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Vergonhosamente motorizado

Durante um curto tempo com carteira de habilitação vencida e sem carro, andei de ônibus em Porto Alegre. Sou muito favorável ao transporte coletivo, apesar dos contratempos, por ser mais sustentável, menos estressante, mais produtivo. Cada vez mais convicto de que o custo de ter um carro não cobre a comodidade (há até calculadoras online que facilitam essa avaliação), comecei a refletir seriamente sobre me desfazer do carro.

Com vergonha e um quê de irresignação, admito que decidi não me desfazer do carro por enquanto. Meus motivos são fracos:

  • Gosto da (sensação de) liberdade proporcionada por ter um carro. Dá trabalho na vida não ter um, e eu ando um pouco chateado de passar trabalho. Pronto: juntei já no primeiro item os motivos mais fracos, egoístas, insustentáveis, vergonhosos.
  • A experiência de andar de ônibus piorou bastante por causa de uma onda de calor fora de época. Comecei a pensar em mim, de gravata, no verão: três meses, com alta umidade e temperaturas acima de 30 graus, em ônibus cheios e potencialmente abafados.
  • Com as esperas pelos ônibus e os trajetos feitos mais lentamente que de carro, vi que se esvaiu bem mais rapidamente meu pouco tempo disponível fora do trabalho. Este item a ver com a aversão a passar trabalho, mas num nível mais profundo: quando passar trabalho significa perder tempo já escasso, eu me sinto mais autorizado a ser egoísta.
  • O status quo me afeta significativamente. Eu já tenho um carro. Se não tivesse, talvez persistisse mais na ideia de usar transporte coletivo e eventualmente táxi.
  • A perda de padrão de vida me incomoda mais do que gostaria de admitir. Talvez porque não seja só uma perda aparente. Porto Alegre (ainda) não é (mais) uma cidade com transporte público conveniente e bom o suficiente a ponto de atrair classe média.

“Por que ter um carro, não precisando de um?” Ainda penso assim, mas acabei concluindo que, em Porto Alegre, preciso de um carro. Espero um dia sentir que não preciso mais.

Encanto arranhado

Ontem, a caminho da parada de ônibus, fiquei sabendo que os ônibus não circulariam todo o dia. Paralisação. Poucos dias depois de ter ficado sem carteira nem carro e de ter escrito o seguinte:

[S]ou superpró-ônibus, desde que não esteja superlotado. É bem mais sustentável e bem menos estressante que enfrentar o trânsito sozinho. Leio, ouço música, até escrevo. Foi o que consegui fazer hoje. Vamos ver quanto tempo dura o encanto.

A paralisação me forçou a enfrentar uma corrida de táxi de 60 minutos e 33 reais para chegar ao trabalho. O encanto ficou um pouco arranhado depois dessa, mas não desistirei.

Primeiro, porque ir ao trabalho todos os dias de táxi seria impo$$ível.

Segundo, porque o problema não é o ônibus como meio de transporte – é a impossibilidade de depender exclusivamente do ônibus, por causa do descaso público quanto ao transporte público.

Terceiro, porque tenho uma dorzinha moral quando uso o transporte individual. Usar o carro pode até ser mais cômodo e econômico para mim, mas impõe custos sociais que eu poderia ajudar a evitar: o trânsito, a poluição (sonora, atmosférica) e a emissão de gases estufa, principalmente.

Aliás, tenho dúvidas se usar o carro é mais cômodo. Dirigindo, não posso ler nem escrever. Digo sem orgulho que escrevo, mesmo assim, mas cuidando para apenas digitar rapidamente no celular enquanto espero um sinal verde – e, mesmo com esse cuidado, assumo conscientemente o risco de uma multa. Dirigir na cidade é tempo improdutivo e estressante. Comodidade há, mas até ali.

