Minhas havaianas cariocas indianas

Tenho escrito com alguma regularidade em 2013, mas em 2012 a coisa andava bem incerta por aqui. Faltou energia, disciplina, assunto, tempo, ou de cada uma dessas coisas um pouco. O ano de 2012 foi, nesse como em outros sentidos, um ano aquém.

Acabou passando quase em branco que eu fui ao Rio de Janeiro em novembro de 2012. Antes de ir, comentei brevemente que iria, para um evento do Alpha. Enquanto estava lá, comentei brevemente que estava lá, e prometi retornar com as reclamações (Reclamar: Vício ou Virtude? era a série de textos que eu estava escrevendo aqui no site naquela época — uma antecipação dos protestos de 2013?), além de relatos e reflexões cariocas.

Retornei a reclamar, mas os relatos e reflexões cariocas nunca se realizaram. Por exemplo, nunca contei que fui ao Rio de Janeiro de tênis e não levei sandálias. “Vou a um evento do Alpha; nem vai dar tempo de ir à praia.” Depois que cheguei à casa da minha amiga e anfitriã Barbara, no Leblon, na véspera do evento, é claro que logo saímos para ir à praia. No caminho, paramos numa banca de revista, onde troquei os tênis por um par de recém-compradas havaianas.

Contei bastante sobre a viagem que fiz no início de 2013 à Índia, onde muito usei minhas havaianas cariocas (que até hoje ficaram com uma cor alaranjada do pó das ruas indianas), mas sem ter antes contado sobre os passeios inaugurais delas no Rio de Janeiro, quando meus pés muito caminharam sobre as calçadas e areias do Leblon, de Ipanema e de Copacabana — e quando mergulhei num oceano de reflexões importantes, mas inconclusas.

No último final de semana, quase um ano depois, voltei ao Rio por alguns dias com minhas havaianas cariocas. Novamente o motivo foi o Alpha e novamente a consequência foram reflexões, em continuação às do ano passado. Desta vez, pretendo concluí-las.

Primeira vez em dez anos

Sou motorista há dez anos, mais ou menos. Logo que fiz a primeira habilitação, usava o carro do papai — um saudoso Ford Escort duas portas —, principalmente para ir à faculdade e ir à faculdade (é que foram duas faculdades). Depois de me formar e de me formar (!), fiquei uns dois anos praticamente sem dirigir, do mestrado ao início da carreira profissional. Só voltei a dirigir com regularidade quando me mudei a Porto Alegre, há dois anos.

Há poucos dias, pela primeira vez na minha década de condutor, troquei um pneu sozinho. Até então, só tinha atuado como auxiliar nessa rica tarefa emergencial. Cheguei a pensar em chamar o seguro. “Pagando uma fortuna de prêmio pra seguradora, ainda preciso me sujar trocando pneu?” Nem sei se eu poderia chamar a seguradora pra trocar um pneu, mas nem tentei. Coloquei eu mesmo as mãos na massa. Digo, na graxa.

(Aliás, assim como fiquei sem saber se poderia chamar a seguradora pra trocar pneu, ainda não sei bem pra que finalidades eu posso chamá-la. Desconheço a apólice. Pago seguro de carro há dois anos e nunca precisei da seguradora. É claro que, se cancelasse a apólice, algo aconteceria que precisaria dela no dia seguinte — tudo conforme a Lei de Clark.)

Voltando à troca do pneu: comecei com insegurança, tentando me lembrar das dicas do meu pai, que já auxiliara algumas vezes ao trocar pneus. Cheguei a consultar um transeunte se estava fazendo certo ou passando vergonha; ele me tranquilizou. Ufa. Trocado o pneu, saí de carro e dei uma volta na quadra. “Ok, se o step não despencou, devo ter feito tudo certo.”

Mentira: eu não fiz essa volta de teste. Mas estava mesmo tudo certo.

Depois da experiência, com alguma revolta fiquei pensando no tanto de irrelevância e abstração que tive de aturar nas aulas teóricas de autoescola. Eu achava tragicamente divertido que o teste teórico parecia englobar questões de teste psicotécnico:

Abrindo o sinal luminoso para os veículos, o que deve ser feito pelo condutor, se ainda existirem pedestres retardatários na travessia?

 A) Piscar os faróis e buzinar.
 B) Buzinar alertando-os.
 C) Aguardar que concluam a travessia.
 D) Arrancar normalmente, pois o sinal já está aberto.

Por que em vez de insultar a inteligência dos condutores em formação a autoescola não os ensina a trocar pneu? Ou é só a minha autoescola que não ensina?

(Des)aprendendo a pronúncia em inglês

Preciso admitir (com vergonha) que tenho sido um coralista ausente. Faltei a dois dos últimos quatro ensaios do Grupo Cantabile. Estou sujeito a puxões de orelha do regente, da preparadora vocal, dos colegas. Preciso estudar as partituras e correr atrás do prejuízo.

Feito esse necessário mea culpa, vou adiante.

Entrando no clima de final de ano, o coro está preparando trechos do Messias de Händel. Num dos últimos ensaios, percebi que em vários versos do Messias as terminações “-ed” da letra em inglês foram musicadas para serem pronunciadas como sílabas independentes.