Também tenho dúvidas se usar o carro é mais econômico: combustível, estacionamento, seguro (que não custa pouco para um carro modesto de um guri solteiro em uma capital cara e com alto índice de furtos e roubos), IPVA e outros tributos, manutenção, lavagens, consertos eventuais, o preço pago pelo próprio carro, a depreciação do carro e a economia necessária para a compra de outro quando o atual deixar de andar bem e tiver de ser trocado (senão antes). Se colocar tudo na ponta do lápis (leia-se “planilha”), o custo não cobre nem a (questionável) comodidade do carro.

Altos e baixos

Algumas semanas atrás vi no site do Ministério das Relações Exteriores que fiquei em primeiro lugar na pré-seleção do Governo Brasileiro para o programa de bolsas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Não espalhei muito a notícia, seguindo os passos do meu sábio mestre (tá, ele é doutor, mas meu mestre!) Leo Monasterio: não espalhar antes que saia no Diário Oficial. Acontece que a OEA teria a palavra final, ou seja, ainda poderia mudar a ordem da pré-seleção brasileira. Claro que, estando em primeiro lugar na pré-seleção, fiquei bastante otimista quanto às minhas chances.

Ontem vi, não no Diário Oficial, mas no site da OEA, a lista final: o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e o sexto colocados da pré-seleção brasileira foram pulados, e a OEA resolveu dar bolsa para o sétimo, o oitavo e o nono. A decisão é final e não sujeita a recurso. Estou oficialmente fora.

O lado ruim é óbvio, mas também tem um lado bom: a bolsa me obrigaria a voltar ao Brasil por dois anos. Nada contra a ideia de voltar ao Brasil, mas nem tão nada contra a ideia de ser obrigado a restringir assim o início da minha carreira em Direito Internacional, pelo qual esperei tanto tempo (sete anos?!). Fazendo um balanço: mesmo entristecido por no final não ter sequer a chance de ver el color de la plata, conto a pré-seleção em primeiro lugar como uma vitória.

* * * * *

Provavelmente um pouco fora da casinha por causa da notícia, ou simplesmente “porque sim” e nada a ver com a notícia, perdi meu par de óculos de natação preferido no Coles Sports Center ontem à noite. Hoje fui lá de novo e, antes de nadar, perguntei se o tinham encontrado (mesmo sem esperanças). Comecei pela portaria, depois fui para a “sala dos equipamentos” (onde tem um balcão de achados e perdidos), e finalmente, à beira da piscina, já pronto para nadar com o par de óculos de reserva, perguntei para a guria que estava no balcão administrativo do natatorium. E estava lá! Agradeci efusivamente à guria (sei lá se foi ela que achou, mas igual!), e todos se regozijaram. (Nada a ver, mas fica bonito terminar o relato assim.)

* * * * *

Termino o post com um vídeo. Peço desculpas pela falta de tradução e/ou explicação detalhada na língua padrão do blog. Em síntese: o vídeo mostra um lorde inglês (ex-conselheiro de Margaret Thatcher na área de ciências – e além disso um notório cético quanto à mudança climática) dando uma palestra aqui nos EUA, dizendo que o novo tratado sobre mudança climática (a ser concluído em Copenhagen, em dezembro) vai criar um “governo mundial” e sugar a riqueza dos Estados Unidos, e que através dele Obama vai abrir mão da soberania dos Estados Unidos, e que o tratado vai ter precedência sobre a Constituição dos Estados Unidos, e que por isso os Estados Unidos, uma vez assinando o tratado, não vão poder abandoná-lo sem que os outros países (aqueles malvados) concordem.

Nunca vi tanta bobagem em um vídeo que se propõe a ser sério. Aliás, quando me deparei (nem me lembro como) com esse vídeo, por causa da figura britânica, da postura, do assunto… enfim, de toda a situação, achei que fosse “stand-up comedy” – esse tipo de monólogo cômico que é tão comum aqui nos EUA. Mas aí percebi que a plateia não estava rindo, e que a coisa era pra ser séria, mesmo! Ridiculamente inacreditável. Pior ainda foi googlar e ver as reações (principalmente de americanos): não é que tem gente por aqui que está preocupadíssima, achando que tudo o que o lorde inglês disse realmente vai acontecer?!

Tudo a ver com o tema de hoje – altos e baixos. O vídeo é uma ilustração de quão baixos podem ser os golpes dos anti-ambientalistas por aí (esse lorde inglês não pode acreditar sinceramente nos absurdos que disse!). Por sua vez, as reações ao vídeo são uma ilustração da ignorância (falta de conhecimento, se preferirem) de muita gente aqui nos EUA quanto a direito e política tanto no plano nacional quanto no internacional. (O vídeo já foi visto quase 500.000 vezes… e os comentários a ele na página do youtube são quase todos amplamente irrelevantes.)

oportuNYdades

Recentemente aconteceram aqui a NYC Climate Week (20-26 de setembro) e a reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (23-26 e 28-30 de setembro). São só dois exemplos dos tantos eventos que acontecem por aqui, que me interessam e têm tudo a ver com o que eu estudo, mas que eu simplesmente não posso ou não tenho tempo para acompanhar. Mesmo assim, algum proveitinho tenho conseguido tirar do fato de que um grande número de pessoas importantes e/ou com ideias interessantes (as duas características nem sempre andam juntas!) circula aqui por NYC.

Um exemplo: durante o período da Assembleia Geral, o Presidente da República Dominicana, Leonel Fernández Reyna, veio palestrar aqui na NYU Law sobre “Governança global e os países em desenvolvimento”; fui assistir. (Aliás, vale contar que um dos elevadores da faculdade travou e o Presidente ficou preso ali por algum tempo. Se fosse no Brasil, já viram o escândalo na mídia no dia seguinte, né?) A bem da verdade, discordei de várias das colocações dele – a maioria delas talvez perdoável por ele ser um político que, embora instruído e com uma admirável capacidade de se expressar em inglês, não é propriamente um “acadêmico”. Porém, de forma geral, foi positiva a experiência de assistir de perto a uma palestra de um chefe de Estado.

Exemplo de hoje: fui à Columbia University assistir a uma palestra sobre mudança climática, com alguma ênfase nas posturas da Índia e dos Estados Unidos, e nas expectativas para as negociações internacionais de dezembro em Copenhagen. Um dos palestrantes foi o Dr. Thomas Schelling, um simpático professor de 88 anos de idade, pioneiro no estudo de economia da mudança climática e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2005. O outro palestrante foi o Dr. Rajendra Pachauri, diretor do IPCC desde 2002. O IPCC (que junto com Al Gore ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007) é um grupo de pesquisadores sobre mudança climática.

Curiosamente, ambos os palestrantes já foram assunto no meu outro blog (involuntariamente desativadíssimo), climabrasil. Comentei sobre Schelling aqui no meu outro blog em vista de um artigo sobre economia do clima que ele escreveu no The Times of India. E comentei sobre Pachauri no outro blog também por causa de um artigo sobre ele no The Times of India. Pachauri recomenda que os indivíduos mudem seus estilos de vida (“não coma carne, ande de bicicleta, seja um consumidor frugal”) para ajudar a reduzir o efeito estufa.

Enfim, são “velhos conhecidos”, a respeito de quem já tinha lido, e agora tive a oportunidade de ouvi-los de perto. Mais um oferecimento de… New York, New York!

Vida privada e vida climática

Sempre tomei cuidado pra não misturar “vida privada” (Blog do Guri) com “vida climática (blog climabrasil), mas isso às vezes é impossível. Exemplo evidente é o de que não podia dissociar minha experiência no Secretariado da ONU para o Clima das postagens aqui do BdG. Agora, ainda nesse clima de mistureba, trago pra cá uma discussão que acabo de lançar no outro blog… vale conferir!