Por exemplo, a palavra “revealed” em “And the glory of the Lord” deve ser pronunciada
re-vea-LED“, em vez de “re-VEAL’D“, como se pronuncia no inglês corrente. Achei estranho.

Pesquisando um pouco, encontrei um artigo acadêmico que trata especificamente sobre a pronúncia das terminações “-ed” no Messias de Händel. (Viva a Academia! Viva o Google!)

O artigo esclarece que a pronúncia “re-vea-LED” já era obsoleta cinquenta anos antes de Händel nascer. Quando ele compôs seu famoso oratório Messias, a pronúncia corrente já era “re-veal’d“, como ainda é atualmente.

Mas por que, então, Händel teria usado uma pronúncia obsoleta? A hipótese do autor do artigo é que tenha sido uma estratégia do compositor para imprimir mais solenidade e reverência aos textos bíblicos usados no seu oratório.

http://www.youtube.com/watch?v=bEy1ktHTPaM

Feitiço de segunda-feira

Tudo começa com uma noite maldormida de domingo para segunda-feira.

Primeira pergunta que me fazem no trabalho: por que essa cara acabada?

Última pergunta que me fazem no trabalho: alguém te deu um soco no olho?

É, parece que estou com lindas olheiras já no primeiro dia da semana.

No intervalo de almoço gasto uma boa grana não orçada trocando um componente elétrico não consertável do carro (que eu tanto pensara em vender e não vendi por pouco).

Meu trabalho não rende tanto quanto gostaria, esperava e precisava.

Fui jantar na casa da minha madrinha, disposto a fazer o dia dar certo afinal. Estava indo tudo muito bem — até que respinguei umas gotas de molho escuro na camisa clara.

Perdi um de meus celulares (que eu nem deveria ter, porque não sou homem de ter dois celulares).

Também perdi tempo precioso procurando o celular perdido, em vão, e não aproveitei como queria a visita dos meus pais.

Antes de ir dormir, esfreguei tira-manchas na camisa e coloquei-a na máquina para enxaguar. Enquanto isso, aproveitei para ler. Na página 200 do livro, uma surpresa: encontrei uma nota de 50 reais, que tinha colocado ali e nem me lembrava mais.

Olhei as horas. Já era terça-feira.

Correspondência

Pode até ser que eu não precise tanto de uma escrivaninha ou não escreva cartas, mas certamente escrevo e-mails. Muitos. Longos. É assim desde os idos dos anos 1990 (!), quando passei a ter um endereço de e-mail. Acho que as primeiras pessoas para quem eu escrevia eram minhas irmãs, quando eu morava em Pelotas e elas, em Porto Alegre. Algum tempo depois, elas foram para o exterior, e o e-mail ficou ainda mais importante. Às vezes eu ensaiava uns e-mails em alemão para meu cunhado alemão, para praticar. (E pensar que eu já tive condições de escrever e-mails em alemão… Hoje não arrisco, não me exponho.)

Nos anos 2000 meus e-mails deixaram de se restringir à família. Participei de uma conferência internacional sobre mudança climática, com jovens de muitos países, e acabei fazendo amigos e conexões internacionais. Comecei a me corresponder com amigos no Reino Unido, no Canada, na Polônia. Participei de mais conferências e fiz alguns estágios no exterior e, com isso, fui expandindo a lista dos países de correspondentes: Argentina, Alemanha, China. Nunca senti falta de me engajar em uma rede de pen pals, amigos por correspondência. Eu já tinha uma.

Minha mania de e-mail alcançava também os próximos. De São Lourenço ou de Pelotas, escrevia mesmo para amigos aqui do Brasil, de cidades mais distantes, ou até da mesma cidade, quando não conseguia encontrá-los tão frequentemente quanto gostaria. Quando fui fazer mestrado na NYU a coisa se agravou: dos Estados Unidos eu me correspondia para os amigos de outros países e ainda mais para os do Brasil, para manter o contato. Foi assim de 2009 a 2011, até voltar ao Brasil e vir para Porto Alegre. Agora tenho também na lista um número grande de amigos a quem escrever nos Estados Unidos.

Hoje minha lista de contatos de e-mail é absurdamente grande; a de amigos com quem me correspondo, um subconjunto de magnitude relevante. Com a rotina de trabalho e os curtos intervalos para atividades extraprofissionais, sinto (no sentido de perceber e também de lamentar) que não mais tenho conseguido manter regularidade e disciplina nas minhas correspondências pessoais (não só nas correspondências pessoais, mas o assunto do texto é só correspondência, então vou me restringir!). As frases “Sorry for my delayed response” (“Desculpa a demora na resposta”) e “I’m way behind in my correspondence” (“Estou atrasado com minha correspondência”) começaram a surgir nas minhas respostas. Antes conseguia escrever poucos dias depois de receber um e-mail. Agora às vezes demoro semanas.

Ainda que possa demorar, respondo sempre. É um compromisso que tenho com meus correspondentes, embora nem todos eles tenham o mesmo compromisso comigo. Tudo bem. Gosto e sinto necessidade de manter contato com os amigos. Facebook e Twitter e LinkedIn e tantas outras redes sociais suprem apenas parcialmente essa necessidade. São muito impessoais — e cada vez mais enervantes por causa da crescente inundação de compartilhamentos irrelevantes. Pode me chamar de saudosista. Sigo fiel ao e-mail.