A polêmica começou por causa deste post aqui, da Central RBS de Meteorologia, e acabei escrevendo uma resposta neste outro post. Posso estar ficando maluco, e por isso mesmo (isto é, pro bem da minha sanidade mental) os comentários do leitor (do BdG e do climabrasil) quanto a essa questão são muito bem-vindos!

Um pulinho no Palácio da Paz?

Quando cheguei ao Secretariado hoje de manhã o sistema estava fora do ar e fiquei sem Internet até a hora do meio-dia. Percebi (mais uma vez) como a humanidade se fez dependente de Internet, e como isso tem o seu lado triste!

Assim que voltou a conexão, continuei a seleção bibliográfica para o meu paper, tarefa que eu já vinha desenvolvendo mais ou menos desde o início do estágio. Eu precisava pedir o quanto antes os livros e artigos acadêmicos que pretendo utilizar na pesquisa (e que não estão na biblioteca do Secretariado), para para que o Secretariado peça emprestado a alguma biblioteca com a qual tenha convênio. Consegui terminar hoje uma seleção inicial, e mandei a lista para a bibliotecária. Ela deve ter ficado em choque diante do grande número de obras, tanto que nem me respondeu ainda, mas eu não tenho culpa de nada: foram instruções da minha supervisora! 😉

Um dos principais aspectos positivos deste estágio, do qual eu sentirei falta no primeiro dia de aulas na Faculdade de Direito assim que voltar ao Brasil, é o acesso à literatura. Tudo bem, a coleção da biblioteca do Secretariado é bastante rica na área de Direito Ambiental Internacional e, claro, mudança climática. Mas o que eu não consigo obter por aqui eu tenho pelo menos a chance de conseguir na biblioteca da Universidade de Bonn, ou na de Colônia…

E ontem me veio a melhor das idéias: onde no mundo haveria mais livros de Direito (Ambiental) Internacional que a biblioteca da Corte Internacional de Justiça, na Haia, Holanda? Não é assim tão perto daqui, mas tampouco tão longe; além do mais, a CIJ é um órgão da ONU, e como estagiário da UNFCCC eu poderia mais facilmente conseguir um empréstimo. Pra completar, minha irmã foi a trabalho para Rotterdam, na Holanda… hoje!

Cheguei a sugerir a idéia para minha supervisora hoje de manhã, e ela disse que talvez fosse possível dar um pulinho no Palácio da Paz (sede da CIJ) e retirar livros, desde que o Secretariado avisasse com uma certa antecedência sobre a visita do estagiário aqui. Não foi desta vez: não tive a antecedência necessária, e por isso não pude aproveitar a carona com minha irmã. Mas quem sabe até o fim de março…? 😉

Dia-a-dia na fundación

Na primeira semana, o trabalho foi tranqüilo, porque na fundação estávamos somente Horacio (el jefe) e eu. Basicamente lia, escrevia e às vezes atendia ao telefone. Há muita procura pelos cursos oferecidos pela fundação – culinária, cultivo de fungos comestíveis, hortas caseiras e coisas do estilo. Em uma semana e pouco consegui produzir bastante, de sorte que já tenho 20 páginas de meu potencial trabalho de conclusão de curso. Meu horário de trabalho se consolidou – das 8:30 às 19:00. Tenho minha própria mesa, onde posso ligar meu computador e usar internet banda larga, principalmente para minhas comunicações (com orientador, professores, família) e consultas bibliográficas.

(Foto que Horacio sacou sem me dizer, logo se vê – senão não estaria assim tão sério!)

Agora, minha segunda semana de estágio, a equipe da fundação começou a voltar das férias. A gentil secretária Mercedes, uma senhora que me ajuda a revisar o castellano dos meus escritos, e Martín, um rapaz que também estuda economia e que trabalha na mesma sala que eu, são os mais assíduos. Também Mae, uma das intercambistas estadunidenses, passou a trabalhar na fundação em um programa de conscientização e comprometimento ambiental de candidatos a cargos políticos.

A bem da verdade, sinto falta de um pouco de sossego para realizar minhas tarefas, que requerem bastante concentração – ler e escrever! Mesmo assim, é divertido ter companhia, e nosso ambiente de trabalho é bastante descontraído. Particularmente, gosto do senso de humor comedido (quero dizer, na medida certa) de Horacio, e também da companhia de Mae, que tem mais ou menos a minha idade e, como eu, algumas dificuldades de comunicação. O almoço preparamos nós mesmos – Mae, Horacio e eu. Isto é: estou aprendendo a cozinhar, inicialmente comidas bastante singelas, é claro. Na verdade, para mim toda a vivência aqui tem sido uma grande aprendizagem – que por certo não se restringe à economia da mudança climática!

A loteria vocacional

Tendo estabelecido que eu não sou o máximo, posso dar seguimento àquela que um dia foi a narrativa de ontem e que, como percebem os leitores mais assíduos desse blog, pode muito bem ser chamada de a narrativa de outrora… e sempre.

A partir da minha seleção para a primeira conferência da ONU sobre o clima com participação jovem, quando estava ainda no primeiro ano do Ensino Médio, tudo mudou drasticamente. O contato direto com a mídia européia durante a conferência me fez pensar sobre a qualidade (nem sempre muito boa) da informação que se publica(va) no Brasil a respeito das mudanças climáticas. Estudando cada vez mais o tema, passei a escrever artigos para alguns jornais. Minhas atividades de escrita deixaram de ter um fim em si mesmas; passei a escrever tendo por fim a conscientização ambiental.

No ano seguinte (2001) fui convidado para a continuação da mesma conferência. Nessa oportunidade, tive mais uma boa dose de mídia. E mais: estabeleci contato com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) e passei a atuar como uma espécie de consultor jovem. Escrevi uma cartilha jovem sobre o clima, participei como relator de vários eventos pelo FBMC… pensando sempre em como comunicar melhor a mensagem da mudança climática, que no Brasil não tem o mesmo eco que encontra em outros países.

Mergulhado de cabeça nesses ideais, o Jornalismo passou a despontar no meu leque de opções profissionais. No terceiro ano, minhas atividades climático-jornalísticas relaxaram um pouco (afinal, estudei para o vestibular!), mas não foram deixadas de lado. E a idéia de fazer Jornalismo, diante de tantas experiências, crescia dentro de mim… Por outro lado, eu pretendia cursar Direito, para aprofundar-me em Direito Ambiental, já que a ciência da mudança climática não era pra mim.

Fiz um teste vocacional que media a probabilidade de ser feliz por realizar determinada atividade profissional. Resultado: área de literárias (97% ou algo tão absurdamente elevado quanto isso) e área de persuasivas (90%). Cursos sugeridos: Direito e Jornalismo. O teste me reforçou a certeza que eu já tinha e me permitiu continuar com a dúvida que eu também já tinha. (Não é uma maravilha? Não esperava milagre de um teste vocacional; ele fez tudo o que tinha que fazer! Até hoje dou graças a Deus, de verdade, por ter feito esse teste.)

Não por uma questão de herança familiar, porque nenhum de meus ascendentes se formou bacharel em Direito, mas minha família tinha como certo que esse era o curso para o qual eu prestaria vestibular. Não havia preconceito negativo contra Jornalismo, mas já estava estabelecido para todos que eu prestaria vestibular para Direito na UFPel e na UFRGS – para todos, menos para mim. A dúvida ainda me inquietava. A vontade de escrever, de comunicar… O Direito Ambiental…

A inscrição para o vestibular da UFPel já estava feita: Direito. Mas eu ainda tinha de ir aos Correios para fazer a inscrição para o vestibular da UFRGS… Ah, como eu adiei aquela ida aos Correios! Uma conversa com um grande amigo me fez ter uma idéia. Fui aos Correios. Quando voltei, avisei minha mãe que tinha feito a inscrição também na UFRGS. Para Jornalismo.

Acho que até discussão em casa eu tive – “como assim, Jornalismo?”. Mas não tinha mais volta. Era a única forma que eu tinha de empurrar para mais tarde a decisão : “se passar, decido o curso – ou não, porque posso não ter opção”. Foi uma espécie de loteria vocacional. Ganhei um prêmio, mas a loteria não serviu para nada – passei nos dois vestibulares. E agora, José?!

Ação individual = solução global

Conforme prometi no último post, aí está a “redação superbásica que garantiu minha seleção no concurso para a conferência do clima. Meu desafio é que alguém se atreva a dizer que há nela algo de extraordinário.” E não é um desafio retórico! (Risos)

Não é fácil correlacionar problemas mundiais, como efeito estufa e mudanças climáticas globais, por exemplo, e atividades de um só indivíduo. Por outro lado, não é difícil perceber que é através de ações individuais que se prejudicam populações inteiras. Todos são responsáveis por esses problemas, em grande ou pequena escala, e, por isso, devem contribuir para a criação de soluções, de maneira que o ambiente global não seja afetado e que a continuidade das espécies animais e vegetais, as quais a humanidade deve proteger, seja garantida. Mas como se pode ajudar?

O efeito estufa é um provável aumento da temperatura média da Terra em função do crescimento da concentração de certos gases (como vapor d´água, gás carbônico, metano e clorofluorcarbonos) que evitam a liberação da energia adquirida através dos raios solares. Esse aumento de temperatura poderá causar derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e inundação de cidades costeiras. Um exemplo de ação simples que se pode tomar para melhorar esse problema é diminuir o consumo, de forma a evitar desperdícios. O estilo de vida que lamentavelmente é tido como modelo é aquele de que desfruta a maioria dos habitantes da América do Norte e da Europa Ocidental, baseado essencialmente no consumo de produtos que, muitas vezes, são caros à natureza, como a energia elétrica. Segundo o Greenpeace, a produção e o consumo de energia são responsáveis por 57% da liberação de gases de efeito estufa. Os países norte-americanos e alguns da Europa Ocidental, apesar de representarem apenas 6% da população mundial, possuem um consumo de energia per capita muitas vezes maior que o da maioria dos países subdesenvolvidos, que representam 64% da população mundial.

Nos países desenvolvidos e também nos subdesenvolvidos em fase de industrialização, as emissões de gás carbônico causam espanto: ultrapassam, a cada ano, três toneladas por habitante. As principais causas dessas liberações excessivas de gás carbônico e de outros gases estufa, na ordem de importância e depois das atividades relativas à energia, são: o uso de CFCs e de fertilizantes, o desmatamento através de queimadas e as atividades industriais. Além do aumento da fiscalização, evitando as queimadas, o uso da tecnologia é um dos meios de se chegar às soluções, visando produzir energia e combustíveis menos poluentes, reduzindo a emissão de gases e aprimorando as atividades agrícolas. Convém salientar-se que a adesão ao transporte coletivo contribui para diminuir a poluição, uma vez que reduz a circulação de veículos menores.

Enfim, diante desses fatores, as pessoas devem ainda se perguntar: “O que fazer, então?”. Negar a culpa parcial que se tem pelas dificuldades que uma população ou mesmo o mundo inteiro enfrentam equivale a injustamente isentar-se da responsabilidade de ajudar. A palavra-chave para tudo o que foi exposto é: participação. O melhor que se pode fazer é manter-se informado sobre as atividades do Greenpeace e do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, sobre as notícias relativas às soluções até agora encontradas, bem como participar ativamente de campanhas pró-natureza e exigir dos governantes e industriais o respeito às leis ambientais. É, pois, através de ações individuais e de iniciativas regionais que se terá a solução dos problemas climáticos de âmbito global.